O ministro das Finanças e o secretário de Estado estão de
parabéns, Portugal é um paraíso fiscal, não porque por cá não se pagam impostos
mas porque somos o país que mais e melhor os cobra.
A máquina fiscal está oleada e apesar da profunda crise
financeira o governo conseguiu fazer a única fusão de serviços públicos que pode
exibir à troika. Não se poupou um único tostão, não se eliminou um único cargo
de chefia, não se melhorou a eficácia de nenhum serviço, mas podemos mostrar à
troika que é possível brincar com a máquina fiscal, mesmo em plena crise
financeira. Compreende-se porque o ministro Gaspar disse que esta fusão era um
modelo, porque ao não poupar um único tostão serve para justificar à troika
porque razão não faz sentido reestruturar o Estado como o PSD sempre exigiu e
prometeu.
A máquina fiscal é tão eficaz que pode brincar às fusões não
resultando daí qualquer aumento da evasão fiscal. É verdade que as receitas
fiscais estão em queda vertiginosa apesar do aumento das taxas, mas isso não se
deve à evasão fiscal ou à recessão,. Aliás, como se pode perceber do discurso
do nosso ministro tudo isso estava previsto. A única variável que lhe escapou e
que justifica a queda das receitas fiscais é o exterior e o pobre do Gaspar
ainda não manda em tudo e em todos, manda no Passos, no Relvas e no Cavaco, mas
ainda não pode chegar a Paris e enfiar uma garrafa de vinho português pela
goela de um francês.
Os restaurantes estão pagando o IVA que cobram até ao último
tostão, os trabalhadores por conta de outrem não recebem um único tostão por
fora, a crer no discurso oficial Portugal deverá ser o único país do mundo onde
não existe evasão fiscal, não existe nem se prevê que venha a existir pois no
discurso do governo não se faz uma única referência ao fenómeno. Se o IVA cair
a culpa é dos estrangeiros, se o IRC cai a culpa é dos estrangeiros, se o IRS
sumir a culpa é da emigração, da evasão fiscal é que não.
O sucesso no combate à evasão e fraude fiscais é o maior
feito deste governo, Portugal era um país onde não se falava de outra coisa, o
tema da evasão fiscal era recorrente. O Gaspar deu uma conferência de imprensa
e com uma frase matou o assunto, de cima dos seus cento e vinte metros de
sabedoria disse que o fenómeno em Portugal não era problema e fez-se silêncio.
Até o primo Francisco Louçã que anda há dez anos a exigir reduções de impostos
com o argumento de que essas reduções podem ser compensadas acabando com a
evasão fiscal se calou, nunca mais se falou do assunto.
O ministro está de parabéns, acabou com a maior chaga da
economia portuguesa, a economia paralela, a evasão fiscal, o trabalho
clandestino. Parabéns.