terça-feira, junho 12, 2012

Era uma vez em Portugal


Num tempo longínquo Portugal ia aos mercados comprar dinheiro para emprestar à Grécia e os mesmos jornalistas que agora dizem cobras e lagartos do governo anterior ao mesmo tempo que se deliciam a lamber ministros como o Relvas como se fosse um gelado até sugeriam que Portugal ainda ganhava algum.
Vejamos o que dizia o pasquim dos amigos secretos do Miguel relvas nesse ano longínquo de 2010:
  
«Apesar da difícil situação financeira do País, o Governo português decidiu ontem participar no mecanismo de empréstimos bilaterais da zona euro à Grécia, que pode atingir 30 mil milhões de euros. De acordo com a chave de repartição acordada, Portugal terá de emitir dívida pública para cobrir um empréstimo de até 774 milhões de euros a Atenas, reembolsado a uma taxa ligada à Euribor e que neste momento seria de 5%. Pelas actuais condições de mercado a que Portugal tem colocado a sua dívida, esta operação pode até resultar rentável para o Estado, ao longo dos três anos de duração desse crédito.» [Diário Económico]
  
Alguém se recorda de vir algum conhecido economista avisar que já tinha avisado?
  
Alguém viu o Gaspar ir a alguma reunião do FMI defender que os portugueses fossem castigados com o empobrecimento forçado?
  
Alguém viu o Álvaro comentar o empréstimo no seu blogue ou o Passos Coelho opinar sobre as diferenças entre Portugal e a Grécia?
  
É bom reler esta notícia para se perceber o que está sucedendo na Europa, para entender o cinismo das política e dos políticos que se aproveitaram da crise financeira internacional para conquistarem o poder ou para implementarem as suas ideias mesmo contra a vontade dos seus concidadãos.
  
Nesse tempo Portugal estava muito melhor do que a Grécia, a Irlanda era o exemplo de todas as virtudes, a Espanha era o exemplo de país que fazia o trabalhão de casa a tempo e horas, a Itália era um a potência económica, a Holanda vivia na fartura que entra por Roterdão, a Bélgica funcionava mesmo sem governo e do Chipre ninguém falava.
  
Agora não há país europeu que não esteja melhor do que o vizinho, a excepção é a Grécia que está pior do que todos e que insiste em praticar a democracia em vez de seguir o sábio pensamento de Rui Rio acerca do funcionamento da democracia em autarquias endividadas.
  
Nesta Europa onde tanto se falou em integração e em coesão os países já não se afirmam pelas diferenças culturais  ou mesmo pelas línguas, nem sequer as fronteiras importam, os países europeus afirmam as suas diferenças recorrendo às agências de rating. N a Alemanha pouco importa que se fale alemão ou que este povo exemplar e trabalhador beba cerveja até ao coma, o que importa é que são AAA. Os gregos não têm história, os portugueses não contaminaram o dicionário de todo o mundo, são lixo, BBB, BBB- e outras coisas do género.
  
É um pouco o que se passa com os cidadãos portugueses, Portugal é lixo mas cá dentro há os Catrogas e os Borges que são AAA e enriquecem à custa dos outros e há os que trabalham e para esta gente são BBB-, lixo social que ou trabalha em regime de escravidão ou está no desemprego e o melhor que têm a fazer é emigrar a desocupar o país.

Era uma vez um país onde se era português e onde se tinha orgulho de o ser, ainda que já nesse tempo os jornalistas da Ongoing estivessem mais interessados em saber que Portugal iria ganhar uns trocos à custa da desgraça grega do que em perceber que essa desgraça haveria de nos bater à porta.