quinta-feira, junho 14, 2012

Barba, cabelo e uma política para o ensino


Se entrarmos numa barbearia de bairro, local onde graças ao Correio da Manhã, à Bola e ao Manuel luís Goucha podemos encontrar e ouvir a opinião dos maiores especialistas nacionais em matérias que vão do ensino à justiça ou da economia ao urbanismo.
  
Entre-se numa barbearia e pergunte-se o que fazer ao Código Penal e veremos que a ministra da justiça até poderia dispensar os assessores, adjuntos, familiares e amigos e demais pessoal que enche o seu gabinete, em qualquer barbearia se conseguiria rever o direito penal português, incluindo a afixação dos nomes dos pedófilos em editais a afixar nas vitrinas das juntas de freguesia.
  
Pergunte-se numa barbearia quantos alunos deve ter uma turma e veremos que a resposta é que deve ter tantos quantos os que couberem na sala, se estudarem, respeitarem o professor e este estiver a dar uma carolada aos que se portarem mal a qualidade do ensino não depende do tamanho da sala mas sim do respeito pelo professor e do estudo. Pedagogia é coisa de entendidos que não sabem o que fazem, se os alunos se portarem bem e estudarem serão eliminados os problemas pedagógicos.

Qualquer cliente do Correio da Manhã da barbearia sabe que o problema do ensino não está no que se ensina mas sim no que se aprende e que tanto se aprende numa escola de luxo como numa barraca, o que é preciso é que os alunos sejam obedientes e ouçam os professores. O professor nem precisa de ser uma barra, até porque há os livros e a obrigação de um aluno quando não percebe o que se deu na aula é ir para casa e estudar.

Há maus professores mas estes especialistas até estão de acordo que quem deve ser devidamente avaliado são os alunos, a qualidade do ensino não se mede nem por pedagogias, nem pela pintura da parede da sala e muito menos pela qualidade dos professores, o sucesso do ensino depende de um único indicador, a avaliação do ensino. O ensino é um processo produtivo e da mesma forma que quando se avalia a qualidade da salsicha não se pergunta pela raça do porco, também o teste de um aluno apenas depende do seu esforço.
  
Perguntem ao melhor amigo do barbeiro se em tempos de crise devem ser aumentadas as vagas no ensino superior e obterão uma resposta carregada de sabedoria, se não há emprego de que serve o curso? E se insistirem em que o primeiro-ministro defende a exportação de portugueses vão ouvir uma resposta ainda mais sábia, se é para irem para o estrangeiro que se desenrasquem, os países onde vão viver que lhes paguem os estudos.
  
A política do ministro Crato para o ensino, ciência e universidades é tão cristalina que qualquer cidadão que tenha a oportunidade de passar umas horas a debater a primeira página do Correio da Manhã na barbearia de bairro não hesita em subscrever e serão muitos que dirão que aquilo que se está fazendo não é nem mais, nem menos aquilo que sempre defenderam.
 
PS: Parece que a caixa de comentários já funciona de forma regular e melhorada.