terça-feira, fevereiro 17, 2015

A oportunidade perdida do Syriza

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O Syriza chegou ao poder e começou a fazer exigências e ameaças com o pressuposto de que os eleitores e os governos gregos não tivessem qualquer responsabilidade na crise financeira, fica-se com a sensação de que até á chegada do Syriza a Grécia foi gerida por um governo fantoche lá colocado pela EU que durante anos esbanjou os recursos públicos até conduzir o país a uma situação de ingovernabilidade.
  
Quem ouve os responsáveis do Syriza fica com a sensação de que as últimas eleições foram uma espécie de 25 de Abril e que os eleitores gregos não só fize4ram as escolhas no seu país como foram investidos em poderes transnacionais e o seu voto passou a ter poderes de natureza constitucional nas instituições europeias, bem como poderes de excepção sobre os recursos financeiros dos parceiros europeus.
  
As eleições gregas foram um sinal de esperança, com a Grécia a soçobrar em consequência de uma política económica muito questionável era a oportunidade de conduzir a Europa a um debate sobre as opções que tinha tomado. Até Obama achou oportuno intervir neste debate, esquecendo o quadrante ideológico de um governo grego assente numa aliança absurda entre a extrema-esquerda e a extrema-direita.
  
Mas lá como cá, a esquerda conservadora tem uma certa tendência para a arrogância e em vez de colocar o problema no quadro de um debate económico optaram por radicalizar o discurso fazendo ameaças a tudo e a todos. De um lado tínhamos o Syriza a fazer chantagem sobre a Alemanha e os seus aliados e lembrando a Portugal que se a opção fosse o suicídio a Grécia não se afundaria sozinha. Do outro lado ficou o ministro alemão das Finanças e os seus paus mandados ibéricos, lembrando alianças oportunistas de outros tempos. 
  
O Syrisa acha que tem direito ao dinheiro dos parceiros europeus, isto depois de os governos gregos terem levado o país à bancarrota e apesar de uma reestruturação da dívida que não impediu que o país esteja novamente na bancarrota. É óbvio que a política de austeridade foi um erro, mas também é óbvio que essa política não é a única responsável pela tragédia da Grécia.
  
Ao optar pela chantagem e pela arrogância a extrema-esquerda grega está dando uma ajuda preciosa à senhora Merkel e à direita conservadora da Europa, deixando a esquerda numa situação muito difícil quer para apoiar a Grécia, quer para forçar uma mudança de rumo. A extrema-esquerda teve mais olhos do que barriga e depois do charme de um cachecol velhinho tudo volta ao primeiro ponto, ou o governo grego recua na sua chantagem ou aceita a chantagem dos alemães e dos seus obedientes seguidores.