Não há democracia sem respeito pelos direitos individuais e devem ser as polícias, porque defendem a legalidade, as primeiras a respeitar esses direitos. É por isso e não para defender os criminosos, como sugerem algumas personalidades, que há limites à ação das polícias, da mesma forma que há exigências quanto à validade das provas e às condições em que estas são obtidas ou produzidas.
Todavia, o aparecimento de novos crimes obrigou os legisladores a adotar regras específicas para determinados crimes de grande impacto. É o caso, por exemplo, do tráfico de droga, do terrorismo ou da fraude fiscal. Para estes crimes, pela sua complexidade, por envolver criminosos que podem estar em qualquer país e pelos meios que usam, as polícias têm poderes que não têm para o crime comum.
Todavia, nos últimos tempos parece que se alguém pregar um cagaço ao merceeiro de esquina corre um sério risco de ser acusado de terrorismo porque aterrorizou o pobre homem, de branqueamento de capitais porque escondeu algures numa conta bancáira os 100 euros que roubou e de fraude fiscal porque não declarou esses mesmos 100 euros para efeitos de IRS. Isto é, corre-se um sério risco de as polícias passarem a ter poderes ilimitados.
Chamar ao que sucedeu em Alcochete de atentado terrorista só porque uns idiotas taparam a cara e pregaram um cagaço ao pessoal do SCP merece uma gargalhada. As imagens parecem ter sido tiradas na Síria, o fumo no balneário faz lembrar o pó no ar depois d uma bomba barril ter sido lançada por um avião Sírio e até as armas encontradas nos automóveis dos imbecis faz-nos imaginar muitas AK 47.
Mas convenhamos que nem há a certeza de que os meliantes era assim tantos, aliás, não há imagens que permitam contá-los, as vítimas não era crianças sem capacidade física para repetir, nem era assim tão poucas e as consequências não passaram de três pontitos na testa de um jogador. Se chama a isto terrorismo terão de chamar guerra mundial quando enfrentarem um atentado terrorista a sério.
Talvez a populaça quisesse castigos, ainda que as medidas de coação não sejam propriamente penas, mas a verdade é que para que a justiça não seja feita pela populaça que há juízes e mal estaremos se os juízes passarem a fazer as vontades aos sentimentos imediatos e manipulados. A prisão preventiva dos imbecis da claque do Sporting é uma medida demasiada pesada para o que sucedeu e chamar a isso um atentado terrorista só merece uma gargalhada.
