O BPN era o único banco a fazer negócios manhososos em off shores? O BPN era o único banco com créditos incobráveis na sequência de negócios duvidosos com amigos? O BPN era o único banco com envolvimento no poder? O BPN era o único banco com empresas benefeciárias de negócios fáceis com o Estado? Jornalistas inteligentíssimos como o Ferreira da SIC Notícias nada sabiam do BPN? O Pinto Balsemão, n.º 2 do partido da maltosa do BPN nada sabia e o seu grupo de comunicação social nada soube?
Sejamos honestos, muitos dos bancos portugueses fazem negócios absolutamente idênticos aos do BPN, em menor escala, com mais ou menos sorte, mas todos fazem. Muitos dos bancos portugueses estão envolvidos com políticos tal como estava o BPN e basta ver os nomes dos seus corpos gerentes para se perceber que a política portuguesa é uma espécie de escola de formação de administradores bancários. Os bancos integrados em grupos empresariais vivem dos negócios do Estado, basta ver a frequência com que o nome Espírito Santo aparece associado a negócios públicos.
Então se isto é assim porque razão não há bardamerda neste país que se esqueça das suas velhas amizades partidárias para condenar agora o BPN e nada se diz de nenhum dos outros bancos? Porque razão os jornalistas, os seus órgãos de comunicação social e os seus directores ficam tão excitados a atacar o BPN e sofrem de disfunção sexual quando a Claudia Schiffer se chama BES ou BCP? A razão é muito simples, o BPN caiu em desgraça, deixou de pagar publicidade, os seus políticos caíram em desgraça, deixou d pagar viagens e de mandar prendas, deixou de financiar donos da comunicação social a juros baixos, deixou de ser útil.
A verdade é que neste país os bancos decidem quando vem a troika, impedem que se fale de reestruturação de uma dívida da qual são os grandes beneficiários, viabilizam ou inviabilizam jornais em função da forma como estes noticiam factos relacionados com os seus negócios, com a vida dos seus accionistas ou com os seus interesses, decidem quais são os políticos que chegam ou podem chegar ao poder e quais os que devem ser derrubados. Quem manda em Portugal é a banca e a razão é simples, têm o dinheiro, dinheiros que nem é deles mas têm-no e é com dinheiro que se compram batatas, jornalistas e políticos.
É normal que a banca tenha este poder numa sociedade em que o capital tem um papel tão importante na economia, mas o caso português não se explica apenas pela lógica do capitalismo, no caso português há um outro factor bem mais forte do que o capitalismo, é a corrupção. Corrupção no sentido penal, mas também a corrupção moral, a corrupção dos valores éticos, a corrupção política, uma corrupção que nos apodrece e apodrece o país. A banca é a grande máquina que distribui os benefícios resultantes da miséria que há no país, é a banca que decide quais os políticos bem sucedidos na vida, quais os jornalistas com carreiras mais promissores, até decide quais os bispos que dão as missas mais bem frequentadas.
É preciso combater a corrupção e para o fazer não basta o que pretendem alguns campeões desta luta, a corrupção mais grave não está no agente da PJ que acompanha meio quilo de ouro até à fronteira para pouparem no IVA, a banca carrega toneladas de ouro de onde e para onde quer, consome os recursos nacionais, compras e distribui benesses a quem quer e nenhum banqueiro está preso. O único que foi incomodado foi o Oliveira e Costa e mesmo assim há por aí quem o queira ilibar dizendo que a culpa não é do criminoso mas sim de um qualquer que o poderia ter denunciado.
Todos os bancos comem trigo e só o BPN é que paga, os que agora tentam atirar as culpas da fraude do BPN sobre esta ou aquela pessoa ou entidade, são os mesmos que no passado sabiam de tudo, que lambiam o cu ao Oliveira e Costa e ao Dias Loureiro, com o mesmo voluntarismo com que o lambem ao Ulrich ou ao Ricardo Salgado. É gente que vive à custa do país, que se se alimenta das benesses da banca, que fazem carreiras corruptas à sombra da protecção do dinheiro, tudo para que o povo continue nesta miséria asfixiante. E o mais grave é que na hora de votar os eleitores votam onde o Ulrich, o Oliveira e Costa, o Dias Loureiro, o Ricardo Salgado querem.