terça-feira, junho 19, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


   
"Tasquinha Low Cost", Alfama, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Hospital de São Teotónio, Viseu [J. Sousa]
     

Jumento do dia


Sô Álvaro

O sô Álvaro está mesmo convencido do sucesso das suas reformas, as tais que diz terem sido ideia dele mas que por estarem do memorando foram ideia do governo que o antecede, cabendo-lhe apenas o papel de mero executor, que já se sente no direito de dizer à Europa que deve fazer reformas.

Será que o sô Álvaro espera resistir até que o Durão Barroso saia e esteja aberto o caminho de ser comissário europeu? O facto é que este Álvaro não se enxerga e já fala para a Europa.

«O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, defendeu hoje a necessidade de a Europa se tornar mais competitiva através da implementação de reformas estruturais e apelou à união, mas recusou comentar “em específico” a situação na Grécia.


“Não vou comentar em específico a situação da Grécia. Obviamente, para nós, o que é importante é que a Europa, neste momento de dificuldades, tenha a coragem de implementar reformas estruturais, é isso que é preciso para a Europa se tornar mais competitiva em relação ao resto do mundo”, afirmou Santos Pereira à margem da apresentação da reforma do Capital de Risco Público, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.» [i]

 flo6x8: Bankia, pulmones y branquias


(via)
 
e já agora mais um vídeo do flo6x8... "operacion trapos sucios":
 

Mas que moeda filha da puta!


O mundo pode respirar de alívio, os banqueiros podem concentrar-se agora na especulação sobre a dívida espanhola e na leitura dos memorandos onde os seus analistas asseguram que os portugueses e os irlandeses continuam a comportar-se como esperado. Os gregos votaram onde todos desejavam, cumpriram o desejos quer dos ocupantes, quer dos lambe botas dos ocupantes, A senhora Merkel e os Passos desta Europa podem dormir descansados, os gregos apoiaram o euro.
  
Quando se diz que os gregos votaram na continuidade do euro o que querem dizer? É óbvio que não votaram num referendo em que estava em causa essa continuidade, isso foi o que um ex-primeiro-ministro grego pretendeu fazer e lhe foi recusado pela Europa dos credores, por isso deixou de ser primeiro-ministro e entretanto já se realizaram duas eleições legislativas.
  
Poder-se-ia pensar que votar a favor do euro seria apoiar uma zona monetário com custos e benefícios distribuídos, mas não, aqui quem é mais competitivo ganha este imenso jogo do monopólio, onde uns acabam por comprar tudo e outros são forçados a vender tudo o que têm, aplica-se a lei do mais forte.
  
Faria sentir que estavam a votar num espaço de solidariedade mas desenganem-se, votam numa zona monetária onde os parceiros endinheirados chegam a ganhar 4% ao ano com a “ajuda” aos parceiros que cedem à especulação dos mercados. Nesta zona monetária estar em dificuldades não suscita solidariedade, quem falha não cumpriu as regras e merece ser castigado, mais, deve ser usado num sacrifício para eu os outros se possam escapar a problemas.
  
A Europa respirou de alívio, dirigentes sem escrúpulos elogiaram o povo grego porque, como dizem com grande cinismo, manifestaram-se a favor da continuação no euro. É óbvio que a senhora Merkel não está preocupada com os lucros dos seus bancos mas sim com os gregos. O Rajoy não se cansa de elogiar os gregos porque andava tão preocupado com o seu futuro que até respirou de alívio quando soube que a direita tinha ganho, a sua preocupação com avida dos gregos era tão grande que até se esqueceu do risco de vir a ter de mendigar um segundo resgate e ter de sofrer os excessos do fetiche sado da sua amiga Merkel. Até o nosso Passos Coelho num gesto de grande altruísmo (qualidade que como todos reconhecemos tem em tão grande quantidade quanto a compaixão) esqueceu os portugueses e os seus problemas e felicitou os gregos por terem continuado a serem adeptos do euro.
  
Dir-se-ia que nunca os gregos imaginaram serem tão apoiados pelos seus amigos europeus, nunca pensaram que seria possível estarem no coração de gente tão bondosa como a Merkel, o Passos Coelho ou o Xavier Rajoy, melhor do que o amor destes três só mesmo o reaparecimento da nossa senhor e dos três pastorinhos, desta vez junto a uma oliveira grega.
  
Os gregos podem respirar de alívio, salvaram-se, salvaram o euro e ficaram a saber que esta é uma moeda filha da puta gerida por filhos da puta e que tem levado ao poder outros tantos filhos da dita.


É a ironia da história

A palavra Europa nasceu de um mito grego.

 Cavaco e a legislação laboral
 
Cavaco justificou a promulgação da legislação laboral de uma forma que se diria peregrina, este por detrás das pressões aos sindicatos mas não assume nem a concordância nem a paternidade, refugia-se na maioria que a aprovou, na aplicação do memorando e na sugestão de que é para manter até que lhe digam o contrário.
  
Mas o ridículo surge na apreciação da constitucionalidade, Cavaco diz que não há indício de crime como se fosse um magistrado do sindicato patrocinado pela banca em busca da violação de um preceito do Código Penal. Nem há indícipo de crime nem veto político pois o presidente nem concorda, nem discorda.
  
A questão que se coloca é saber porque razão noutras situações, como a dos cortes dos subsídios, perante a evidência da violação da Constituição Cavaco Silva não aborda a questão da constitucionalidade, nem se dá ao trabalho de verificar se houve indícios.
  
Seria bom que o país tivesse na Presidência alguém com o sentido da coerência e que os sucessivos pareceres não possam ser questionados numa perspectiva de honestidade intelectual.
     
 

Os párias desta Europa não serão só os gregos

«Não tem faltado quem por estes dias chame à Grécia "o homem doente da Europa". Tem graça. Como qualquer grego com alguma cultura saberá, a frase surgiu no século XIX para classificar o Império Otomano, tanto por estar falido como por ver o seu território minguar a cada dia por causa da explosão dos nacionalismos. O mais forte deles era o grego, mimado pelo resto da Europa.
  
Mas está tão gasta essa expressão do doente europeu que uma rápida busca no Google a detetará usada para Portugal em 2007. Na época, a revista Economist escandalizava-se com a estagnação da nossa economia e até apontava vários exemplos de países que nos estavam a ultrapassar, um deles a Grécia. Volta a ter graça, não?
  
Costumam ser demasiado definitivas estas etiquetas aplicadas aos países, por muito sentido que até façam a quente. Ainda mais batida é a ideia de "pária da Europa", que ao longo dos últimos cem anos se colou já (e a lista é de memória) à União Soviética, à Alemanha, à Espanha, à Albânia, à Sérvia, à Bielorrússia e até à Áustria.
  
Não deixa de ter graça que uma analogia com os excluídos do sistema hindu de castas sirva para o isolamento soviético dos anos 20 e para a Alemanha derrotada na Primeira Guerra Mundial. Para a Espanha franquista e para os comunistas albaneses zangados com tudo e todos (incluindo Moscovo). Para a Sérvia que insistia contra a vontade de eslovenos, croatas e bósnios em manter a ficção jugoslava e para o cripto-estalinismo da Bielorrússia. E ainda para uma Áustria que em 2000 atraiu a fúria dos parceiros europeus por aceitar no governo a extrema-direita.
  
Que os media procurem títulos chamativos entende-se, desde que depois se expliquem e bem. Já a precipitação dos políticos, não. Juízos apressados podem desgraçar muita gente, países inteiros até. Liderar devia ser sinónimo de sabedoria.
  
Que diria sobre o sucesso económico da moderna Turquia o czar que diagnosticou a doença otomana há 150 anos? Ou sobre a pujança da Alemanha de hoje os políticos britânicos e franceses que a queriam para sempre fraca? Ou sobre o Exército Vermelho conquistador em 1945 da Berlim nazi aqueles que em Londres e Paris duas décadas antes se recusavam a aceitar um embaixador soviético? Engraçado, não é?
  
Têm certa razão os alemães que criticam o caos grego. É um choque cultural para quem tanto preza a ordem. Mas uma época não faz um povo e isto vale para o bem e para o mal. Que terá pensado dos germânicos o grego Píteas que no século IV a. C. foi o primeiro a visitá-los lá nas suas florestas do Norte? Tem graça imaginar.» [DN]

Autor:

Leonídeo Paulo Ferreira.
  

O ajustamento vai no bom caminho

«O "Correio da Manhã" escreve que o número de trabalhadores em Portugal que recebe o salário mínimo nacional duplicou em quatro anos. Atualmente há mais de meio milhão - 605 mil pessoas - que ganham a retribuição mínima legal, número que tem crescido a par da crise que se abate sobre o País.
  
Segundo as estatísticas mais recentes da Segurança Social, no final de abril do ano passado, um em cada onze trabalhadores recebia 485 euros por mês: 10,9% da população ativa. Este valor é isento de IRS mas sujeito a um desconto de 11% para a Segurança Social, logo corresponde a um ordenado líquido de 431,65 euros. » [DN]

Parecer:

Para os Gasparoikas a miséria social é uma condição do sucesso económico.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
  
A vez da Espanha

«A pressão sobre o mercado da dívida soberana espanhola intensificou-se com os juros pelos títulos a 10 anos a atingir novos recordes, acima dos 7,0%, e o risco da dívida a superar os 570 pontos base.
  
A meio da manhã desta segunda-feira, o juro pago nos mercados secundários pelos títulos espanhóis a 10 anos atingiu os 7,1% e o risco da dívida - medido pelo diferencial entre os títulos espanhóis e alemães a 10 anos - mantinha a tendência de subida, chegando aos 570 pontos base.» [CM]

Parecer:

É uma questão de tempo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»
  
E se Medina Carreira emigrasse para a Grécia

«O resultado das eleições gregas de ontem não deixa o antigo ministro das Finanças Medina Carreira otimista. O ex-governante afirma que o futuro da Grécia continua muito complicado e vaticina mesmo que o país deverá sair da zona euro num futuro próximo.» [DN]

Parecer:

Depois de tantos anos a agoirar Portugal e os portugueses parace que o ex-ministro das Finanças e co-responsável pela miséria portuguesa decidiu agoirar os gregos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se pelos gregos mas festeje-se o facto de esta ave agoirenta ter ignorado Portugal por uns momentos.»
  
Obrigado Álvaro

«A percentagem de energia de fontes renováveis representava, em 2010, 12,4 por cento do consumo final bruto de energia na União Europeia (UE), tendo Portugal uma das melhores prestações, com 24,6 por cento, divulgou hoje o Eurostat.» [Diário Digital]

Parecer:

Tal como as exportações também as energias renováveis são fruto das reformas e novas ideias trazidas do Canadá pelo sô Álvaro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Agradeça-se ao sô Álvaro.»
  
Uma boa ideia para o merceeiro holandês

   
«A promoção de lançamento de uma loja de discount na localidade fronteiriça de Süderlügum (norte da Alemanha), mobilizou dezenas de alemães e dinamarqueses prontos a despirem-se para conseguirem encher os carrinhos de compras com o que estava prometido aos primeiros clientes do supermercado.» [Diário Digital]

Parecer:

Digamos que em vez de serem os clientes a despirem o Pingo Doce será o Pingo Doce a despir os clientes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão ao holandês.»
  
   Avaliação das Novas Oportunidades foi um embuste

«O resultado da avaliação do programa Novas Oportunidades encomendado pelo Governo ao Instituto Superior Técnico é «enviesado», «um embuste», «ideologicamente preconceituoso» e inviabiliza qualquer decisão relativa à educação de adultos, defendeu hoje a associação de formadores de adultos.
  
Depois de o Governo ter apresentado, há um mês, as primeiras conclusões de um estudo encomendado ao Instituto Superior Técnico (IST) - que concluiu que o programa Novas Oportunidades teve um efeito reduzido na melhoria da empregabilidade e salários dos seus participantes -, a Associação Nacional de Profissionais de Educação e Formação de Adultos (ANPEFA) resolveu apresentar um «contra-estudo».
  
Intitulado «Educação e Formação de Adultos em Portugal, uma prioridade, um contributo para vencer a crise», o documento aponta erros metodológicos à avaliação feita pelo executivo, que, segundo defende a associação, inviabilizam as conclusões apresentadas.» [Diário Digital]

Parecer:

Digamos que foi um embuste encomendado e devidamente pago com o dinheiro sacado aos impostos ou aos subsídios de funcionários públicos e pensionistas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se e mandem-se os parabéns aos ilustres intelectuais do Técnico.»
  
Cuecas caras

«O internacional dinamarquês Nicklas Bendtner, que levantou a camisola para mostrar uma publicidade estampada nas cuecas depois do golo marcado contra Portugal, foi suspenso por um jogo e condenado a pagar 100.000 euros de multa, anunciou a UEFA.» [DN]
  
Já há manifestações contra novo mapa judiciário

«Os alfandeguenses saíram esta manhã de segunda-feira à rua em protesto contra o anuncio do encerramento do tribunal do concelho, incluído na lista dos 54 que segundo a nova proposta do mapa judiciário deverão encerrar.» [JN]

Parecer:

Pobre ministra.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Prepare-se o terceiro mapa.»
  
Mais uma

«A mulher baleada pelo marido na Póvoa de Varzim, na última sexta-feira, morreu, esta segunda-feira, no Hospital de São João, no Porto, para onde tinha sido transportada.» [JN]

Parecer:

Mas a ministra está mais preocupada com crimes que servem mais o seu populismo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à ministra se vai fazer listas dos maridos homicidas e violentos para avisar as mulheres do criminoso com que vão viver.»