Quando as sondagens atribuíam ao PSD uma maioria tal que o próprio Alberto chegou a pedir aos eleitores uma maioria constitucional não se falava de negociações, quando o PSD caiu nas sondagens e deixou de ser previsível uma maioria absoluta mesmo se coligado com o PS alguém concluiu que se teria de negociar com o PS, foi então que o PSD passou a sugerir que nunca negociaria com Sócrates. Agora que o PSD desce continuamente nas sondagens e arrisca-se a perder as eleições faz todo o sentido questionar se o PS pode negociar com Sócrates.
Anão ser que mais uma vez Cavaco Silva mande Eduardo Catroga substituir Pedro Passos Coelho muito dificilmente o PS poderá negociar com este líder do PSD. É difícil negociar com alguém que discutiu durante horas o PEC, que mandou os deputados não se manifestarem para não prejudicar as negociações que decorriam em Bruxelas e quando o PEC IV foi aprovado e elogiado pelos parceiros europeus lançou a mais grave crise política da democracia portuguesa usando uma mentira.
É difícil negocial com alguém que negociou de má é e esperou que a Europa aprovasse um programa económico de ajustamento para lançar o país num beco sem saída que o conduziu a um pedido de ajuda externa.
Se já é difícil negociar com alguém que está de má fé e para quem os objectivos pessoais estão acima dos do país, mais difícil ainda é negociar com quem não tem a coragem de apresentar as suas propostas e em vez de negociar com propostas alternativas opta por truques
É difícil negociar com alguém que quando era para assumir publicamente as negociações que fez optou por as omitir e lançar uma mentira e quando era suposto negociar com descrição fá-lo recorrendo à comunicação social com sucessivas cartas com listas de perguntas maldosas e que apenas visam prejudicar ainda mais o país.
É difícil negociar com alguém que à falta de ideias próprias recorre ao outsourcing para poder apresentar um programa eleitoral, socorre-se de um intermediário de Cavaco para ter um projecto eleitoral ao mesmo tempo que pede a um grupo de amigos que lhe façam mais umas sugestões. No fim fica com dois programas eleitorais e não sabe de qual deles gosta mais.
É difícil negociar com alguém que não tem mão no seu partido e permite que nos dias ímpares seja o Eduardo Catroga a dizer o que ele pensa, nos dias pares seja Miguel Relvas a fazê-lo e nos fins de semana ninguém sabe o que ele pensa e tenha que ir ler os suplementos do Correio da Manhã para descobrir que Passos não pensa, faz. O problema é que só faz farófias.
Receio que depois das eleições seja Pedro Passos Coelho a vítima da tentativa de saneamento de Sócrates que tem promovido desde há alguns meses. Se antes das eleições já não se pode confiar em Passos Coelho, muito menos faz sentido depois de perder as eleições.