Talvez porque Eduardo Catroga fez lembrar o ministro da informação de Sadam Hussein poucos ligaram ao que o embaixador de Belém junto de Pedro Passos Coelho, mas no meio do chorrilho de disparates o ex-ministro das Finanças que mandou penhorar o WC do estádio das Antas fez uma proposta interessante, o museu da dívida externa.
Concordo com a ideia e até proponho que o museu tenha o nome de Dias Loureiro em homenagem ao homem cujo nome ficará na história de Portugal ao lado do de Alves dos Reis, o primeiro foi o maior burlão do século XX português, o segundo ficará associado à maior fraude do século XXI.
Quanto à localização sugiro o Centro Cultural de Belém, o mesmo onde nos tempos de primeiro-ministro Cavaco Silva fazia cerimónias de exibição das resmas de novos militantes do PSD, em geral gente que se tinha inscrito no partido a troco de uma chefia no Estado ou de outros favores. Além disso, porque o próprio centro foi construído num tempo de défices volumosos e, portanto, com dinheiro emprestado.
Desta vez acho que o governo não deve deixar Cavaco Silva de fora das inaugurações, ele que costumava dedicar os últimos meses de governo a fazer inaugurações, uma prática que Alberto João tão bem soube manter. Aliás, Alberto João deve ser um convidado de honra na inauguração pelo “pai do monstro”, como uma vez Miguel Cadilhe apelidou Cavaco Silva.
O próprio Cavaco Silva poderia oferecer o seu espólio ao museu, assim os portugueses poderiam ver as famosas acções na SNL cujos lucros vão ser pagos pelos portugueses ao FMI. O contributo do espólio de Cavaco para este museu seria tão grande que quase faz sombra à colecção de arte moderna do Joe Berardo, que ficaria ali ao lado. Teríamos os acordos de concertação conseguidos à custa de benesses nos regimes de reformas e aposentações, a decisão de autorizar os funcionários públicos a comprarem anos de serviço para efeitos de aposentação, os projectos da Expo, da ponte Vasco da Gama e muitos outros que acabaram por ser realizados nos governos de António Guterres e que também serão pagos ao FMI.
Entre os convidados, teremos o inevitável Alberto João que doará ao museu peças de grande valor como a dívida da Madeira, os prejuízos provocados às receitas do Estado pela zona franca e até pode ser que se lembre de oferecer um sifão como símbolo do enriquecimento rápido gerado pelo desenvolvimento da região ou um dos calhaus que destruíram a baixa do Funchal e que o levou a andar uns tempos da lamber os sapatinhos do José Sócrates a troco de mais uns milhões que também teremos de cobrar ao FMI.
Mas também ser convidada a dra. Manuela Ferreira Leite que não se esquecerá de oferecer para o museu o original da cópia do contrato de venda das dívidas fiscais a um juro muito superior cobrado pela dívida portuguesa no mercado secundário e que o governo de Sócrates pagou. Ao seu lado deverão estar personalidades relevantes como o Conselheiro de Estado Bagão Félix que aldrabou as contas do défice, autarcas como o de Vila Real de Santo António que andaram a mandar velhinhos a Cuba, o hiper-merceeiro, um dos que mais lucraram com o crédito ao consumo.
Para curador do museu a escolha de António Barreto é inevitável, depois de presidir a todas as comissões do cavaquismo presidencial é a personalidade que melhor assegura a presença permanente do pai de um monstro que agora tem a forma de Museu.
Proponho ainda que as receitas dos bilhetes de ingresso seja entregues à família AMI.