Parece que a crise financeira levou à libertação de todos os recalcamentos dos agentes políticos deste país, cada um diz que o que lhe vai na alma sem qualquer auto-controlo e de forma por vezes desbragada.
Os que vetaram o PEC IV por ser mais austeridade prometem agora um plano mais radical do que o assinado com a troika ainda que não se perceba muito bem como pretende cumprir um acordo a que se vincularam. De uma penada pretendem uma verdadeira revolução liberal de que não se conhece o alcance, de que não se percebe como compatibilizar com os princípios constitucionais e sem grandes preocupações com os apoios sociais que tal reforma deve merecer.
A confusão é tanta que Paulo Portas já se esqueceu da bandeira do rendimento mínimo e afirma-se como estando à esquerda do PSD em domínios como as questões sociais, a confusão ideológica é tanta que o jornais escrevem que o líder do CDS agarrou o cravo e entrou pela esquerda. Agora a figura que abraça uma linguagem bem à direita daquela que era do CDS é o próprio Passos Coelho, a quem o critica oferece enxadas e lembra os tempos do grande salto em frente dos tempos de Mao e sugere que os jovens à rasca devem ir para os campos, como até são tanto ainda se lembrar de em vez de usar insecticidas deveriam aproveitar-se esses jovens para enxotar os insectos.
Os líderes empresariais já defendem abertamente o aumento dos horários de trabalho sem qualquer compensação salarial, isso depois de defenderem reduções salariais, só não podem a liberalização dos despedimentos e a ausência de regras de contratação porque com as propostas de Passos Coelho consideram isso adquirido em caso de vitória da direita. Daqui a uns anos quando estes balões de oxigénio se esgotaram, como já se esgotaram outros no passo, vão pedir salários ainda mais baixos, porventura, poderão mesmo pedir o regresso às regras do tempo da Revolução Industrial.
O PCP não quer voltar atrás, depois de se ter juntado ao BE para exigir que o país diga “não pagamos” vai agora mais longe e questiona a presença do euro justificando-o com a perda de mecanismos de política económica. Só que esqueceu de explicar que esses mecanismos são as desvalorizações e a taxas de inflação com dois dígitos, formas mais brutais de reduzir os salários. Mas com as desvalorização os seus sindicalistas voltariam a ter grande protagonismo, os trabalhadores perdiam 20% do vencimento num ano e a CGTP era eleita como grande vencedora conseguindo aumentos brutais na ordem dos 5%.