Não seria de esperar outra coisa, num governo de bons cristãos tementes a Deus a Semana Santa tinha de ser um ponto alto em mensagens, flagelações, traições e ressurreições. Começamos pela ressurreição, a Santinha da Horta Seca que parecia ter morrido ou partido para outras paragens pois deixaram-se de se registar os famosos milagres, o correspondente na economia portuguesa dos fenómenos do Entroncamento. Mas a Santinha regressou esta semana em grande forma para excomungar a ministra das Finanças por ter tido a infeliz ideia de obter receita à custa dos petiscos lusos e da gulodice.
Outra imagem de profundo significado cristão foi a que ocorreu na Base Naval do Alfeite como o ministro Aguiar-Branco, uma espécie de grumete do governo. Inspirado nas tradições cristãs achou que devia sacrificar algo ao Senhor, mas como não tinha nem um cabrito nem um borrego à mão, optou por sacrificar um drone.
Paulo Portas optou por modernizar a lança e o vinagre do tempo dos romanos, agora fazem-se chagas recorrendo ao iPhone, vai daí e sacou o seu sofisticado aparelho para ler o parágrafo da sua Reforma do Estado supostamente aprovado em Conselho de Ministros, ao contrário do que acontece com a famosa taxa sobre os petiscos e guloseimas que parece ter sido aprovada num Conselho de Ministros reservado a ministros do PSD. Agora ficámos sem saber se é a reforma de Estado que foi abandonada ou se é a redução do IRS que é para esquecer.
No meio de toda esta confusão entre os seus discípulos e à beira de prestar contas ao Criador o ainda primeiro-ministro decidiu dar uma entrevista ao jornalista zipado da SIC Notícias. O país ficou a conhecer mais algumas das suas aldrabices e viu um primeiro-ministro que não sabe de nada, que desconhece os dossiers e que diz baboseira atrás de baboseira. Se alguém esperava pela sua ressurreição nesta semana enganou-se, as sondagens dão-no em queda e não vai ser outro zipado, o Rangel, a conseguir salvá-lo das trevas da derrota eleitoral nas europeias.