O memorando previa que terminados os três Portugal regressaria aos mercados e o assunto ficaria “esquecido”, agora em vez de uma casinha com uma porta de saída o memorando passou a ter tantas portas como as do Terreiro do Paço e cada um inventa uma saída limpa à sua maneira, até aquelas que eram consideradas sujas já passaram a ser tratadas como limpas. Depois de três anos em que um coelho que ficou por esfolar decidiu esfolar os grupos sociais e profissionais que odeia nada foi feito e só isso explica tanta preocupação com a limpeza.
Cavaco quer ir morrer descansado e viver os anos que lhe restam com a sensação de que fez grande coisa, foi um primeiro-ministro que usou de forma incompetente as ajudas comunitárias, não tocando nas causas do subdesenvolvimento económico, deixou atrás de si um rasto de ladroagem que lembra os quarenta ladrões do Ali Babá, foi um presidente incompetente, com um discurso crispado e fazendo politiqueira, apoiou a espoliação e empobrecimento forçado dos pensionista e funcionários públicos. Agora quer um programa cautelar, isto é, quer que tudo fique bem preso em arames não vá o país entrar em colapso e alguém lembrar-se de que deve prestar contas ao país.
Depois de ter andado armado em Rolex o líder do CDS não tem outra saída que não seja uma saída sem troika, acabando com o protectorado de que andou a falar, até porque a imagem do Vasconcelos a ser atirado pela janela deve atormentar-lhe as noites. Depois de ter sido o partido dos pensionistas que tramou Paulo Portas quer que o CDS seja o partido limpinho e nas próximas eleições em vez de fazer campanha nas feiras vai fazê-la na secção do Skip nos supermercados dos merceeiro holandês.
Passos Coelho ainda não sabe o que fazer, se optar pelo Clarim para lavagem à mão ou pelo lava tudo do Paulo Portas. Se optar por uma limpeza total com recurso à lixívia arrisca-se a ver tudo a desmoronar mal o indiano se vá embora. Se políticos como Portas, Seguro e Cavaco não ficarem em liberdade condicional ao abrigo de um programa cautelar não tarda muito para que a Ilda vá a correr meter os puto na barraca porque vai haver pedrada. Portas vai dizer que a culpa foi do Pedro e o Tozé vai lembrar Cavaco de que foi ele o primeiro a sugerir eleições antecipadas, até as pôs à venda na feira da Ladra. Para Passos Coelho a melhor saída seria suspender a democracia e depois vir dizer que estava previsto no memorando e foi uma imposição da troika.
A verdade é que a merda é tanta que não há saída limpa alguma, o país não fez uma reforma séria, os cortes na despesa foram considerados inconstitucionais e tanto quanto se sabe a Constituição é a mesma, a dívida vai nos 130% do PIB, o crescimento económico é de quase zero, os quadros mais jovens e melhor qualificados partem em massa, os serviços públicos foram desvalorizados, desorganizados e lançados no marasmo, a credibilidade do sistema político está ao nível do Burkina Faso, o governo está recheado de gente que nem o merceeiro holandês contrataria para as suas caixas e muito menos para a sua fundação da treta.