FOTO JUMENTO
Carriça [Troglodytes troglodytes] no jardim do Campo Grande, Lisboa
IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO
Fazendo pela vida [A. Cabral]
JUMENTO DO DIA
Dias Loureiro
Depois de ter ajudado a um buraco financeiro que ajudou a enterrar o país o velho amigo de Cavaco Silva insiste em manobrar a política portuguesa nos bastidores, desta vez graças à ingenuidade de Pedro Coelho. É caso para lhe dizer "desampara a loja!".
OS DEBATES ELEITORAIS
Se os debates eleitorais fossem um torneio de futebol o PSD seria uma equipa a lutar pelos lugares da Liga Europa, nos três encontros que realizou jogou sempre para o empate, perdeu com Portas e com Louçã e no encontro com Jerónimo de Sousa combinou um empate com o adversário e ambos limitaram-se a passar bolas nos respectivos campos.
ESTA COLUNA NÃO É SOBRE STRAUSS-KAHN
«Vou escrever sobre jornalismo, assunto que me interessa e, presumo, também ao leitor, já que está neste momento a ler-me num jornal. Vou transcrever um parágrafo que não é meu: "Um hóspede do hotel, Mortem Meier, de 36 anos, um director de vendas norueguês, disse que o condutor do carro negro que transportou o Sr. Strauss-Kahn ao Aeroporto Kennedy foi também o seu taxista nesse sábado, à noite. 'Ele disse que Strauss-Kahn estava cheio de pressa', contou o Sr. Meier. 'Quis partir o mais depressa possível. Estava transtornado e preocupado, disse o taxista'." Fim de citação. Isto foi publicado no The New York Times (NYT). O NYT é o melhor jornal do mundo, para mim uma lição constante sobre como contar, um prazer quando me calha a sorte de o ter ao pequeno-almoço, um sentimento duplo de impotência por não o ter como local de trabalho e como jornal do meu país. E, no entanto, o NYT escreveu aquilo. Trata como testemunha um indivíduo (o norueguês) que tem para contar o que outro indivíduo (um taxista) lhe contou de passagem. Se nos jornais cabem estas "informações" em segunda mão, o NYT que fale comigo que eu tenho várias interpretações, entre bandeiradas, sobre grandes mistérios americanos: da morte de John Kennedy à verdadeira nacionalidade de Obama. Já agora, um facto: nenhum taxista levou Strauss-Kahn do hotel ao aeroporto. Ele saiu do hotel para ir almoçar com a filha a um restaurante. » [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
A INSENSATA SUPERTSTIÇÃO DAS REFORMAS ESTRUTURAIS
«Em Janeiro de 1957, uma equipa de técnicos da Companhia Portuguesa de Celulose liderada pelos engenheiros Rolo e Von Haffe descobriu uma forma de produzir pasta de eucalipto branqueada pelo processo kraft.
A prazo, esse feito alterou a composição da floresta portuguesa, alicerçou as bases de uma indústria até então periclitante, criou um escol de engenheiros papeleiros e permitiu a rápida expansão das nossas exportações de pasta e papel ao longo de cinco décadas.
Apesar disso, a mais importante inovação tecnológica do século XX originada em Portugal não só não foi à data noticiada nos jornais como ainda hoje permanece numa relativa obscuridade.
As transformações mais decisivas são assim. Chegam com pezinhos de lã, resultam de uma multiplicidade de iniciativas descentralizadas de grupos de indivíduos que enfrentam condições adversas, vão contra a sabedoria convencional da época, os especialistas não as prevêem, são objeto de troça generalizada. Apesar disso, desencadeiam uma deslocação de recursos para aplicações mais produtivas - que é, afinal, aquilo em que consistem o aumento da produtividade e o desenvolvimento. Com o tempo, transformam os países e geram crescente bem-estar.
São episódios deste género - fruto de trabalho, conhecimento e esforço especializados e orientados para a melhoria do desempenho - que dão origem ao desenvolvimento económico e social. Ilustram na perfeição o espírito reformista, que privilegia, na ação empresarial como na governativa, uma mescla de ousadia e ponderação, pequenos passos que se combinam para gerar grandes avanços, progresso metódico, experimentalismo sistemático, risco controlado, avaliação rigorosa dos programas ensaiados, aversão a aventuras dificilmente reversíveis.
Ora, o apelo às reformas estruturais assente na esperança de virar a página transformando tudo de uma penada é o contrário de tudo isto. Sophia de Mello Breyner saudou o 25 de Abril como "o dia inicial inteiro e limpo". Poucas semanas decorridas, já todos sabíamos que, bem longe de podermos começar tudo de novo fazendo "do passado tábua rasa", não só estamos condenados a carregar esse passado às costas como ignorá-lo pode ser muito perigoso. Goste-se ou não, é mesmo assim.
Mudar muita coisa em pouco tempo tem dois tipos de problemas. O primeiro é que, sendo muito insuficiente o nosso conhecimento sobre o modo como as sociedades funcionam, corremos o risco de provocar inesperadas catástrofes em tudo contrárias ao resultado desejado. O segundo risco, na prática ainda mais relevante, consiste na generalização de confrontos de todos contra todos quando se abre uma guerra simultânea em múltiplas frentes contra adversários entrincheirados e poderosos.
As reformas estruturais falham, antes de mais, porque facilitam a tarefa aos interesses instalados. Quando se proclama com grandes fanfarras que vão ser postas em marcha, o que de facto se consegue é alertar todos os seus opositores para a urgência de se unirem e organizarem contra elas. A diversidade das abordagens adotadas explica por que é que, depois de alguns ensaios falhados, as reformas na saúde têm entre nós progredido mais que na educação ou na justiça.
A fúria reformista é, ao contrário do reformismo discreto e quotidiano, um traço típico dos países subdesenvolvidos, onde volta não volta alguém descobre a pólvora e promete a regeneração nacional ao virar da esquina. É por isso que não há reformas estruturais na Suíça ou nos EUA, mas sim na Argentina, na Turquia ou no Bangladesh. Uma reforma estrutural é uma revolução, e falha exactamente pelas mesmas razões: voluntarismo a mais e consistência a menos. O principal resultado prático é muita agitação e poucas transformações reais. As verdadeiras reformas não se fazem de uma assentada: vão-se fazendo persistentemente, no dia a dia, sem perder de vista o propósito ambicioso que está na sua origem. É isso, aliás, o que a palavra reformismo quer dizer.
Em Portugal fazem-se reformas estruturais a mais, não a menos. A Constituição está sempre em obras, e não há maneira de lhes vermos o fim. Mal acaba uma revisão constitucional, anuncia-se logo a próxima. Daí para baixo, é todo o edifício jurídico que vive em contínua convulsão, com os resultados conhecidos. Deitar abaixo e fazer de novo pode ser um modo de vida interessante, mas não é certamente o mais eficaz. Os países não mudam assim.
Diz-se que nas ciências sociais é impossível realizar experiências programadas, mas os portugueses poderão, em breve, desmentir tal alegação, oferecendo-se como cobaias para testar uma avalanche de reformas estruturais cujo estudo fará as delícias da comunidade científica nas décadas vindouras. Se correr mal, paciência.» [Jornal de Negócios]
A prazo, esse feito alterou a composição da floresta portuguesa, alicerçou as bases de uma indústria até então periclitante, criou um escol de engenheiros papeleiros e permitiu a rápida expansão das nossas exportações de pasta e papel ao longo de cinco décadas.
Apesar disso, a mais importante inovação tecnológica do século XX originada em Portugal não só não foi à data noticiada nos jornais como ainda hoje permanece numa relativa obscuridade.
As transformações mais decisivas são assim. Chegam com pezinhos de lã, resultam de uma multiplicidade de iniciativas descentralizadas de grupos de indivíduos que enfrentam condições adversas, vão contra a sabedoria convencional da época, os especialistas não as prevêem, são objeto de troça generalizada. Apesar disso, desencadeiam uma deslocação de recursos para aplicações mais produtivas - que é, afinal, aquilo em que consistem o aumento da produtividade e o desenvolvimento. Com o tempo, transformam os países e geram crescente bem-estar.
São episódios deste género - fruto de trabalho, conhecimento e esforço especializados e orientados para a melhoria do desempenho - que dão origem ao desenvolvimento económico e social. Ilustram na perfeição o espírito reformista, que privilegia, na ação empresarial como na governativa, uma mescla de ousadia e ponderação, pequenos passos que se combinam para gerar grandes avanços, progresso metódico, experimentalismo sistemático, risco controlado, avaliação rigorosa dos programas ensaiados, aversão a aventuras dificilmente reversíveis.
Ora, o apelo às reformas estruturais assente na esperança de virar a página transformando tudo de uma penada é o contrário de tudo isto. Sophia de Mello Breyner saudou o 25 de Abril como "o dia inicial inteiro e limpo". Poucas semanas decorridas, já todos sabíamos que, bem longe de podermos começar tudo de novo fazendo "do passado tábua rasa", não só estamos condenados a carregar esse passado às costas como ignorá-lo pode ser muito perigoso. Goste-se ou não, é mesmo assim.
Mudar muita coisa em pouco tempo tem dois tipos de problemas. O primeiro é que, sendo muito insuficiente o nosso conhecimento sobre o modo como as sociedades funcionam, corremos o risco de provocar inesperadas catástrofes em tudo contrárias ao resultado desejado. O segundo risco, na prática ainda mais relevante, consiste na generalização de confrontos de todos contra todos quando se abre uma guerra simultânea em múltiplas frentes contra adversários entrincheirados e poderosos.
As reformas estruturais falham, antes de mais, porque facilitam a tarefa aos interesses instalados. Quando se proclama com grandes fanfarras que vão ser postas em marcha, o que de facto se consegue é alertar todos os seus opositores para a urgência de se unirem e organizarem contra elas. A diversidade das abordagens adotadas explica por que é que, depois de alguns ensaios falhados, as reformas na saúde têm entre nós progredido mais que na educação ou na justiça.
A fúria reformista é, ao contrário do reformismo discreto e quotidiano, um traço típico dos países subdesenvolvidos, onde volta não volta alguém descobre a pólvora e promete a regeneração nacional ao virar da esquina. É por isso que não há reformas estruturais na Suíça ou nos EUA, mas sim na Argentina, na Turquia ou no Bangladesh. Uma reforma estrutural é uma revolução, e falha exactamente pelas mesmas razões: voluntarismo a mais e consistência a menos. O principal resultado prático é muita agitação e poucas transformações reais. As verdadeiras reformas não se fazem de uma assentada: vão-se fazendo persistentemente, no dia a dia, sem perder de vista o propósito ambicioso que está na sua origem. É isso, aliás, o que a palavra reformismo quer dizer.
Em Portugal fazem-se reformas estruturais a mais, não a menos. A Constituição está sempre em obras, e não há maneira de lhes vermos o fim. Mal acaba uma revisão constitucional, anuncia-se logo a próxima. Daí para baixo, é todo o edifício jurídico que vive em contínua convulsão, com os resultados conhecidos. Deitar abaixo e fazer de novo pode ser um modo de vida interessante, mas não é certamente o mais eficaz. Os países não mudam assim.
Diz-se que nas ciências sociais é impossível realizar experiências programadas, mas os portugueses poderão, em breve, desmentir tal alegação, oferecendo-se como cobaias para testar uma avalanche de reformas estruturais cujo estudo fará as delícias da comunidade científica nas décadas vindouras. Se correr mal, paciência.» [Jornal de Negócios]
Autor:
João Pinto e Castro.
DIZ-ME COM QUEM ANDAS, DIR-TE-EI QUEM ÉS
«Passos Coelho chamou, há uma semana, à sede do PSD algumas pessoas, externas à direcção do partido, para com ele discutirem formas de voltar a ganhar terreno nas sondagens.
Entre essas pessoas estavam, por exemplo, o politólogo Miguel Morgado ou Rodrigo Moita de Deus, militante e especialista em comunicação.
Várias fontes contactadas pelo DN garantem que houve mais pessoas, nesse dia, na São Caetano à Lapa, até Manuel Dias Loureiro, o ex-ministro de Cavaco que há dois anos pediu para sair do Conselho de Estado, depois de ver o seu nome envolvido no caso BPN.
Ao DN, os visados preferem não falar no caso.» [DN]
Entre essas pessoas estavam, por exemplo, o politólogo Miguel Morgado ou Rodrigo Moita de Deus, militante e especialista em comunicação.
Várias fontes contactadas pelo DN garantem que houve mais pessoas, nesse dia, na São Caetano à Lapa, até Manuel Dias Loureiro, o ex-ministro de Cavaco que há dois anos pediu para sair do Conselho de Estado, depois de ver o seu nome envolvido no caso BPN.
Ao DN, os visados preferem não falar no caso.» [DN]
Parecer:
Como é possível?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Oliveira e Costa se também foi convidado.»
VAI ESTALAR O VERNIZ À DIREITA
«Pedro Passos Coelho concluiu hoje a sua participação no Fórum da TSF - emitido a partir de Quarteira, no Algarve - apelando ao eleitorado de direita e centro direita para que não disperse votos no CDS e antes os concentre no PSD. "Temos de concentrar votos no PSD para que ganhe claramente", disse, considerando "uma falácia" as teses de Paulo Portas segundo as quais a direita se reforça se votar mais no CDS - um partido que Passos considerou um "aliado natural" do PSD e "não um adversário".» [DN]
Parecer:
Parece que Passos Coelho está a deixar de ser condescendente com Paulo Portas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela resposta de Paulo Portas.»
EX-GOVERNANTE DO PSD CRITIVA PASSOS COELHO
«"Existem mais de 900 mil pessoas que se inscreveram nos Centros Novas Oportunidades. Isto mostra uma sede de aprender que é notável", sublinha Joaquim Azevedo, que foi secretário de Estado do PSD, mas que repudia as afirmações feitas, na segunda-feira, pelo líder social-democrata - Passos Coelho classificou as Novas Oportunidades como uma "credenciação à ignorância" -, que estiveram na origem da nova polémica em torno daquele programa.
"Não se pode dizer isto. É de quem não sabe. Conheço imensos Centros Novas Oportunidades que fazem um trabalho notável e conheço alguns que já deviam ter encerrado", afirmou, acrescentando que neste caso "não está com uns, nem com outros, já que o Governo, as autoridades públicas, tiveram muitos anos para actuar sobre os centros que não estão a funcionar bem e não o fizeram", apesar de saberem quais são.» [Público]
"Não se pode dizer isto. É de quem não sabe. Conheço imensos Centros Novas Oportunidades que fazem um trabalho notável e conheço alguns que já deviam ter encerrado", afirmou, acrescentando que neste caso "não está com uns, nem com outros, já que o Governo, as autoridades públicas, tiveram muitos anos para actuar sobre os centros que não estão a funcionar bem e não o fizeram", apesar de saberem quais são.» [Público]
Parecer:
A posição de Passos Coelho é indefensável.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
VESAK DAY 2011 [Boston.com]