quarta-feira, abril 16, 2014

Já ganhei as minhas amêndoas

Se me cruzasse com Passos Coelho dava-lhe um chucho nas orelhas, desde o primeiro Natal do seu governo que não me sentia tão prendado, principalmente depois daquele tipo com um ar de anormalão de meter medo ter explicado com aquele ar de imbecil o famoso desvio colossal nas contas públicas com que justificou o corte dos subsídios. 

Ontem dormi descansado e feliz, Passos Coelho tranquilizou-me, depois de me cortar 25% dos meus rendimentos, de me aumentar os descontos da ADSE até esta dar lucros e mais o corte de qualquer expectativa de uma reforma digna posso ficar descansado, pelo menos por agora não me vaio cortar nada. É um facto de que os cortes são temporários e Passos não confirmou a sua transformação em cortes definitivos, mas tranquilizou-me, no próximo ano recebo o mesmo que recebia Há quinze anos.
  
È uma sorte ter um primeiro-ministro como este e até cabe aqui um elogio ao Ferreira Jornalista, de quem aprecio aquele ar de salvador da pátria e o olhar para um ponto que se situa mais ou menos vinte centímetros acima da cabeça do interlocutor, tem um olhar inteligente que me lembra a expressão do meu cão quando fica todo contente porque vai mijar à rua. Podemos continuar com cortes inconstitucionais, podemos estar a suportar a austeridade para que os Ulrichs possam continuar acima de qualquer risco, mas,pelo menos, sabemos que os cortes não serão alargados.
  
O país parece um imenso salão da sado-masoquismo em que todos os portugueses estão sujeitos aos prazeres da dominadora Passos Coelho. Ao fim de três anos já estranhamos quando não nos é infligido mais um castigo pela dominadora, até é de estranhar que os portugueses não tenham saído à rua exigindo mais cortes pois sem eles perdem o prazer que têm sentido.
  
Se não fosse esta estranha sensação de que me falta qualquer coisa que me tira o prazer, transformando 2015 num ano monótono como aqueles que vivíamos antes destes jotas da treta chegarem à liderança dos grandes partidos, diria que era um português inteiramente feliz. Mas pode ser que até ao fim do ano, se qualquer coisa correr mal ainda venhamos a ter o prazer de mais um corte nos rendimentos.