sábado, junho 16, 2012

Gente cobarde


Eu ainda sou do tempo em que Correia de Campos assumia a responsabilidade por todas as decisões do ministério da Saúde, desde o encerramento da maternidade de Elvas ao mais pequeno centro de saúde de Trás-os-Montes. Nesse tempo os ditos dos ministros serviam para muito mais doq eu para o passatempo de se coçarem.
  
Nesse tempo a oposição acusava os ministros e principalmente o primeiro-ministro por tudo o que se passava, Sócrates era responsável pela invasão de um sindicato por um agente da PSP que se foi informar sobre o itinerário dos autocarros, Sócrates foi responsável por todos os desvarios de uma directora da DREN, por sinal uma alegrista.
  
Agora as coisas são muito diferentes, o primeiro-ministro não sabe porque o ministro não lhe disse, o ministro diz que não disse porque não sabia nem tinha de saber, a competência para encerrar um grande hospital é de um quadro da Administração Pública, isto é, de alguém que apenas tem poder administrativo e que não responde politicamente pelas suas decisões.
  
Portanto, o Opus ministro da Saúde bem pode dedicar-se a organizar missas de acções de graças pois o seu trabalho é apenas cumprir com as suas obrigações religiosas, participar em seminários e dizer umas coisas com o ar de quem foi apanhado a mastigar uma sandes de courato. Se alguém encerrar o hospital de Santa Maria não perguntem nada ao ministro, ele não tem nada com o assunto, é competência do director dos serviços de Lisboa e Vale do Tejo, um director equiparado a director-geral que pode ser demitido a qualquer momento, que responde perante um secretário de Estado e muito provavelmente está mais habilitado a lamber botas ministeriais do que a gerir redes hospitalares pois é esse o critério de escolha e a competência exigida à maioria dos directores-gerais neste país.
  
Quando um dia se analisar este governo vai concluir-se que era formado por gente cobarde, que não os tinha no sítio para justificarem as suas decisões. O primeiro-ministro não assume que defende mais austeridade e um tratamento brutal dos mais pobres que não consta no memorando, o ministro da saúde não assume a responsabilidade pelo encerramento de uma das maiores e melhores unidades hospitalares do país, o ministro das Finanças inventa desvios para justificar o que sempre defendeu.
  
A cobardia é a principal marca deste governo e destes ministros, o sô Álvaro há muito que deveria ter tdio a coragem de se demitir em defesa da sua dignidade, o Paulo Portas não tem a coragem de assumir a sua quota de responsabilidades e desaparece, o primeiro-ministro não tem a coragem de assumir as sacanices que tem feito a Seguro e manda o ministro das Finanças negociar com o líder da oposição, alguém não teve a coragem de enfrentar D. Januário e mandou o Correio da Manhã difamar o bispo.