sábado, junho 23, 2012

A oportunidade perdida


Sacrifício por sacrifício quanto mais depressa o país recuperar a sua soberania e reequilibrar as contas públicas melhor, se este fosse o objectivo do Gaspar e de Passos Coelho teriam o meu apoio. Mas eles foram gulosos e oportunistas, aproveitaram-se da crise financeira e usando a estratégia do medo tentaram impor pela porta do cavalo um modelo económico e social que o país rejeita, cuja implementação implica a violação da constituição e que não constava do programa eleitoral de Passos Coelho.
  
Foi por terem sido gulosos que neste momento a economia portuguesa está pior do que estava antes do resgate, o desemprego atingiu níveis brutais, milhares de empresas fecharam, o Estado está paralisado, a evasão fiscal é visível a olho desarmado, o investimento foi reduzido a zero. Usaram as exportações como estandarte do seu sucesso mas apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo, o aumento das exportações é anterior a qualquer medida deste governo e tende a cair, as reformas implementadas foram três, os 50 mil euros que o Catroga passou a receber, os feriados que serão eliminados e a reforma laboral conseguidas com chantagens e a ajuda de pressões de Cavaco Silva.
  
Temos mais dívida, menos riqueza, menos emprego, menos empresas, menos direitos laborais e sociais, menos qualidade na Saúde, uma escola digna do salazarismo e um governo pequeno mas cheio de totós, idiotas incompetentes e más figuras.
  
O governo podia ter reestruturado o Estado mas optou por manter os tachos, a lei para eleger directores-gerais apenas serve para assegurar que os boys do PSD que ganharão os concursos sobreviverão ao próximo governo, podendo continuar a conspirar, a dar informações às Ongoingues e outros bandos e gangues da sociedade portuguesa e a ajudar os Relvas a regressar ao poder. Esses concursos não passarão de uma fantochada que custará dinheiro aos contribuintes e resultarão na consolidação de grupos mafiosos e corruptos.
  
O governo podia ter aumentado a receita fiscal diversificando as fontes e usando os impostos para promover alguma justiça social. Mas não, não era esse o projecto do Gaspar, a estratégia da ugandização de Portugal passava pelo empobrecimento dos mais pobres, pela destruição da classe média e pela transferência forçada de riqueza para os mais ricos, isto num dos países da OCDE onde há mais injustiça na distribuição do rendimento. Por isso o aumento dos impostos se concentrou nom IRS e no IVA com resultados desastrosos, os ricos ficaram mais ricos, os pobres ficaram mais pobres e o Estado está sem dinheiro.
  
O governo podia ter cortado em muitas despesas do Estado, podia ter eliminado alguns dos institutos e acabado com a pornografia fiscal que são a maioria das fundações privadas. Mas isso entrava em conflito com a ugandização do país defendida pelo Gaspar, as fundações mafiosas, a evasão fiscal e a manutenção corrupta de institutos são instrumentos complementares da estratégia do enriquecimento fácil dos mais ricos, sem subsídios para lhes dar e como tirar aos pobres para dar aos ricos pareceria mal, há que criar mecanismos de enriquecimento fácil, mantendo os já existentes independentemente de violarem ou não a lei.
  
Em Portugal a lei só é respeitada quando estão em causa os interesses dos ricos, a prova disso foi a forma como Cavaco andou a estudar eventuais indícios de inconstitucionalidade na legislação laboral, mas quando estes indícios eram mais do que evidentes no corte dos subsídios optou por assinar de cruz e com os olhos fechados.
  
Este governo é mau mas pior do que mau é incompetente, está conduzindo o país a um beco sem saída e no fim de tudo isto já não seremos o Portugal que éramos nem seremos a Uganda que o Gaspar deseja.