quinta-feira, junho 09, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Mosca, Castelo de São Jorge, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Velame do Navio-escola Sagres [A. Cabral]
    
Jumento do dia


Belmiro de Azevedo

Toda a gente sabe que se José Sócrates tivesse ajudado a SONAE a comprar a PT ao preço da uva mijona e se decidisse pela construção do novo aeroporto de Lisboa nas imediações de Tróia (suficientemente perto para o projecto ter um aeroporto exclusivo e suficientemente longe para não incomodar os condóminos e clientes) o eng. Belmiro de Azevedo não teria participado tão activamente na campanha eleitoral. E se Sócrates tivesse decidido privatizar a ANA e entregá-la à SONAE por adjudicação directa até seria convidado para presidente honorário do grupo de Belmiro de Azevedo.
 
Mas as coisas não correram bem a Belmiro, Sócrates não era o banana que se pensava quando foi convidado para a botanada de Tróia e o doo do grupo SONAE não enriqueceu ao ritmo acelerado dos tempos da privatização do BPA. Agora o hiper-merceeiro anda a dizer alarvidades convencido de que os portugueses lhe dão ouvidos.
  
 Uma dúvida

Quando o próximo governo tomar posse teremos de apresentar a prova de que votámos no passado dia 5 com condição para o criticar? A crer nas palavra do Presidente da República tudo leva a crer que sim, assim um visitante d'O Jumento solicitou aos serviços da Presidência da República que lhe indicassem que tipo de prova deveria apresentar quando pretendesse exigir mais do governo.
 
  

Enviou para a Presidência da República a seguinte mensagem:

 
«Exm.º Senhores



Tive em muito boa conta a declaração de Sua Excelência o Presidente da República na sua comunicação oficial do passado dia 4 de Junho informando os portugueses de que “só quem vota poderá legitimamente exigir o melhor do próximo governo”.


Receei que não votando perderia a legitimidade e, por conseguinte, o direito político de exigir mais ou mesmo muito mais do próximo governo, pelo que me questiono agora como poderei provar aos meus concidadãos que mantenho intactos os direitos constitucionais, designadamente o direito à participação política.


Assim, venho solicitar a emissão de um certificado que sirva de prova de que não perdi o direito a exigir mais do próximo governo ou que me informem sobre qual prova devo apresentar e onde a posso obter.


Com os melhores cumprimentos»

Agora aguardamos uma certidão ou o competente esclarecimento.  
  
 Lembram-se do cheque-pobres proposto por Diogo Leite Campos?

Pois, o professor já está a fazer render a ideia. E onde está a fazê-lo?
 
  
E o que é a Edenred? É o maior grupo europeu de cartões de serviços e de cheques pré pagos!
  
O que pensa a Edenred sobre os subsídios do Estado? A Edenred explica:

«O dinheiro dos contribuintes muitas vezes é mal gasto! Os benefícios sociais são um exemplo disso.

Actualmente, o dinheiro que o estado despende com subsídios diretos aos contribuintes, como é o caso do subsídio de refeição, apoio à educação, despesas com saúde, subsídio de transporte, em vez de contribuir para uma coesão social e para uma racionalização económica, tem um efeito precisamente contrário.

A titularização destes benefícios, que não é mais que condicionar cada euro gasto à sua finalidade, traria ganhos imediatos. Fiscais, sociais e económicos.

Tudo à distância de uma simples alteração legislativa.»
 
Ora aí está, nada mais fácil, tudo à distância de uma simples alteração legislativa, isto é, de uma mera assinatura! Bem, mas o texto não é da Edenred, é a síntese de uma intervenção de Diogo Leite Campos num almoço (que não foi pago com cheques da Edenred...) da Edenred.
 
Não admira que o presidente da Edenred defenda a medida em declarações à RTP:
 
«Em entrevista à agência Lusa, Jacques Stern realça que o dinheiro pago pelas empresas em subsídios de alimentação "pode ser usado numa refeição mas também noutras coisas", motivo pelo qual o uso de cheques-refeição, que poderiam inclusive ter um valor maior que o do subsídio, "é muito mais eficiente do ponto de vista médico e da própria refeição" em si.

"As pessoas fazem a pausa de qualquer forma, não comem uma sandes de forma rápida", diz. Com um cheque-refeição, "a saúde é preservada e a produtividade [laboral e económica] é reforçada", acredita o responsável da Edenred, que se encontra em Portugal durante esta semana num encontro com responsáveis dos 40 países onde a empresa atua. » [RTP]
 
Agora é só esperar que Passos Coelho faça a tal assinatura que não custa nada fazer e explique a medida dizendo que os pobres e desempregados são uns malandros e alguém tem de cuidar da forma como gastam o dinheiro.
 
Afinal, há uma ligação entre Diogo Leite Campos e antes de o vice-presidente defender a senha de compras para os pobres já tinha ido a um almoço organizado pela principal empresa interessada no negócio apregoar que bastava uma assinaturazinha. Como o prof. Diogo Leite Campos não é um sociólogo nem pertence à AMI, é um fiscalista que cobra muito bem o seus serviços, seria interessante saber qual a sua ligação à Edenred. Não sei porquê, recordo-me de um conhecido pediatra que fez a vida de um governo num inferno exigindo a vacinação contra a meningite e depois veio a saber-se que recebia comissão pelas vacinas.
 
A ligação de Diogo Leite Campos À Edenred parece ser mais antiga pois de vez em quando aparece a defender os cheques vendidos por aquela empresa, sempre muito preocupado com a despesa do Estado e a forma como é gast o dinheiro pelos beneficiários de apoios sociais. Já em Outubro de 2010 tinha participado noutra conferência, dessa vez sobre o "cheque creche" da Edenred, onde disse coisas muito agradáveis para os ouvidos desta empresa:

«"Quando se dá um subsídio de refeição é preciso que o beneficiário coma a refeição. Quando se dá um subsídio de creche é preciso que as crianças vão efetivamente para a creche. Quando se dá um subsídio para o idoso é necessário que beneficie efetivamente desse subsídio para alojamento e saúde", exemplificou, realçando que isso também permite o desenvolvimento de serviços e a criação de empregos.
 
Considerou também um "desperdício" que a administração central e local, empresas e instituições atribuam subsídios sociais "sem a garantia de que essa atribuição vai alcançar o fim social a que se dirige".» [Edenred]

Não me incomoda que existam as senhas e cartões para pagamento de serviços, é uma forma de pagamento absolutamente legal e no passado já teve alguma expressão em Portugal, deixou de a ter devido a alterações legislativas em sede de IRC. O que é moralmente inaceitável é usar a pobreza e insinuar que os pobres são uns descuidados a gastar o dinheiro para promover um negócio que, como se pode ver nas declarações do vice-presidente do PSD envolve muito mais do que o rendimento mínimo. Tenha pudor senhor professor!
 
Enfim, este país de que dizem estar na bancarrota ainda tem muito dinheiro para dar de ganhar aos amigos do poder.
 
 A saída à BE
 
Se alguém esperava que da reunião da comissão política do BE saísse alguma crítica a Louçã enganou-se, e enganou-se porque não sabe que líder comunista que se preze ou não perde eleições ou quando a perde a culpa nunca é dele. António Rosas já teorizou sobre a infalibilidade de Louçã, o líder do BE não perdeu por culpa própria, são os comentadores da direita que querem ajustar contas com Louçã:
 
«O coro dos comentadores da direita parece querer transformar o rescaldo eleitoral num ajuste de contas raivoso com Francisco Louçã. Não se iludam. A direita quer duas coisas: silenciar o porta-voz desta esquerda subversiva e firme na denúncia da ordem estabelecida e, com isso, sonha mudar a cor do BE. Fingem não perceber que neste partido, em lutas desta envergadura, não há responsabilidades individuais. Nem nas vitórias, nem nas derrotas. Creio que é preciso sabermos ser nós, colectivamente, a fazer este balanço sempre com o objectivo de atingir uma unidade superior em torno de uma política adequada. O balanço das eleições tem de se fazer não nos jornais mas nos órgãos democraticamente eleitos pela Convenção. É a diferença entre ser a direita a fazê-lo ou o nosso colectivo do BE.» [Esquerda.Net]

Pois, a direita quer ajustar contas com Louçã por este ter ajudado a direita na comissão parlamentar de inquérito do caso TVI, pela aliança sistemática com a direita em quase todas as votações parlamentares e por ter ajudado a direita a derrubar o governo votando contra o PEC IV.

O BE decidiu propor uma auditoria à dívida, isto é, auditoria às contas eleitorais de Louçã nem pensar.
  
Depois de ter ajudado a enterrar José Sócrates e com ele a esquerda portuguesa o BE tenta agora organizar a missa do sétimo dia. E de missa em missa o sacristão lá se vai escapando de ir à confissão.
 
 Quanto vale Paulo Portas?

Para Passos Coelho vale o número de deputados de que precisa para ter a maioria absoluta, mas para o próprio Paulo Portas vale quase um terço do PSD, isto é, vale pelos votos que teve. Portas tem razão, não vai dividir o grupo parlamentar em dois, os que estarão sempre ao lado do PSD nas votações e os que foram considerados necessários na avaliação de Passos Coelho e por isso podem voar ao lado da oposição. Por outras palavras, Paulo Portas tem direita a um quarto das pastas governamentais e de todos os cargos de nomeação política, designadamente, directores-gerais e subdirectores-gerais da Administração Pública, bem como gestores das empresas públicas.
 
Em política as coligações são como tudo na vida, têm o seu preço.

 Quem vai ser ministro?

É divertido ver os palpites e os critérios seguidos para adivinhar quem vai fazer parte do próximo governo. Também tenho um palpite, a não ser que algum grupo económico subsidie algum dos seus quadros o melhor critério para adivinhar quem vai ser ou, melhor, quem aceita ser ministro é saber quanto ganham no sector privado. Alguém acredita que Lobo Xavier ou Nogueira Leite e muitos outros que deram a cara por Passos Coelho estão agora dispostos a prescindir dos seus rendimentos para passarem a ganhar menos do que o contabilista das suas empresas?

 Será o fim de uma guerra civil?

 
A SIC que nestes tempos deverá andar muito bem informada garante que o CDS e o PSD já estão a negociar, o que é motivo de tranquilidade, podemos parar de morder as unhas pois haverá fumo branco, só resta saber se sairá da chaminé da São Caetano à Lapa ou no Largo das Caldas, esperemos que esta grande divergência não leve o país à bancarrota.
 
Mas a SIC informa mais, o problema deve ser mais grave do que uma guerra civil, as negociações são em local secreto. Fazem bem, Sócrates ainda é primeiro-ministro em exercício e a crer na opinião de Durão Barroso tem plenos poderes para fazer o que entender, portanto, é melhor ter cuidado, não vá o diabo tecê-las e a sala onde decorrem as negociações estar cheia de aparelhos de escuta.
 
Sim, porque isto das negociações entre CDS e PSD não é como a Lady Gaga, não é para ver tudo, o que em português equivale a dizer que não é da Joana.
 
 Ironia do destino 

Na primeira cerimónia oficial a Pedro Passos Coelho vai assistir, ainda como futuro primeiro-ministro eventualmente indigitado, irá ver e ter de aplaudir precisamente a senhora contra a qual se bateu nos tempos da JSD (lembra-se do "não pagamos" com letras nos traseiros?) e que suscitou a aversão que Cavaco Silva tinha por ele (será que deixou de ter?), que mais recentemente o saneou das listas de candidatos a deputado, que promoveu uma candidatura alternativa à liderança do PSD (com o envolvimento de gente de Belém) e que ainda há dias foi a um comício de Passos Coelho dizer que não queria saber quem seria o primeiro-ministro, o que desejabva era ver-se livre do Sócrates, aquele maldito que não seguiu a ordem dos nomes propostos por Cavaco para a presidência da CGD e escolheu Faria de Oliveira.
            

 A coisa começa bem

«O PSD e o CDS decidiram criar duas equipas de trabalho que vão preparar "de forma reservada e de forma tão célere quanto possível" uma proposta de acordo político e uma proposta de acordo programático que "servirá de base ao futuro programa de Governo".» [Público]

Parecer:

Quem pediu um governo em menos de dez dias?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco Silva.»
  
 Banca alemã disponível para a reestruturação da dívida grega
  
«O "Diário Económico"avança a notícia de que a Associação de Bancos Alemães considera que prolongar as maturidades da dívida pública da Grécia é "uma das soluções possíveis" num novo pacote de ajuda para combater a crise de dívida soberana na Europa".
 
Segundo o presidente do grupo, Andreas Schmitz, citado pela Bloomberg, "uma eventual e necessária reestruturação da Grécia só pode ter lugar numa base voluntária" no sentido de evitar um contágio a outros países europeus que enfrentam o mesmo tipo de crise, como Portugal e Irlanda.
 
A posição da banca alemã surge depois de Wolfgang Schaeuble, ministro das Finanças da Alemanha, ter enviado uma carta a Jean-Claude Trichet e aos restantes ministros das Finanças europeus a defender a reestruturação da dívida helénica pelo adiamento das maturidades em sete anos.» [DN]

Parecer:

Isto é uma dica para Pedro Passos Coelho que tem aqui uma saída para o caso de falhar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Passos Coelho, Cavaco Silva e Paulo Portas.»
  
 Congressista maroto e ... idiota

 
«Durante mais de uma semana, o congressista Anthony Weiner negou ser o protagonista misterioso das fotos semipornográficas que invadiram televisões, jornais e Internet. Uma delas, tirada à zona genital, revela um pénis ereto escondido sob umas cuecas cinzentas justas .
 
A última imagem, publicada ontem, mostra o tronco nu de um homem musculado sentado à secretária. Em pano de fundo, há uma série de molduras com fotos de Anthony Weiner ao lado de pesos pesados da política americana, caso do ex-Presidente Bill Clinton.
 
Aos 46 anos, o congressista democrata eleito pelo círculo eleitoral do Brooklin, Nova Iorque, era uma das figuras mais promissoras da política americana. Parlamentar brilhante, Anthony Weiner era apontado como o futuro presidente da Câmara de Nova Iorque.
 
Para dourar ainda mais o cenário, Weinner, um judeu da cidade, casara-se há um ano com a bela Huma Abedin, uma muçulmana de 34 anos, assistente de Hillary Clinton. Huma sabia que o marido tinha uma certa queda para a pornografia online. Weiner prometeu mudar.» [Expresso]
    
 Não foi preciso esperar muito

«Juízes e magistrados do Ministério Público partilham a ideia de que já há uma lei que se aplica a estes casos, a Lei 34/87. Para António Martins, Presidente da Associação Sindical dos Juízes, esta abrange titulares de cargos públicos. O artigo que sublinha é o nº 7, que "até nos pode arrepiar", pois prevê o crime de traição à Pátria e "cujos pressupostos se podem questionar numa situação em que um país perde independência. Não é só a invasão do território nacional que provoca a perda da independência , a perda de independência económica também pode ser vista desta forma". Esta Lei é "suficientemente elástica para se poder aplicar a situações em que titulares destes cargos, por acções ou omissões, possam ser responsabilizado civil ou criminalmente". António Martins afirma isto sem qualquer "tom persecutório ou a defender a sua aplicação a um caso em concreto", não é necessário que se aplique a uma só pessoa.
 
Mas "a ideia de que em Portugal não pode acontecer o mesmo que na Islândia" pode não ser bem assim. Tem que existir legislação que permita responsabilizar civil ou criminalmente condutas que sejam lesivas do país. A ideia de que a responsabilidade política esgota tudo é redutora e limitativa." E "pode ser utilizada como desculpa. João Palma entende que as eleições não são castigo "suficiente". À imagem e semelhança do que diz António Martins, chama a atenção para o facto de a responsabilidade civil e criminal dos titulares de cargos públicos já estar prevista pela Lei 34/87, de 16 de Julho. Não subscreve a escolha do crime de traição à pátria, embora não deixe de se sentir "surpreendido" por muitos juristas dizerem o contrário de algo que já está prevista na Lei.» [i]

Parecer:

Será que os magistrados também vão propor que sejam levados a julgamento os deputados que votaram contra medidas de austeridade indispensáveis ou quem comprou submarinos?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Cadilhe defende imposto extraordinário e venda de submarinos
«Miguel Cadilhe avançou, em entrevista à Rádio Renascença, com uma série de medidas para baixar a dívida portuguesa.

O ex-ministro de Cavaco Silva sugere a venda dos submarinos comprados à Alemanha e um imposto extraordinário sobre a riqueza líquida.

"Recomendo vivamente a venda dos submarinos aos alemães que nos forneceram quando nós não tinhamos condições para comprar. A Alemanha que hoje é tão severa para connosco deveria ter, na altura, ponderado", disse Cadilhe à Renascença.

Miguel Cadilhe defende também um imposto extraordinário, aplicado de uma só vez, para abater a dívida pública. Este deveria incidir sobre a riqueza líquida, como depósitos, imobiliário, acções e obrigações.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Concordo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se a proposta a Passos Coelho.»