sábado, maio 28, 2011

Uma semana de campanha

Com a primeira semana de campanha eleitoral desapareceu o programa eleitoral do PSD e o seu redactor, o professor zero, desapareceu o projecto de revisão constitucional, desapareceu o Mais Esperança e os seus promotores e até desapareceram algumas convicções de Passos Coelho com mais de uma década, como era a sua posição sobre a despenalização do aborto.


Nesta primeira semana também desapareceu o PEC IV e a bancarrota, a descida da TSU, o financiamento da competitividade com o IVA sobre os bens básicos, reapareceu a direita do costume, a sua velha gula pelo poder, as suas velhas bandeiras e o recurso aos golpes baixos para conquistar votos. Desapareceu a direita moderna e liberal dando lugar à salgalhada do futuro, agora com mais ambições porque a crise financeira se tornou numa oportunidade única para promover uma contra-revolução recalcada desde o dia 25 de Abril.

O liberalismo de Passos Coelho combinou-se com o conservadorismo da direita mais conservadora, o falso liberalismo casou com o intervencionista oportunista, o que no Estado dá lucros deve privatizar-se, onde há dinheiro no Estado este deve financiar a produtividade do sector privado e o que restar do Estado deverá servir para enriquecer o sector privado.

As grandes causas da direita deixaram de ser as grandes causas do país que supostamente conduziram a esta crise política, são as causas de sempre e a crise financeira não passou de um argumento. Nesta primeira semana a direita demonstrou que a crise da zona euro apenas serviu de argumento para Cavaco Silva tentar livrar-se de Sócrates e devolver o poder à direita. A crise financeira promovida a bancarrota serviu de argumento para que uma direita que estava falida tente agora fazer passar todos os seus projectos.

Com o argumento de salvar o país esta direita frustrada e vingativa não hesitou de conduzir o país para uma crise profunda para se salvar a si própria. As lutas políticas são as de sempre, o linchamento de quem no PSD ousar criticar o chefe, o CDS a tentar quebrar a hegemonia do PSD à direita, o PSD a tentar extinguir o CDS, a esquerda conservadora a tudo fazer para tirar o PS do governo e lá colocar a direita a sério para alimentar a sua velha luta de classes.

Estas eleições são iguais a todas as outras que já se realizaram em Portugal, é a luta do poder pelo poder, é o assalto ao dinheiro dos políticos. As lutas ideológicas são as mesmas a que assistimos desde que há eleições democráticas, a direita a lutar por um poder que considera seu como se fosse a solução natural e a esquerda conservadora a vender as utopias do costume.

Tudo está claro, quem quiser a direita no poder ou vota num partido de direita ou vota nos que não querem lutar pela defesa Estado social mas sim proporcionar à direita a oportunidade de o destruir para serem líderes da sua defesa em agitação de rua. As opções e os resultados serão os do costume, ou vai governar a direita ou vai governar a esquerda, ou governam os que esgotado o modelo da mão de obra intensiva querem usar os impostos para financiar empresas preguiçosas ou governam os que defendem que o Estado não deve deixar de ter preocupações sociais, tudo o resto são fait divers.