Uma má semana para o governo português, depois de passar
meses a aproveitar-se da desgraça grega para se exibir perante o mundo como o
obediente lambe botas da senhora Merkel, eis que aparecem os espanhóis a
dizerem que são melhores do que os portugueses e ficam-se com cem mil milhões a
troco de um pacote de Espanhol Suave. De um dia para o outro passámos de
melhores alunos para alunos medianos e o governo ainda tem que jurar a pés
juntos que o pessoal do eurogrupo passou três horas a jogar à lerpa e foi assim
que os espanhóis ganharam o pilim.
Em pouco tempo o país e o mundo mudou, quando a direita
cavaquista ardia na pira do caso BPN e precisava a todo o custo abafar o caso circunscrevendo
o incêndi a Oliveira e Costa e uma ou outra figura caída em desgraça como
Duarte Lima, um dos príncipes da corte cavaquista, o objectivo número um era
derrubar José Sócrates, mesmo que isso implicasse uma crise política a meio da
negociação de um pedido de ajuda e a negação de qualquer crise internacional.
Agora que o caso BPN está devidamente abafado, correndo-se o risco de serem os
actuais administradores os responsáveis pelos cinco mil milhões roubados pela
seita criada na creche cavaquista, já não é conveniente a a apresentação de
moções de censura em nome da estabilidade política.
Temos na justiça uma ministra que pauta a gestão do
ministério por critérios amorosos, por ali uns são amados e promovidos a altos
cargos e outros são odiados e perseguidos por conclusões de estudos às
oficiosas. Agora é a nomeação do PGR que está em causa, é o homem a quem caberá
arquivar uns processos (o do BPN) e avivar outros (Face Oculta e Freeport),
porque este PSD há muito que fez da justiça a luta política e conta mesmo com
uma quinta coluna de guerrilheiros dispostos a tudo para levar a direita aao
poder sempre que a esquerda ganha eleições.
Jerónimo de Sousa apresentou uma moção de censura, mas
desenganem-se os que pensam que um ano depois o PCP visa derrubar um governo
que lhe deu tanto trabalho a fazer eleger. O único objectivo da moção de
censura é forçar o PS a um óbvio voto contra ou abstenção para depois este
partido poder ser acusado da responsabilidade pelas políticas do governo cuja
existência muito deve aos rapazes de Jerónimo de Sousa, como é o caso de um tal
Mário Nogueira que parece aceitar mais facilmente o despedimento de professores
do que aceitou que a Lurdinhas mandasse oitocentos dos seus amigos trabalhar,
gente que há anos recebia ordenado sem entrar numa escola.
A ministra da Justiça fez mais um mapa judicial, no fim
deste governo vamos concluir que o seu maior contributo foi no domínio da
cartografia, desde o tempo das descobertas que não se produziam tantos mapas. Anda,
anda e ainda vai ver um dos seus mapas judiciais expostos na biblioteca do
Congresso dos EUA, ao lado das cartas do tempo das descobertas.
Tens um filho jovem? Ele está desempregado? Está disposto a
aceitar qualquer trabalho e a ganhar miseravelmente? Então agradece ao ministro
Relvas, o homem não é má pessoa, não anda em golpadas com agentes secretos de ética
duvidosa nem faz chantagem reles com jornalistas, não só não faz nada disto
como ainda é bonito e uma excelente pessoa, a ele devemos o impulso jovem, um
programa que vai entreter os jovens que não conseguirem fugir do país e do
governo que o governa.