domingo, junho 05, 2011

Finalmente

Finalmente a direita portuguesa vai ter a oportunidade de governar numa situação de crise e mostrar que é capaz de a superar. Até aqui as crises foram superadas pelo PS ou por uma coligação com o PSD em que foi o PS a suportar os custos políticos das medidas que foram adoptadas.

O resultado eleitoral é uma vitória clara para a direita e para a estratégia do seu verdadeiro líder Cavaco Silva, é o culminar de uma crise que começou com o discurso de vitória do Presidente da República.

É positivo que destas eleições tenha saído uma maioria de direita ainda que isso tenha salvo Cavaco Silva de uma grave crise institucional. É também positivo que o PSD não tenha alcançado uma maioria absoluta e é positivo duas razões, porque Pedro Passos Coelho depende de Paulo Portas não podendo implementar o seu programa eleitoral sem o apoio do CDS, e porque se Passos Coelho conseguisse uma maioria absoluta ficaria sujeito à chantagem dos deputados de Alberto João.

Com uma maioria absoluta no parlamento a direita e Cavaco Silva serão obrigados a levar a legislatura até ao fim e assumir as consequências políticas da sua governação, não poderão atribuir as causas de uma crise política à oposição nem poderão governar olhando diariamente para as sondagens.

O PS perdeu de forma clara e não basta invocar a crise financeira para os justificar, começou a campanha eleitoral em igualdade depois de ter estado à frente nas sondagens. O PS optou por uma campanha com um “one man show”, desprezou os independentes, apostou tudo na imagem desgastada e na energia de José Sócrates. O PS perdeu nas urnas depois de ter sido evidente que tinha perdido nas redes sociais, designadamente na blogosfera.

Derrotada também foi a esquerda conservadora, o BE sofre uma pesada derrota e o PCP arrisca-se a perder deputados. Isto significa que a esquerda conservadora que se aliou durante a lesgislatura à direita nada ganha com a estratégia de derrube do governo de Sócrates. Com estes resultados os seus eleitores condenaram o PCP e o BE e estes partidos terão de assumir as responsabilidades políticas por terem viabilizado uma verdadeira política de direita. A sua estratégia falhou e os portugueses concluíram que a esquerda conservadora nada contribui para o debate político e que o BE é um partido inútil.

A partir de agora a questão que se coloca é saber como o PSD vai transformar o programa eleitoral em programa de governo. Uma boa parte das medidas propostas por Passos Coelho são inconstitucionais ou enfrentarão uma forte oposição social, ainda que não venham a ter a oposição nas ruas que teve o governo do PS, esta oposição organizada pelo PCP vai deixar de ter o apoio logístico do PSD. Este apoio foi evidente, por exemplo, nas grandes manifestações organizadas pela CGTP em que uma boa parte dos manifestantes eram transportados por autocarros de autarquias geridas pelo PSD. Além disso o PS não deverá dar apoio à estratégia de rua da esquerda conservadora.