domingo, junho 24, 2012

Semanada


Em Janeiro o país era um caso de sucesso, em Fevereiro nem se queria pensar em derrapagens orçamentais e mesmo sem estas o mais do que provável segundo resgate era negado, em Março afirma-se que Portugal não precisava nem de mais dinheiro nem de mais tempo para se desenrascar, em Abril as receitas orçamentais estavam em linha com as previsões, em Maio descobriu-se um erro que fazia disparar a queda das receitas mas podíamos ficar descansados porque isso não efectava o défice, em Junho o incompetente do Gaspar chegou à brilhante conclusão de que estamos com a corda ao pescoço outras vez. Mas não foi por causa do excesso de austeridade, pelo aumento exagerado do IVA nalguns produtos e sectores, não, foi tudo culpa das adversidades mundiais e de um estranho comportamento do IRC. Gaspar é um Deus e o país reza a este Deus que vive do dogma da competência.
  
O país ficou descansado, não vai perder um dos mais belos, inteligentes e brilhantes políticos da nova geração que chegou ao poder, Miguel Relvas foi declarada inocente. O ministro não fez qualquer chantagem sobre a jornalista e se o fez foi impossível provar o que vai dar na mesma. Temos um político inocente que estava a ser vítima de uma jornalista mal intencionada e mentirosa.
  
Cavaco Silva, o administrador do condomínio desta quinta da Coelha em que vivemos andou em busca de indícios de inconstitucionalidade na legislação laboral e não os encontrou, pelo que promulgou a legislação resultante de um acordo estranho em que ele próprio se envolveu na magistratura de influência, a que alguns poderão chamar magistratura da pressão. Só é pena que noutros casos o administrador do condomínio não tenha procurado pelos tais indícios de inconstitucionalidade. Temos um presidente que umas vezes procura indícios e outras ignora inconstitucionalidades mais do que evidentes.
  
Havia qualquer coisa de errado na privatização da REN, parecia que ao contrário do que sucedeu na EDP a venda de capital ao Partido Comunista Chinês não dava lugar à contratação de mais uns guardas laranjas, o equivalente luso dos guardas vermelhos chineses. Mas podemos estar descansados, a REN reencontrou a normalidade e a privatização foi devidamente oficializada com a entrada de José Luís Arnaut, um conhecido gestor da praça, para a administração.