Os pobres são gente muito útil, motivam grandes ações de
caridade nas saídas dos supers, alimentam muitos provedores de santas
iniciativas, enchem os comícios, animam os jantares de lombo assado. Os políticos
disputam a sua liderança e não faltam os que se sentem os seus legítimos representantes.
Há toda uma indústria social e política especializada a cuidar dos pobres com
mais cuidado do que se fossem linces da Serra da Malcata.
Mas ontem saíu um relatório da OCDE sobre a pobreza, mas da
esquerda à direita, dos sindicatos às organizações de boas almas, não se ouviu
um único comentário, a mais pequena manifestação de preocupação. O tema do dia
até era a educação e esta está no centro da pobreza, mas mesmo assim ninguém
comentou.
Sejamos honestos, os partidos políticos são organizações de
ricos e de menos ricos porque quem é pobre tem de trabalhar todas as horas
disponíveis para compensar os seus “chorudos” salários mínimos. Os pobres são
bandeira e valem tanto para a classe política como as setas da bandeira do PSD.
Deles desde a Catarina Martins à Cristas apenas querem os seus votos.
É com alguma raiva e com vergonha que constato esta
realidade e faço este comentário. Esperemos que nas próximas eleições deixem os
pobres descansados.