Por mais aflitiva que seja a situação financeira do país, por mais curto de vistas que seja o senhor de Boliqueime, por mais incompetente que seja o governou ou por mais frágil que seja a actual classe política o país não pode viver permanentemente com políticos, governantes e empresários a navegar à vista. Há décadas que neste país ninguém pensa num cenário de médio ou longo prazo, a corrupção exige a conquista e manutenção do poder e isso implica ganhar eleições e as legislativas dura apenas quatro anos. O povo deixou corromper-se e adora enganar-se e ser enganado para votar em consciência nos que lhe dão mais.
A verdade é que debate-se mais o Europeu do que se debateu a entrada na CEE, debate-se mais a treta das PPP do que a entrada no Euro e o pior de tudo é que debate-se, debate-se, mas não se decide nada. A verdade é que alguém decide e fá-lo a pensar nos interesses do seu grupo de amigos ou de quem lhe pagou para chegar ao poder.
Estamos no euro para quê? O que ganhamos por estar no Euro? Qual o interesse em estar no Euro? Que solidariedade temos em troca de abdicarmos da nossa soberania? Quem nos garante que o colectivo europeu se preocupa em salvaguardar os nossos interesses? Porque razão havemos de olhar para os três idiotas da troika como se estivessem preocupados com o nosso país?
Começa a ser tempo de os portugueses começarem a pensar por si, a avaliar o interesse nacional na perspectiva de todos e em especial dos mais carenciados, de tomar as decisões em função da maioria e não dos grupos de interesses que manipulam eleições, destroem partidos e candidatos e transformam a nossa democracia numa encenação.
Manter-nos no euro? Sim e tudo devemos fazer para pagar o que devemos, mandarmos embora os três amigos do Gaspar e recuperar a soberania nacional, soberania que só recuperamos quando o país não estiver vulnerável aos mercados, isto é, quando o peso da dívida não nos impedir de tomar decisões sem o receio das indisposições de terceiros.
A médio e longo prazo devemos sair do euro e da União Europeia, nem o euro será a moeda que inicialmente foi concebida, nem a União Europeia já é a CEE a que aderimos. O país não ganhou nem vai ganhar nada com esta EU e mesmo que ganhasse é muito duvidoso que a receita fosse distribuída equitativamente.
Os nossos empresários poderão estar contentes porque os seus capitais estão em euros e podem fugir a qualquer momento, os banqueiros estão felizes porque a troika pode decidir que serão os contribuintes a financiar os seus capitais desgastados por vigarices, os patos-bravos como o idiota da CIP podem ficar excitados com os lucros que vão ter porque a troika impõe o esclavagismo, o corte de vencimentos e o senhor da Quinta Coelha assina tudo de cruz.
Começa a ser tempo de o país reflectir se o caminho que quer é o da perda da sobrenaia, da institucionalização do oportunismo e do esclavagismo, começa a ser tempo de decidir se quer que o país seja o Portugal que a Merkel admite ou o Portugal que queremos ser.