Com um primeiro ministro africanista, um ministro da Economia que quer transformar Portugal na Flórida europeia, um secretário de Estado inglês e mais uns quantos portugueses percebe-se que a grande falha do governo de Passos Coelho é mesmo o imperdoável esquecimento dos chineses. Até ao momento e apesar do regime de aguaceiros com que estão a cair secretários de Estado falta o famoso chinês na equipa de Passos Coelho. Imaginem só o sainete que daria o primeiro-ministro quando fosse à China em classe executiva (porque isso de fazer longas viagens em turística quase nos impede de voltar a ter filhos e como se sabe esse ainda é um dos seus desejos) e abrir o discurso oficial dizendo a Hu Jintiao que não só é o mais africanista dos governantes europeus, mas também o mais chinês.
Os charters vindos da China fariam fila atrás dos charters vindos da dos países nórdicos de velhos nórdicos a tiritar de frio. Aí sim que Passos Coelho voltaria a pedir ajuda ao prestimoso Durão Barroso para arranjar uns trocos e contaria com a cooperação activa de Cavaco Silva para explicar aos portugueses que era mesmo urgente construir o aeroporto de Alcochete. Imaginem só as filas de chineses junto à Zara da Rua Augusta! O António Costa até fechava a Avenida da Liberdade só para que os chineses conseguisse chegar ao Parque Eduardo VII para apreciar o monumento fálico ali mandado erigir por João Soares, o terceiro da dinastia Soares.
Aliás, para que os chineses nos resolvessem os problemas bastaria que cada um deles comesse um pastelinho de Belém dia sim dia não, dividam os trezentos e sessenta e cinco dias do ano por dois e multipliquem por um bilião e meio e vão ver quantos pastéis de nata são, qualquer coisa como 273.750.000.000 pastéis de nata. Imaginem que os vendemos a cinquenta cêntimos, para fazermos a coisa por baixo, 136.875.000.000 euros, ou seja, quase centro e trinta e sete mil milhões de euros, nada mais, nada menos do que o dobro daquilo que foi preciso uma troika de europeus para nos emprestarem a juros de mais de 5%.
Só com um chinês que nos ajudasse a convencer os outros a comer um pastel de nata dia sim dia não conseguiríamos o dobro do em exportação de produtos transaccionáveis quase o dobro do que nos emprestaram para três anos. Imaginem agora que a Dona Maria conseguisse convencer os chineses a comerem carapaus alimados quanto é que a coisa não dava. Até poderíamos gozar com os finlandeses pois ao contrário dos Nokia os pastéis de Belém e os carapaus alimados não vão à falência, não precisam de sistema operativo nem sofrem a concorrência do iPhone. E se viessem charters de chineses a coisa era melhor ainda, para cá vinham chineses e na viagem de regresso os aviões levavam os pastelinhos que chegavam a Pequim ainda quentes.
Até poderão perguntar o que faríamos aos chineses que não poderiam regressar nos aviões cheios de pastéis de nata, iam para a Finlândia fazer a borra depois de andarem por cá a comer salada de pepino, que é para da próxima não andarem a gozar connosco.