Parece que Cavaco Silva desistiu de ajudar os portugueses com os seus vastos conhecimentos de economia e optou pelas suas aptidões para a medicina e decidiu dizer que espera que os portugueses queira ser curados. Como Cavaco Silva nada percebe de medicina receio que tudo se encaminhe para que o país vá ao endireita, já endireitou com as eleições onde a direita ganhou, agora vai endireitar a RTP e outras empresas públicas, depois vão endireitar os subsídios com recurso aos cartões da Edenred, enfim, mesmo com bancarrota há por aí muita maneira de endireitar as contas de gente como Belmiro de Azevedo, os da Cofina, Pinto Balsemão ou os da Ongoing.
Mas já que Cavaco recorreu a uma metáfora para sugerir aos portugueses que aceitem a vacina sem berrarem com a falta de jeito do enfermeiro que elegeram, fiquemos nesta abordagem metafórica para nos questionar-mos sobre a causa da doença, até porque se corre o risco de o país morrer mais por causa da cura do que da doença. Até porque se Cavaco escreveu um artigo algures há sete anos, onde alertou tanto para a crise como deu todos os dados relativos aos seus negócios familiares na página presidencial, não me recordo de nos últimos anos ele ter sugerido que o país metesse baixa médica.
Tenho muitas dúvidas sobre os dotes clínicos do Presidente da República e receio que o seu diagnóstico seja errado, basta olhar para o que se passa na Alemanha para se perceber aos erros que pode levar uma caganeira colectiva. Por causa da falta de higiene numa quinta biológica alemã quem pagou foram os pepinos espanhóis. Parece-me que a doença de que o país sofre tem mais semelhança com a diarreia provocada pelo E. Coli do que com um quadro clínico que aconselhe ao recurso a um endireita.
Permita-me Senhor Presidente discordar do seu diagnóstico clínico, o problema do país não está na doença mas sim na causa da doença, o problema não é a diarreia mas esta variante lusa do E. Coli que além de diarreia provoca hemorragia de recursos, permita-me Senhor Presidente que lhe diga que mais do que de antibióticos e de dietas rigorosas esta doença elimina-se desinfectando o país.
Permita-me discordar da cura que sugere Senhor Presidente, mas o que os portugueses precisam não é de se curarem, é de desinfectarem o país livrando-o da causa da moléstia que nos tem destruído ao longo de muitos anos.
É de desinfectarem a classe política de oportunistas que constroem bancos para burlarem o país, enriquecerem os amigos e desaparecerem quando os contribuintes são chamados a salvarem o sistema financeiro.
É de desinfectarem a economia de empresários oportunistas que enriquecem à custa de golpes e privatizações e na hora de pagarem impostos inventam a engenharia financeira, recorrem às off shores, promovem a corrupção e, por fim, instalam holdings na Holanda para serem os holandeses a receberem os nossos impostos em saldo.
É de desinfectarem as instituições nacionais de corruptos que as desvirtuam e dedicam os recursos do Estado a destruir o país e a democracia.
É de desinfectarem a classe política dos que num dia são de esquerda e no outro são de direita, dos que vendem a uns o elevado estatuto que conseguiram à custa dos outros, dos que num dia propõem governos de unidade e no outro exigem julgamentos sumários da oposição.
É de desinfectarem este país de gente que o servem em vez de os servirem, de políticos de baixa estatura intelectual e sem princípios éticos, de jornalistas que desconhecem o seu código deontológico, de empresários que enriquecem no mercado nacional mas não são competitivos no estrangeiro, o que este país precisa é de uma profunda imensidão de proxenetas de esquerda, do centro ou de direita.