Quem lê os jornais e ouve alguns políticos até parece que vivemos no país da Alice, não se fala de crise internacional, o país tem um governo estável, promete-se crescimento económico no Financial Times, há uns dias estiveram aí uns fulanos que alguém disse serem do FMI e do BCE mas devem ter estado cá de férias, terão aproveitado os feriados pascais para passarem uns dia no nosso clima ameno.
Mas não é bem assim, os tais senhores não vieram de férias, vieram porque alguém achou que a par da ajuda financeira viria uma preciosa ajuda eleitoral e conseguida ou supostamente conseguida a segunda parece já se terem esquecido da primeira. Os tais senhores vieram para negociar, para propor medidas mais duras do que as que seriam decididas por qualquer governo a troco de empréstimos com juros próprios de um agiota.
Mas conseguido o objectivo de fazer vergar o governo e ao mesmo tempo o país a um pedido de “ajuda” parece terem-se esquecido e passaram imediatamente à fase seguinte do plano, as eleições. Era suposto estarem a negociar para defenderem os interesses dos portugueses e até para fazerem vingar o seu projecto mas não, optaram por desprezar as negociações dando as exigências como um dado adquirido, limitam-se a fazer chacota político escrevendo cartas com perguntas dia sim dia não, nem se deram ao trabalho de envolver um dirigente do PSD nas negociações, entregaram a sua representação a um pensionista.
Pouco importa o que aí vem pois quanto pior melhor, era esse o objectivo da crise política, foi isso com que se sonhou em cada momento de alegria proporcionado pelas agências de rating ou por qualquer indicador económico. Que venham medidas duras pois isso pode ajudar a levar ao poder um político que em condições normais seria rejeitado, que venha a mudança do país sem qualquer consulta aos portugueses pois essa mudança é promovida por uma direita europeia conservadora.
Até lá fazem-se hinos, tenta-se passar a ideia da inevitabilidade do pedido de ajuda, seguem-se à linha os conselheiros da marketeira, vão-se dando umas entrevistas para os suplementos dos tablóides porque as coisas estão a correr bem melhor do que alguma vez se imaginou e aquilo que há alguns meses parecia impossível pode ser uma realidade, uma direita sem projecto, sem propostas e sem ideias pode ser levada ao poder à custa do país.
Mas eles andam mesmo por aí e ao que dizem amanhã saberemos o preço que teremos de pagar para tentarem levar ao poder o líder mais fraco que alguma vez a direita portuguesa teve.