Se há palavra que caracteriza os nossos fascistas é cobardia e é isso que explica que depois de 48 anos de regime no dia 26 de Abril de 1974 Portugal era o país do mundo com mais democratas por metro quadrado. A direita organizou os seus partidos e a ala liberal do regime tornou-se num firme apoiante do MFA, depois de uma designação mais populista os nossos fascistas mais envergonhados assumiram-se como social-democratas, mentira absurda que ainda hoje mantêm chegando-se ao ridículo de muitos deles estarem mesmo convencidos de que são social-democratas, os outros são perigosos “socialistas”.
Nenhum deles defende publicamente o fascismo, podemos apanhá-los sentados sobre livros dedicados ao salazarismo mas na hora das juras são todos democratas, cada um deles mais democrata do que os outros, um dia destes ainda vão descobrir que era a esquerda que mantinha o antigo regime. Mas se não defendem abertamente o fascismo não conseguem deixar de elogiar o regime ou de exibir tiques de outros tempos.
Ficaram famosas as críticas às forças da obstrução, forças que agora voltam a ser um grande incómodo. Alguma direita ainda acha que é poder por obra e graça de Deus, que o normal é o país ser governado pela direita, a esquerda é incompetente e apenas leva o país à bancarrota. Um bom exemplo desta visão messiânica e fascista do papel da direita está presente no discurso do candidato da direita às europeias, candidato que, aliás, lidera um movimento político que herda dos fascistas a mania de fazer seu o nome de Portugal. A designação “Aliança Portugal” não passa de uma manifestação de um tique fascista muito típico da direita portuguesa. A direita representa os valores nacionais, a esquerda queima bandeiras de Portugal, pelo menos era essa a propaganda do antigo regime.
Mas se a cobardia os impede de defender o regime de forma frontal, não deixam de ser velhacos não perdendo a oportunidade de elogiar o fascismo. O truque é sempre o mesmo, fazem a sua profissão de fé na democracia, criticam o carácter ditatorial do fascismo mas, de seguida, só encontram virtudes. Naquele tempo havia emprego, o ensino praticava o rigor, era tudo bom. Para além da repressão tudo o resto no regime fascista era virtuoso. E mesmo a repressão era bondosa, apenas perseguia os comunistas e mesmos esses pouco mais levavam do que um puxão de orelhas.
O último idiota a usar esta estratégia para elogiar o fascismo foi Durão Barroso, o putativo candidato presidencial da direita e ex-líder do PSD, que se fosse alemão e tivesse elogiado o nazismo estaria neste momento excluído de qualquer carreira política.