Sacrifício por sacrifício quanto mais depressa o país recuperar
a sua soberania e reequilibrar as contas públicas melhor, se este fosse o
objectivo do Gaspar e de Passos Coelho teriam o meu apoio. Mas eles foram
gulosos e oportunistas, aproveitaram-se da crise financeira e usando a estratégia
do medo tentaram impor pela porta do cavalo um modelo económico e social que o
país rejeita, cuja implementação implica a violação da constituição e que não
constava do programa eleitoral de Passos Coelho.
Foi por terem sido gulosos que neste momento a economia
portuguesa está pior do que estava antes do resgate, o desemprego atingiu níveis
brutais, milhares de empresas fecharam, o Estado está paralisado, a evasão
fiscal é visível a olho desarmado, o investimento foi reduzido a zero. Usaram
as exportações como estandarte do seu sucesso mas apanha-se mais depressa um
mentiroso do que um coxo, o aumento das exportações é anterior a qualquer
medida deste governo e tende a cair, as reformas implementadas foram três, os
50 mil euros que o Catroga passou a receber, os feriados que serão eliminados e
a reforma laboral conseguidas com chantagens e a ajuda de pressões de Cavaco
Silva.
Temos mais dívida, menos riqueza, menos emprego, menos
empresas, menos direitos laborais e sociais, menos qualidade na Saúde, uma
escola digna do salazarismo e um governo pequeno mas cheio de totós, idiotas
incompetentes e más figuras.
O governo podia ter reestruturado o Estado mas optou por
manter os tachos, a lei para eleger directores-gerais apenas serve para
assegurar que os boys do PSD que ganharão os concursos sobreviverão ao próximo
governo, podendo continuar a conspirar, a dar informações às Ongoingues e
outros bandos e gangues da sociedade portuguesa e a ajudar os Relvas a
regressar ao poder. Esses concursos não passarão de uma fantochada que custará
dinheiro aos contribuintes e resultarão na consolidação de grupos mafiosos e
corruptos.
O governo podia ter aumentado a receita fiscal
diversificando as fontes e usando os impostos para promover alguma justiça
social. Mas não, não era esse o projecto do Gaspar, a estratégia da ugandização
de Portugal passava pelo empobrecimento dos mais pobres, pela destruição da
classe média e pela transferência forçada de riqueza para os mais ricos, isto
num dos países da OCDE onde há mais injustiça na distribuição do rendimento.
Por isso o aumento dos impostos se concentrou nom IRS e no IVA com resultados
desastrosos, os ricos ficaram mais ricos, os pobres ficaram mais pobres e o
Estado está sem dinheiro.
O governo podia ter cortado em muitas despesas do Estado,
podia ter eliminado alguns dos institutos e acabado com a pornografia fiscal
que são a maioria das fundações privadas. Mas isso entrava em conflito com a
ugandização do país defendida pelo Gaspar, as fundações mafiosas, a evasão
fiscal e a manutenção corrupta de institutos são instrumentos complementares da
estratégia do enriquecimento fácil dos mais ricos, sem subsídios para lhes dar
e como tirar aos pobres para dar aos ricos pareceria mal, há que criar
mecanismos de enriquecimento fácil, mantendo os já existentes independentemente
de violarem ou não a lei.
Em Portugal a lei só é respeitada quando estão em causa os
interesses dos ricos, a prova disso foi a forma como Cavaco andou a estudar
eventuais indícios de inconstitucionalidade na legislação laboral, mas quando
estes indícios eram mais do que evidentes no corte dos subsídios optou por
assinar de cruz e com os olhos fechados.
Este governo é mau mas pior do que mau é incompetente, está
conduzindo o país a um beco sem saída e no fim de tudo isto já não seremos o
Portugal que éramos nem seremos a Uganda que o Gaspar deseja.