Se entrarmos numa barbearia de bairro, local onde graças ao
Correio da Manhã, à Bola e ao Manuel luís Goucha podemos encontrar e ouvir a
opinião dos maiores especialistas nacionais em matérias que vão do ensino à
justiça ou da economia ao urbanismo.
Entre-se numa barbearia e pergunte-se o que fazer ao Código
Penal e veremos que a ministra da justiça até poderia dispensar os assessores,
adjuntos, familiares e amigos e demais pessoal que enche o seu gabinete, em
qualquer barbearia se conseguiria rever o direito penal português, incluindo a
afixação dos nomes dos pedófilos em editais a afixar nas vitrinas das juntas de
freguesia.
Pergunte-se numa barbearia quantos alunos deve ter uma turma
e veremos que a resposta é que deve ter tantos quantos os que couberem na sala,
se estudarem, respeitarem o professor e este estiver a dar uma carolada aos que
se portarem mal a qualidade do ensino não depende do tamanho da sala mas sim do
respeito pelo professor e do estudo. Pedagogia é coisa de entendidos que não
sabem o que fazem, se os alunos se portarem bem e estudarem serão eliminados os
problemas pedagógicos.
Qualquer cliente do Correio da Manhã da barbearia sabe que o
problema do ensino não está no que se ensina mas sim no que se aprende e que
tanto se aprende numa escola de luxo como numa barraca, o que é preciso é que
os alunos sejam obedientes e ouçam os professores. O professor nem precisa de
ser uma barra, até porque há os livros e a obrigação de um aluno quando não
percebe o que se deu na aula é ir para casa e estudar.
Há maus professores mas estes especialistas até estão de
acordo que quem deve ser devidamente avaliado são os alunos, a qualidade do
ensino não se mede nem por pedagogias, nem pela pintura da parede da sala e
muito menos pela qualidade dos professores, o sucesso do ensino depende de um
único indicador, a avaliação do ensino. O ensino é um processo produtivo e da
mesma forma que quando se avalia a qualidade da salsicha não se pergunta pela
raça do porco, também o teste de um aluno apenas depende do seu esforço.
Perguntem ao melhor amigo do barbeiro se em tempos de crise
devem ser aumentadas as vagas no ensino superior e obterão uma resposta
carregada de sabedoria, se não há emprego de que serve o curso? E se insistirem
em que o primeiro-ministro defende a exportação de portugueses vão ouvir uma
resposta ainda mais sábia, se é para irem para o estrangeiro que se desenrasquem,
os países onde vão viver que lhes paguem os estudos.
A política do ministro Crato para o ensino, ciência e
universidades é tão cristalina que qualquer cidadão que tenha a oportunidade de
passar umas horas a debater a primeira página do Correio da Manhã na barbearia
de bairro não hesita em subscrever e serão muitos que dirão que aquilo que se
está fazendo não é nem mais, nem menos aquilo que sempre defenderam.
PS: Parece que a caixa de comentários já funciona de forma regular e melhorada.
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