O fim do cavaquismo
Não deixa de ser curioso que a primeira página do Expresso destaque a recusa de três cavaquistas em participar no governo, segundo o semanário Eduardo Catroga e Vítor Bento terão declinado o convite, uma notícia equivalente ao “agarra-me senão bato-lhe. A verdade é que o cavaquismo está ausente do governo, como esteve ausente da segunda semana da campanha eleitoral.
Os universitários
Passos Coelho tem um tique em comum com José Sócrates, possuidores de diplomas universitários que não valem o custo do papel em que são impressos parece ter um fraquinho por doutores com currículo académico, Sócrates fundamentava todas as suas medidas em estudos de catedráticos, Passos Coelho transformou o governo numa reitoria. Vai ser interessante ver o ministro das Finanças a explicar as suas propostas a Passos Coelho como se estivesse a explicar a coisa a uma criança de quatro anos.
Muito apreciados na direita portuguesa são os diplomas tirados do outro lado do Atlântico, o Moedas tem-se armado em economista com um MBA pago em Harvard, um curso acessível a um aluno mediano de uma boa escola portuguesa desde que tenha dinheiro para pagar, o futuro ministro da Economia anda há meses a dar lições ao país desde a sua universidade da divisão de honra das universidades americanas. E até o Paulo Macedo à falta de melhor exibe uma pós graduação em fiscalidade mais um daqueles cursecos que as universidades vendem a quadros de empresas.
Agricultura
É curioso que ao referirem-se ao currículo da futura ministra da Agricultura os jornais apontem para um facto muito relevante, a senhora tem três filhos. Para se perceber bem a relação entre o número de filhos e a pasta da agricultura teremos de nos recordar de quando o falecido Salgado Zenha era ministro das Finanças do IV governo provisório e disse que se tinha apercebido da carestia de vida quando foi com a esposa ao mercado, imagino que a sensibilidade para a agricultura tenha surgido na futura ministra quando começou a ter que alimentar tanta boca.
Saberá Deus porquê Paulo Portas tem a mania de ter sempre ao seu lado uma mulher modelo, no governo de Durão Barroso o modelo de todas as virtudes era Celeste Cardona, agora a super-mulher que inspira o líder do CDS é Assunção Cristas por quem se apaixonou durante a campanha contra o aborto assunto que como todos sabemos tem muito que ver com a agricultura, até porque estamos num tempo em que os agricultores aguardam pela ajuda europeia por causa dos prejuíos na produção de pepinos e tomates.
Saúde
Por falarmos em abortos temos Paulo Macedo na Saúde, não porque esteja a avaliar o futuro ministro mas porque sendo ele um admirador de São Josemaria Esccrivá de Balaguer vai pôr os nervos em franja aos que defenderam a despenalização do aborto. Curiosamente Paulo Macedo é filho do falecido artista plástico e poeta Moita de Macedo, homem de preocupações sociais que era neto de um republicano e deputado à I Assembleia Constituuinte e governador civil de Santarém.
Apresentado como uma vedeta da gestão veremos se consegue fazer o milagre que fez na DGCI, transformar parcos resultados recorrendo à propaganda.
Economia
O futuro ministro da Economia distinguiu-se pelos artigos que ignorando as circunstâncias usava os indicadores económico para diabolizar José Sócrates. Certamente não vai voltar a escrever artigos com a mesma falta de rigor pois o seu futuro colega das Finanças não gostaria, vai é ter que mostrar que um ministro que desconhece o país e habituado aos valores de uma sociedade bem diferente da Europa consegue entender-se em Portugal até porque tanto quanto se sabe não tem qualquer experiência que não seja a de professor numa universidade americana.
Nos Negócios Estrangeiros
Sabendo-se que Cavaco Silva é um apreciador de bolo-rei, tão apreciador que come esta iguaria lisboeta de forma compulsiva, é certo que o Presidente da República vai ter de degustar as fatias com mais cuidado, desta vez vai sair-lhe a fava.