Neste imenso aquário cheio de predadores oportunistas em que
o nosso pobre país está transformado há uma espécie que revelou uma capacidade
notável para a sobrevivência e multiplicação, são os chamados limpa-fundos que
se especializara em comer a caca dos outros. O seu sucesso tem sido tão grande
que têm desenvolvido uma nova ideologia, não tem nada que ver com o
neo-linberalismo, odeia o comunismo ou a social-democracia e tenta conviver o melhor possível com a
democracia cristã, o lambe peidismo nacional.
Entre os seus icons estão merceeiros bem sucedidos, falsos
vice-presidentes da Goldman Sachs que depois de despedidos do banco e do FMI
ganham uma pequena fortuna sem que ninguém perceba muito bem qual é o seu
trabalho, enfim, se o gabinete fosse ali para os lados do Conde Redondo seria mais fácil de perceber. Uma das maiores manifestações colectivas de lambe peidas foi quando o
merceeiro holandês decidiu provocar os trabalhadores portugueses oferecendo 50%
de descontos no dia 1.º de Maio.
Os nosso lambe peidos nem se lembraram que a guerra do
merceeiro não era com a CGTP, como se sabe a CGTP é uma central sindical e
ainda não explora o negócio das mercearias, a guerra era com outro icon dos
nossos lambe peidos, o empresário Belmiro de Azevedo, pai de outro icon dos
nossos ideólogos intestinais, assim como um velho amigo de Belmiro e companhia
nas lides da PT, o agora banqueiro inglês. Os nossos lambe peidas
comportaram-se como os tais limpa-fundos e não resistiram a comer a caca mal
ela saiu do traseiro do merceeiro e nem se lembraram que estavam a apoiar um
golpe baixo contra o Belmiro.
É por isso que nenhum destes lambe peidas voltou a aparecer
em defesa do merceeiro holandês, apesar de o Pingo Doce ter lançado mais
campanhas de grandes descontos, a última das quais está a decorrer hoje. Mais
uma vez o merceeiro holandês usou uma táctica de guerrilha e em vez de fazer
possibilidade usou os jornalistas amigos para lançarem a grande notícia, que o
bondoso patrão do António Barreto dava descontos de 50% nos produtos nacionais nos
dias de Corpo de Deus e no Dia de Portugal.
É estranho que desta vez os lambe peidas não tenham vindo a
elogiar o merceeiro porque depois de ter enfrentado Marx foi mais longe e
enfrentou Deus, ou porque foi brilhante a ideia dos descontos nos produtos
tuga. Algum mais atrevido até poderia ter sugerido que o merceeiro desse um
desconto no lombo de porco se a selecção do Paulo Bento vencesse a Alemanha.
Mas não, desta vez os lambe peidas ficaram caladinhos, talvez porque lhes tenha
corrido mal a digestão da última vez que comeram os petiscos intestinais do
Soares dos Santos. Fizeram bem, pois o merceeiro holandês é um vcelho sabido e
os descontos nos produtos lusos aplicam-se apenas a algumas marcas, pouco mais
do que à água do Luso.
Ou talvez se estejam a guardar para lamber a peida do Paulo Bento
se este vencer a Alemanha, vão descobrir aí mais um motivo para acreditarmos
que 2012 é o ano da mudança, que no segundo semestre já há crescimento e criação
de emprego e que em 2013 vamos ter uma manifestação de investidores junto à
fronteira de Badajoz apelando ao Gaspar para que vá ao mercado pois estão
ansiosos por nos emprestar dinheiro ao preço da uva mijona. Até lá vamos lendo
as crónicas dos lambe peidas nos nossos jornais, pois os amigos do Relvas
adoram ter lambe peidas a escrever nos seus jornais.