terça-feira, abril 29, 2014

O país empobreceu?

Há quem diga que sim e estatisticamente isso é verdade, mas as estatísticas são um agregado e pela forma como o país está sendo governado também o é. Em Portugal não há hoje uma nação, há um agregado estatístico de uns milhões de cidadãos com um BI emitido pelo mesmo arquivo de identificação e que para cá circularem estão sujeitos a regras sobre as quais nada podem fazer pois não há qualquer relação entre os projectos eleitorais que aprova e as medidas governamentais depois adoptadas.

Temos fronteiras, temos um hino e uma bandeira, temos polícias, forças armadas e magistrados, temos ministros e autarcas, temos o Santana Lopes na Santa Casa e o Oliveira e Costa em casa, temos tudo isso e mais algumas coisas mas não temos nação. Não temos um governo honesto, não temos um presidente de todos os portugueses, não temos um povo que pense em termos colectivos. A única coisa que de vez em quando, depende da sua boa forma, nos faz sentir uma nação é o Cristiano Ronaldo.

Por isso quando se diz que o país empobrece estamos no domínio da ficção pois os agregados estatísticos não empobrecem ou enriquecem e enquanto país somos apenas agregados, uns milhões de cidadãos, um PIB uma dívida soberana, etc., etc., etc.. Quando passamos do agregado estatísticos, em que o merceeiro de esquina pode ombrear com o dono Eduardo Catroga, deixa de haver um conceito colectivo, passamos a ter uns que enriquecem, outros que empobrecem e alguns no meio que ficam mais ricos graças aos primeiros ou menos ricos graças aos segundos.
  
Basta ouvir o discurso de personagens como o Ulrtich para se perceber que não há país na hora de saber quem enriquece ou empobrece e a forma como isso sucede. Para os Ulrichs há uns e os outros, uns que são eles e os outros que aguentam até mais não. Uns podem continua a enriquecer porque é essa a ordem natural das coisas e não nasceram para aguentar o que quer que seja. Os outros porque nasceram para aguentar a troco da garantia católica de que possam melhor pelo buraco da agulha, o que se compreende, os ricos morrem por serem gordos enquanto os pobres mirram até morrer.
  
Quando se diz que o país empobreceu está-se dizendo que o somatório do enriquecimento de uns com o empobrecimento dos outros é negativo, mas daí não resulta que os que enriqueceram nada têm que ver com os que empobreceram, antes pelo contrário. Alguns dos mais ricos sofrem com a redução da produção de riqueza, mas a verdade é que conta com um governo empenhadíssimo em transferir a riqueza dos mais pobres para os mais ricos. Os ricos não empobrecem e os pobres empobrecem a dobrar.
  
Portanto é falsa a lenga lenga do empobrecimento do país, não falta por aí quem tenha enriquecido à custa da situação. O que não existem não pode empobrecer e nós não temos nem país nem nação, não há nenhum colectivo a ganhar ou a perder riqueza, há um aglomerado de gente sujeita a uma democracia podre em que uns governam de forma a retirar a pouca riqueza dos outros.