O Estado de um país é uma coisa séria, as suas reformas costumam levar anos a estudar, é debatida pelos cidadãos e ou resulta de um consenso alargado ou é sufragada através dos projectos partidários apresentados aos eleitores. Está em causa o futuro de um país, a qualidade de vida dos seus cidadãos, é um modelo que põe em causa dos direitos de cidadania.
A forma como este governo trata o Estado, a Administração Pública e os funcionários públicos é mais do que incompetente, é indigna e pouco própria de um país europeu. O governo não cumpriu o memorando com a troika no que se refere à reestruturação dos serviços públicos, fez uma fantochada com as juntas de freguesia, esqueceu-se dos municípios, não reestruturou um único serviço e ignorou as fundações e outros truques.
Quando se percebeu que o governo só sabia aumentar impostos e cortar salários, isto é, que só fazia o que não exigia muita inteligência, a própria direita começou a defender que tudo deveria ser iniciado pela reforma do Estado. Estávamos no tempo das evidências na crise na coligação e alguém no PSD se lembrou de usar a reforma do Estado como rasteira ao Paulo Portas. Este foi designado como reformador-mor e esqueceu-se da dita reforma durante muitos meses, até que apareceu com um projecto que mais parecia as instruções de utilização de um rolo de papel higiénico.
Foi gozado e o assunto ficou esquecido, mas eis que o governo meteu os pés pelas mãos com o último negócio com a troika e ficou sem saber como diria ao país que ia ignorar o Tribunal Constitucional convertendo cortes inconstitucionais em definitivos. Foi o que se viu, meteu briefings secretos com jornalistas e latinadas no parlamento, até que a Comissão tornou público o que o governo tinha decidido com a troika. Eis então que o espertalhão Paulo Portas descobriu uma saída, embrulhar tudo o que já estava decidido e avançar com a reforma do Estado.
É óbvio que não vai reformar nada, com as europeias entra-se em pré-campanha para as legislativas e à medida que estas se aproximarem teremos aí o imbecil do Durão Barroso a transformar os favores que diz ter feito ao país em cupões eleitorais, se calhar até vai sortear um Audi entre os que aceitarem exigir à mesa de voto a factura comprovativa de que votaram no Cherne.
Tudo isto é triste, é indigno e revela o baixo nível a que desceu a direita portuguesa, a que governa, a que presidência mas parece ter desaparecido e a que de forma cobarde fica calada.