quarta-feira, junho 01, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




 Foto Jumento
   

Fuinha-dos-juncos [Cisticola juncidis], Parque da Bela Vista, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Engomadoria 'Tudo Passa' [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Pedro Passos Coelho

Defender que os aumentos de salários deve estar associado principalmente à produtividade significa confundir aumento com actualização, isto é, se o país tivesse um inflação de dois dígitos e não houvesse aumento de produtividade um trabalhador passaria a ter o estatuto de escravo em menos de meia dúzia de anos.

Além disso há limites para um aumento da produtividade, por exemplo, um cirurgião não conseguirá aumentar indefinidamente o número de cirurgias que consegue fazer num dia a não se que Passos Coelho decrete que o dia passa a ter trinta horas. Além disso, sucede com o cirurgião o que sucede com todos os trabalhadores, a produtividade não depende apenas da sua vontade ou aptidão prof5ss56na3, 6 06de36 de gestão que o condiciona e as condições de trabalho poderão se determinantes.

Mais uma vez Passos Coelho revela que não sabe do que fala.
 
«A preponderância da produtividade em detrimento da inflação é uma regra a aplicar também nos salários da Função Pública, como sublinhou ontem o líder social-democrata à saída de uma acção de campanha na Figueira da Foz.
 
Segundo o líder do PSD, que respondia a jornalistas, a inflação vai "perder importância" no cálculo dos aumentos, passando a produtividade a ser o critério com mais peso. Mas não referiu como será feito o cálculo. "Há formas de medir a produtividade", disse apenas. Mas fez questão de acrescentar que o que foi acordado com a 'troika' foi o congelamento dos vencimentos na função pública até 2013.» [DE]
  
 Uma pergunta que começa a fazer sentido 

No parlamento saído das próximas eleições legislativas o grupo parlamentar do CDS vai sentar-se à direita do PSD como é costume ou desta vez vai ocupar os lugares à esquerda, ficando entre o PS e o PSD?
  
 O exemplo de Pedro Tadeu

Num país onde quase todos os ex-líderes do PSD são comentadores de televisão ou escrevem em jornais nunca assumindo o seu estatuto partidário, chegando o professor Marcelo a quase se armar em independente o exemplo do jornalista Pedro Tadeu merece o elogio, num artigo reproduzido mais abaixo faz o que muitos poucos jornalistas deste país não fazem, assume as suas opções políticas e informa os seus leitores do seu vínculo partidário.
  
Infelizmente não é a regra, é a excepção.

 Lonard Cohen: "Take This Waltz"
 


Letra a partir do poema "Pequeño Vals Vienés", e Frederico Garcia Lorca, poeta andaluz assassinado pela direita franquista durante a guerra civil espanhola.
  
 Vote no "Externato de Penafirme"

  
Para aconchegar os lucros do ensino privado a direita (e não só) já não é mais radical do que a troika?
 
(via CC)

  
 

 Factos que o leitor deste texto deve saber 

«Os que me rodeiam avisam: "Não o faças. É um suicídio profissional." Mas não me sinto tranquilo: como pode um jornalista ser honesto com os seus leitores se escrever artigos de opinião política sem revelar as suas opções ideológicas?

Pululam jornalistas, todos os dias, todas as semanas, a sentenciar o Governo e a oposição. O substantivo "jornalista" distingue--os do académico, do político, do jurista ou do economista que com eles partilham o exercício do comentário político: os jornalistas beneficiam da imagem de equidistância, de imparcialidade e de isenção que a sua posição de observadores privilegiados da sociedade, em princípio, possibilitaria e, até, obrigaria... É uma ilusão.

O jornalista, como qualquer outro cidadão, não se limita a observar a sociedade, participa nos seus movimentos e, mais até do que a generalidade dos cidadãos, influencia a evolução dos acontecimentos.

E se é verdade que a moderna técnica de narrativa jornalística pode limpar, nas notícias e nas reportagens, uma parte (só uma parte) das ideias pessoais dos jornalistas - políticas, culturais e morais -, quando se passa para a coluna de opinião, o caso muda de figura.

É frequente, também, ler na imprensa, diária e semanal, jornalistas a dar lições de ética profissional por causa de notícias polémicas de natureza política. Esses candidatos a "deontólogos", no entanto, nunca revelam ao leitor se votaram, em quem votaram ou em quem pensam votar, se são ou não são militantes de algum partido, se alguma vez se envolveram em qualquer forma de participação política ou cívica, se convivem pessoalmente com algum político. Não são transparentes. A sua lição moral soa sempre, por isso, a falso.

A cinco dias das eleições é meu dever, dado o que nos últimos meses aqui escrevi, informar os leitores: sou, há mais de duas dezenas de anos, militante do PCP e vou votar CDU. Sou jornalista há mais de 25 anos. Trabalhei no Avante!. Desde 1996 ocupo sucessivos lugares de topo, de chefia ou de direcção, na imprensa generalista de circulação nacional, apartidária. Nunca aí fui acusado de favorecer o meu partido. Também nunca fui acusado de não pensar pela minha cabeça.

Nos artigos de opinião escrevo, apenas, o que penso, usufruindo em pleno da liberdade que me dão no local onde trabalho. Ora, o que penso e o que escrevo, nestes artigos, repito, de opinião, num jornal que dá muita atenção à política, não podem ser dissociados do que voto. O leitor tem direito, para fazer o seu juízo, para o bem ou para o mal, a saber destes factos...

Agora, sim, estou tranquilo.» [DN]

Autor:

Pedro Tadeu.

 Surto de 'Carlos' confunde os franceses
  
«A Renault é para França o que foi a CUF para Portugal - é "a" indústria nacional. Nos anos 60, portugueses "a salto", sem passaporte, foram para as fábricas da Renault, em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris. Nas suas linhas de montagem eram O.S., abreviaturas que em francês significam "operário especializado" mas queriam dizer o contrário e o escalão mais baixo dos trabalhadores. Nessa Renault, desde ontem, o segundo homem mais poderoso chama-se Carlos Tavares. Nascido em 1958, em Lisboa, onde fez o liceu Charles Lepierre, ele partiu para França, com 17 anos, cursar Engenharia. Entretanto, os portugueses passaram a ser uma das mais numerosas comunidades estrangeiras, com muitos OS e cada vez mais Carlos Tavares, e uma comum vocação para desaparecer na paisagem. Os portugueses onde estão tornam- -se como aqueles que lá estão - o que é uma vantagem, mas traz alguns perigos de invisibilidade. O português Carlos Tavares chega a n.º 2 da Renault quando o n.º 1 é o brasileiro Carlos Ghosn (por coincidência, aquele pingue-pongue luso-brasileiro que há dias eu dizia, aqui, ser tão necessário...). Ontem, os leitores comentavam nos jornais franceses o surto de "Carlos" no cimo da Renault. "Dois tocadores de castanholas e comedores de chorizo"... "Nova monarquia espanhola, Carlos I e Carlos II, olé!"... "Porque se chamam Carlos? Há relação com Juan?"... Nota: os portugueses são o dobro dos espanhóis em França» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  

 E a culpa é de ... José Sócrates, de quem mais poderia ser?

«A Dinamarca registou uma quebra de 0,5 por cento no PIB no primeiro trimestre deste ano, depois da contração de 0,2 por cento observada no último trimestre de 2010, anunciou hoje a Agência de Estatísticas do país.» [DN]

Parecer:

Lá se vai o argumento de que Portugal é o único país em recessão. Recorde-se que a Dinamarca é governada por uma coligação de liberais e conservadores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»

 Volta Santana, estás perdoado

«Pedro Passos Coelho visitou hoje de manhã o mercado municipal da Figueira da Foz e aqui disse que a cidade ainda recorda Pedro Santana Lopes (seu presidente da câmara entre 1997 e 2001) com "muito carinho". Interpelado pelos jornalistas sobre a possibilidade de Santana regressar à política no caso de uma vitória do PSD nas eleições, Passos repetiu (mas sem querer entrar em pormenores): "Talvez volte, talvez volte, talvez volte."» [DN]

Parecer:

Pobre Santana.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Santana Lopes se foi convidado para estar presente na Figueira da Foz.»

 Portas apela ao voto para salvar o país do PSD?

«"Sempre vos disse que o PS perderia estas eleições. Isso está claro. Falta saber que peso o CDS vai ter. Peço aos portugueses que me dêem mais força para ajudar proteger os pobres, apoiar as pequenas empresas, dar autoridade aos professores, não permitir o clientelismo e contrariar o caciquismo..." » [DN]

Parecer:

Ao que isto chegou.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 Os pepinos espanhóis não têm culpa

«Uma responsável pela Saúde Pública em Hamburgo informou hoje que os pepinos espanhóis não são a fonte do surto de uma variante da bactéria E.coli.
 
Na Suécia foi registada hoje a primeira morte causada pela bactéria fora da Alemanha.
 
De acordo com segundas análises realizadas em laboratório, explicou Cornelia Prufer-Storksa, citada pelo jornal Hamburger Abendblatt, a variante da bactéria descoberta nos pepinos espanhóis não coincide com a encontrada nas fezes dos pacientes.
 
Prüfer-Storks, senadora do governo regional de Hamburgo com o pelouro da Saúde Pública, indicou que as investigações comprovaram que a variante O104 da E.coli, isolada nas fezes dos pacientes examinados, especialmente agressiva e resistente a antibióticos, não coincide com a variante detectada nas hortaliças espanholas do mercado central de Hamburgo.» [DE]

Parecer:

E agora? Querem ver que os pepinos são de uma horta do José Sócrates?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se a água do abastecimento público de Hamburgo.»

 Louçã quer saber para onde vai a primeira tranche
  
«Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda, numa acção de campanha numa escola em Lisboa, adiantou no dia em que Portugal recebe a primeira tranche da ajuda externa que quer saber para onde vai o dinheiro. Veja aqui o vídeo.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Este senhor recusou-se a negociar, defende o incumprimento e agora anda armado em polícia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se Louçã que a primeira tranche é para o pessoal ir para os copos no Santo António.»