Se não fossem as notícias sobre a evolução dos juros da dívida soberana poderíamos concluir que a direita ainda não governa, mas o seu perfume é tão intenso que uma boa parte dos nossos problemas desapareceram. Já não se ouve falar de bancarrota, a subida dos juros e do risco de default são notícias de rodapé, João Duque já sugere a reestruturação da dívida como se fosse um mero acerto de contas.
O Público noticia hoje em primeira página que os ganhos de competitividade resultantes de uma redução da TSU são residuais, fazendo prever que Belmiro de Azevedo terá outras ideias sobe como gastar o dinheiro dos contribuintes, ou, o que é mais provável, considera que os prejuízos para as suas mercearias em consequência de um aumento do IVA não se justifica.
NO Diário Económico o director dedica o editorial à privatização da RTP defendendo a tese dos seus patrões da Ongoing, contra os interesses da Impresa de Fancisco Pinto Balsemão. A privatização da RTP é elevada ao estatuto de símbolo da revolução liberal de Passos Coelho.
Miguel Relvas já veio assumir que o governo vai ter mais de dez ou doze ministros, desvalorizando o número de governantes, precisamente a bandeira mais usada por Passos Coelho durante a campanha eleitoral.
Do ambiente de medo promovido durante a campanha eleitoral passamos a uma ambiente de quase festa, assistimos a um ambiente de orgia em torno do património público e a uma tentativa de adiar as dores de cabeça na esperança de o ciclo económico resolver os problemas do país. Já não se discute a competência dos futuros ministros, agora fala-se de Nogueira para ajudar a compensar do défice de Passos Coelho quando comparado com Portas, fala-se pouco da crise financeira e muito da sobrevivência de Passos Coelho e da distribuição dos lucros resultantes das privatizações.