sexta-feira, junho 22, 2012

Parabéns


O ministro das Finanças e o secretário de Estado estão de parabéns, Portugal é um paraíso fiscal, não porque por cá não se pagam impostos mas porque somos o país que mais e melhor os cobra.
  
A máquina fiscal está oleada e apesar da profunda crise financeira o governo conseguiu fazer a única fusão de serviços públicos que pode exibir à troika. Não se poupou um único tostão, não se eliminou um único cargo de chefia, não se melhorou a eficácia de nenhum serviço, mas podemos mostrar à troika que é possível brincar com a máquina fiscal, mesmo em plena crise financeira. Compreende-se porque o ministro Gaspar disse que esta fusão era um modelo, porque ao não poupar um único tostão serve para justificar à troika porque razão não faz sentido reestruturar o Estado como o PSD sempre exigiu e prometeu.
  
A máquina fiscal é tão eficaz que pode brincar às fusões não resultando daí qualquer aumento da evasão fiscal. É verdade que as receitas fiscais estão em queda vertiginosa apesar do aumento das taxas, mas isso não se deve à evasão fiscal ou à recessão,. Aliás, como se pode perceber do discurso do nosso ministro tudo isso estava previsto. A única variável que lhe escapou e que justifica a queda das receitas fiscais é o exterior e o pobre do Gaspar ainda não manda em tudo e em todos, manda no Passos, no Relvas e no Cavaco, mas ainda não pode chegar a Paris e enfiar uma garrafa de vinho português pela goela de um francês.
  
Os restaurantes estão pagando o IVA que cobram até ao último tostão, os trabalhadores por conta de outrem não recebem um único tostão por fora, a crer no discurso oficial Portugal deverá ser o único país do mundo onde não existe evasão fiscal, não existe nem se prevê que venha a existir pois no discurso do governo não se faz uma única referência ao fenómeno. Se o IVA cair a culpa é dos estrangeiros, se o IRC cai a culpa é dos estrangeiros, se o IRS sumir a culpa é da emigração, da evasão fiscal é que não.
  
O sucesso no combate à evasão e fraude fiscais é o maior feito deste governo, Portugal era um país onde não se falava de outra coisa, o tema da evasão fiscal era recorrente. O Gaspar deu uma conferência de imprensa e com uma frase matou o assunto, de cima dos seus cento e vinte metros de sabedoria disse que o fenómeno em Portugal não era problema e fez-se silêncio. Até o primo Francisco Louçã que anda há dez anos a exigir reduções de impostos com o argumento de que essas reduções podem ser compensadas acabando com a evasão fiscal se calou, nunca mais se falou do assunto.
  
O ministro está de parabéns, acabou com a maior chaga da economia portuguesa, a economia paralela, a evasão fiscal, o trabalho clandestino. Parabéns.