O PCP colocou outdoors a defender que a “saúde é um direito, não é um negócio” e agora é a vez do BE vir a reboque com o deputado e dirigente Moisés Ferreira a declarar "O Bloco de Esquerda lança o repto: este é o momento para ter coragem. É tempo de instituir a Saúde como um direito e fechar a porta aos que querem fazer da saúde um negócio".
Isto não passa de pura demagogia, como não é também demagogia pura e dura dizer que "Se não falta dinheiro para acorrer a bancos ou para sustentar o negócio dos grupos económicos na saúde, então, por maioria de razão, não poderá faltar dinheiro para construir um SNS que garanta todos os cuidados de saúde a todas as pessoas".
Segundo esta lógica teremos de dizer que “a alimentação não é um negócio, é um direito”, que a habitação, o ensino, a energia, a higiene e quase tudo o mais são direitos. Com alguma criatividade o transporte e, por tanto, ter carro também é um direito, da mesma forma que as férias também podem ser incluídas no pacote dos direitos que por o serem não devem ser negócios.
O que pretende o deputado? Que para a semana encerrem todos os hospitais privados e todos os sistemas privados de saúde, dos seguros à ADSE, para que todos os portugueses sejam dirigidos para as urgências e os serviços de saúde? Sejamos honestos, sem os privados o SNS sofreria um colapso no dia seguinte.
Uma boa parte dos portugueses não recorre ao SNS, muitos nasceram e vão morrer sem que alguma vez tenham médico de família, há mais de trinta anos que pago impostos e até hoje não recebi uma única carta a dizer que este é o seu serviço de saúde e o seu médico de família é fulano de tal. Só em situações d extrema urgência recorro aos serviços de saúde.
A realidade é esta e discutir o problema com baboseira ideológica apenas serve para enganar os portugueses. É bom que o SNS melhore, da mesma forma que desejamos que melhorem as escolas, as estradas e todos os bens e serviços públicos, mas não porque o país teve de enfrentar uma crise financeira e refinanciou os bancos que agora os recursos passaram a ser ilimitados, antes pelo contrário, Portugal está hoje mais pobre.
Sejamos honestos e sérios, deixemos de discutir as soluções num quando mental e ideológico típico da primeira metade do século XX.