Eu ainda sou do tempo em que Correia de Campos assumia a
responsabilidade por todas as decisões do ministério da Saúde, desde o
encerramento da maternidade de Elvas ao mais pequeno centro de saúde de Trás-os-Montes.
Nesse tempo os ditos dos ministros serviam para muito mais doq eu para o
passatempo de se coçarem.
Nesse tempo a oposição acusava os ministros e principalmente
o primeiro-ministro por tudo o que se passava, Sócrates era responsável pela
invasão de um sindicato por um agente da PSP que se foi informar sobre o itinerário
dos autocarros, Sócrates foi responsável por todos os desvarios de uma directora
da DREN, por sinal uma alegrista.
Agora as coisas são muito diferentes, o primeiro-ministro não
sabe porque o ministro não lhe disse, o ministro diz que não disse porque não
sabia nem tinha de saber, a competência para encerrar um grande hospital é de
um quadro da Administração Pública, isto é, de alguém que apenas tem poder
administrativo e que não responde politicamente pelas suas decisões.
Portanto, o Opus ministro da Saúde bem pode dedicar-se a
organizar missas de acções de graças pois o seu trabalho é apenas cumprir com
as suas obrigações religiosas, participar em seminários e dizer umas coisas com
o ar de quem foi apanhado a mastigar uma sandes de courato. Se alguém encerrar
o hospital de Santa Maria não perguntem nada ao ministro, ele não tem nada com
o assunto, é competência do director dos serviços de Lisboa e Vale do Tejo, um
director equiparado a director-geral que pode ser demitido a qualquer momento,
que responde perante um secretário de Estado e muito provavelmente está mais
habilitado a lamber botas ministeriais do que a gerir redes hospitalares pois é
esse o critério de escolha e a competência exigida à maioria dos
directores-gerais neste país.
Quando um dia se analisar este governo vai concluir-se que
era formado por gente cobarde, que não os tinha no sítio para justificarem as
suas decisões. O primeiro-ministro não assume que defende mais austeridade e um
tratamento brutal dos mais pobres que não consta no memorando, o ministro da saúde
não assume a responsabilidade pelo encerramento de uma das maiores e melhores
unidades hospitalares do país, o ministro das Finanças inventa desvios para
justificar o que sempre defendeu.
A cobardia é a principal marca deste governo e destes
ministros, o sô Álvaro há muito que deveria ter tdio a coragem de se demitir em
defesa da sua dignidade, o Paulo Portas não tem a coragem de assumir a sua
quota de responsabilidades e desaparece, o primeiro-ministro não tem a coragem
de assumir as sacanices que tem feito a Seguro e manda o ministro das Finanças
negociar com o líder da oposição, alguém não teve a coragem de enfrentar D.
Januário e mandou o Correio da Manhã difamar o bispo.