Se há qualidade que a direita portuguesa não tem nem nunca teve é a coragem, a direita portuguesa não assume os seus valores, assenta as suas estratégias na mentira e até consegue dizer-se social-democrata quando ao nível europeu está no partido da direita. Essa cobardia ficou evidente no dia 25 de Abril, desde o Rui Patrício a uma boa parte dos governantes a regra foi mijar pelas calças abaixo. Até o emproado brigadeiro Junqueira dos Reis, segundo-comandante da Região Militar de Lisboa não teve a coragem de puxa pela sua arma quando o cabo apontador José Alves Costa se recusou a abrir fogo no seu tanque M47.
Nos meses seguintes ao 25 de Abril não havia direita em Portugal e durante muito tempo os partidos da direita desdobravam-se em elogios ao MFA. Quando quiseram fazer frente ao MFA fizeram-na com recurso ao terrorismo e é bom dizer que os antecessores da alQaeda em Portugal foi a direita portuguesa. Hoje os separatistas dos Açores e da Madeira estão nos partidos da direita, os mesmos partidos onde se esconderam os terroristas do ELP.
As mais recentes baboseiras de Durão Barroso ilustram bem a relação desses paspalhos que andam armados em social-democratas com o fascismo. Se lhes perguntarem se são fascistas dizem que não, mas depois lá vão dizendo que antes do 25 de Abril tudo era perfeito menos os excessos da polícia e a guerra colonial. Mas alguns ainda usam o velho argumento de que a PIDE quase não fez vítimas e que morriam mais portugueses nos acidentes na estrada do que na guerra colonial. A direita portuguesa está cheia de “velhos” fascistas envergonhados e cobardes, que aproveitam todas as oportunidades para destruir o que quer que cheire a 25 de Abril e a democracia.
O recente incidente protagonizado pela senhora pensionista que foi a segunda escolha de Passos Coelho para presidir ao parlamento deu mais um exemplo de como a direita se relaciona com o 25 de Abril. Na primeira oportunidade foi mal educada, mas quando percebeu que estava ainda mais queimada do que já estava apressou-se a ir à Associação 25 de Abril. Não foi lá fazer nada, foi apenas usar Vasco Lourenço para melhorar a sua imagem, foi incapaz de assumir a decisão de impedir os militares de Abril de falar no parlamento.
À excepção de Humberto Delgado e de mais uma meia dúzia de personalidades a direita conviveu com o conforto que lhe era proporcionado pelo regime, só quando perdeu o poder se lembrou de ser democrática, algo que nunca tinha sido. O mais longe que foram foi terem assumido a designação de ala liberal de regime de canalhas, digamos que eram os canalhas mais liberais e simpáticos.