quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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"Melior est die mortis die nativitatis" (melhor é o dia da morte, que o dia do nascimento)

Capela dos Ossos, Évora


Já que há tanta gente a arrastar-se por Évora sem nada para fazer sugere-se que em vez de incomodarem os vivos, visitem os outros na Capela dos Ossos, onde poderão ler  o poema sobre as caveiras e reflectir sobre a sua pobre existência:

As caveiras descarnadas
São a minha companhia,
Trago-as de noite e de dia
Na memória retratadas
Muitas foram respeitadas
No mundo por seus talentos,
E outros vãos ornamentos,
Que serviram à vaidade,
E talvez…na eternidade
Sejam causa de seus tormentos.
  
 Jumento do dia
    
Assunção Cristas

Só o ministro da Economia já deve ter gasto mais dinheiro em viagens a feiras para aparecer nas televisões do que a ministra Assunção Cristas gastaria para Portugal estar presente na Expo 2015, em Milão. Mas a ministra deve ser uma pessoa muito tacanha e achou que oito milhões de euros mais algumas despesas era dinheiro mal empregue na promoção de Portugal.

Fez bem, com tantas viagens pagas pelos contribuintes que a ministra das Finanças gasta com as suas idas a Berlim, para que o governo português possa lamber as botas de Wolfgang Schäuble, para não falar das muitas idas de Paulo Portas às missas no Vaticano, tem de se poupar nalgum lado, nem que seja na promoção da imagem de Portugal e do seu sector agrícola. Até porque com tanto Paulinho nas feiras e a rechonchuda ministra a aproveitar a oportunidade para se colar ao sucesso das empresas que procuram no estrangeiro o mercado que deixaram de ter em Portugal, não precisamos de estar em Milão.

 Diário do Caso Sopeira

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Uma nota prévia,

Seria presunção designar esta sequência de posts por Diário de um Marquês, ao contrário dos nossos magistrados não tenho o dom da criatividade nem gosto de usar a personalidade ou imagem de alguém. Seria mais lógico inspirar-me num qualquer programa televisivo de baixo nível, como o Secret Story da TVI, daí a escolha do título. Portanto, qualquer semelhança na linguagem, no brilhantismo intelectual, na forma de vestir ou na limpidez do pensamento com qualquer personagem da justiça portuguesa é mera coincidência.
  
Agora que estão desfeitos quaisquer equívocos vamos ao que interessa, numa altura em que para descanso dos portugueses Sócrates já foi retirado para Évora por obra e graças ao juíz Alexandre. Quando logo pela manhã li a primeira página do Correio da Manhã lembrei-me das declarações da nossa procuradora-adjunta e fiquei convencido de que Sócrates iria dormir à Braamcamp. 
  
Disse a nossa procuradora que está escrito nos manuais que nestes crimes de colarinho branco a defesa usa o poder económico para fazer sarrabulho na comunicação social, daí as supostas violações do segredo de justiça ue só servem para prejudicar a defesa. Seguindo este pensamento cristalino pensei com os meus botões, se a defesa comprou a primeira página do CM com os seus recursos financeiros ilimitados é porque o homem vai ser libertado.
  
Não por quanto é que o CM vendeu a primeira página com o objectivo de prejudicar a investigação, mas para descanso de todos os procuradores venceram a mentira e não se deixaram influenciar pela manobra. O jornal mentiu pois não sabia de nada, mas por coincidência noticiou a verdade, talvez não seja a verdade da justiça, a chamada verdade processual, mas informou a verdade. Estão os dois de parabéns, o CM por que informou a verdade e a justiça porque não se deixou influenciar pela manobra do poder financeiro.

 A evolução no Caso Marquês

O motorista foi preso porque supostamente transportava notas, agora ficou em liberdade porque supostamente transporta recados.

 Dúvidas que um candidato a primeiro-ministro devia ter

Aos poucos o Banco de Portugal vai limpando o Novo Banco de tudo que lhe retira valor, há tempos foi um financiamento do Goldman Sachs que foi transferido para o banco mau, agora foi o papel comercial do GES vendido pelo BES aos seus clientes, duas operações que limparam mais de mil milhões de euros do passivo. Desta forma um dia destes o Novo Banco até vai dar lucro para que Passos Coelho e a ministra das Finanças possam exibir o milagre.

O problema é que um dia destes são mais os milhares de milhões que estão em litígio e que o Estado vai ter de pagar mais tarde, do que o valor pelo qual io banco vai ser vendido. Um candidato a primeiro-ministro já devia ter exigido ao Banco de Portugal e ao ministério das Finanças que informe sobre quantos milhares de milhões de euros estão sendo escondidos nos tribunais e que terão de ser assumidos pelo futuro governo.

Esperemos que António Costa faça estas e outras perguntas entre duas viagens a Badajoz ou a Madrid.

 A evolução da justiça

Dantes tinha-se medo dos polícias e não se confiava nos magistrados. Agora não se confia nas polícias e tem-se medo dos magistrados.

      
 Mais um "corta!" inteligente
   
«A Expo Milão 2015 vai acontecer de 1 de maio a 31 de outubro. Ontem, soube-se que Portugal não estará representado. O governo tem uma desculpa, o pavilhão custaria oito milhões e estamos de tanga. E, seja dito, é bom saber que não vamos estar numa coisa que mete a construção de um pavilhão e vai abrir daqui a dois meses. Se fosse anunciado, ontem, "vamos à Expo de Milão!", então é que seria caso para ficarmos atrapalhados, não? Mas a verdade é que falhámos uma montra mundial aqui tão perto. É grave? Pois, não é. As Expos têm tema (a de Lisboa"98 foi os Oceanos) e o tema da Expo Milão 2015 é sobre o Diabo-da-Tasmânia. Que raio íamos meter nas prateleiras do pavilhão? Que calçado e cortiça temos inspirados em marsupiais? O mais que nos podíamos vangloriar seria isto: somos dos países mais nos antípodas do diabo-da--tasmânia. Avisada, pois, a decisão de pouparmos oito milhões. Outra coisa seria se a Expo Milão 2015 fosse dedicada, sei lá, à Alimentação do Planeta. Aí, já poderíamos expor, como poucos, o passado: fizemos o milho, a batata, a mandioca passear por continentes. Poderíamos expor o presente: temos uma cozinha surpreendente, sabemos de peixe e de grelos como ninguém. E poderíamos expor o futuro: no inverno podemos produzir vegetais que só aparecem meses depois nos mercados europeus (e de Milão)... Mas não, a Expo é sobre o diabo-da-tasmânia. Foi de mestre não irmos.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.


 Um mau argumento de Costa
   
«O exemplo foi dado com os olhos postos na União Europeia, mas servirá como uma explicação indirecta para as escusas do líder do PS de fazer promessas concretas para um futuro governo socialista. “Como se tem visto nas últimas duas semanas, é um erro definir uma estratégia nacional que ignore a incerteza negocial e se bloqueie numa e só numa solução”, defendeu António Costa na Lisbon Summit, organizada pela revista The Economist.

“Numa União a 28, como é evidente, não é possível prometer um resultado que depende de negociações com várias instituições, múltiplos governos, de orientações diversas”, afirmou António Costa, rejeitando que os “desequilíbrios da magnitude dos actuais no seio de uma união monetária relativamente fechada possam ser resolvidos unicamente do lado dos países deficitários”. O secretário-geral socialista nunca se referiu, porém, à Grécia. E à saída recusou mesmo falar com os jornalistas sobre o assunto.

“O que é essencial é identificar correctamente os problemas, assumir a determinação de os enfrentar e ter a capacidade necessária para construir as alianças que permitam as soluções viáveis, trabalhando as várias variáveis possíveis”, acrescentou, logo a seguir, António Costa.» [Público]
   
Parecer:

António Costa usa o caso da Grécia para concluir que nada se pode prometer antes de negoicar (ou pedir autorização?) aos parceiros europeus. Não foi isso que fez a Grécia pois ainda hoje mandou uma lista de medidas da sua iniciativa, em substituição de medidas que lhe tinham sido impostas. Quem se tem escondido atrás das imposições externas é o governo da direita.

Nada impede Costa de opinar pois defender esta ou aquela solução não é prometer e os portugueses não são burros para não saberem distinguir entre uma mentira e uma impossibilidade. Costa devia, por exemplo, dizer se vai governar respeitando a Constituição ou se vai prolongar o sacrifício de alguns portugueses enquanto lhe der jeito.

Por este andar em vez de ouvirmos António Costa devíamos pedir ao Juncker que venha a Portugal dizer aos portugueses qual vai ser o programa do governo, pouco importando se o primeiro-ministro é Passos Coelho ou António Costa.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Exijam-se posições claras a António Costa.»

   
   
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