sábado, outubro 31, 2015

Entrevista a uim eleitor do PS

Jornalista: Então o meu amigo votou no PS?
Eleitor: claro.
J: E leu o programa do PS?
E: Não, votei porque gosto do António Costa.
J: Queria o Costa para primeiro-ministro?
E: Não, eu sou como o Assis, acho que o Costa era candidato a líder da oposição.
J: Líder da oposição? Mas não votou no programa do PS.
E: Claro que não, se eu votei no Costa para que ele fosse líder da oposição não valia a pena ler o programa, ele nãop fez um programa de líder da oposição?
J: Então votou no PS para quê?
E: Nas últimas eleições o Portas pedia para votarem nele porque ele ia ser o amaciador e o Passos o Skip…
J: E depois esqueceu-se.
E: Pois é, e eu achei que esse era o papel do António Costa.
J: Então não está desiludido com a derrota de Costa?
E: Antes pelo contrário, sempre desejei que fosse o Passos a governar.
J: Mas não fazia mais sentido ter votado no PaF?
E: Não votei no PaF por causa da República, Paulo Portas é monárquico e antes de ser do euro tem de ser republicano ser quer ser governo!
J: Então concorda com o programa do PaF?
E: Não.
J: Não?
E: É por isso que votei no PS, assim Passos Coelho vai fazer um programa sabendo que nem todos os que o queriam no governo gostam do seu programa. É por isso que todos o queremos no governo mas nem todos queremos o programa.
J: E os do PCP?
E: Esses gostam do programa do PS mas são contra a união bancária.
J: Mas você não queria ver um governo do PS?
E: Não, eu voto no PS, voto desde os 18, mas o que eu acho mesmo natural é que seja a direita a governar. É como nos sumos, eu gosto de Sumol mas acho que o que é natural ´+e mais o Compal.
J: O senhor é amigo do Ângelo Correia ou do Pires de Lima?
E: porquê?
J: Eles dizem que todos os seus amigos votaram PS por quererem o PSD a governar, é como senhor.
E: Tem graça que eu acho que conheço o Pires de Lima de qualquer lado, mas como prefiro a Sagres não me lembro bem de onde.
J: Então não só os amigos de Pires de Lima que votarem PS a querem a direita a governar…

E: Não, todos os que eu conheço que votaram no PS fizeram-no como eu, estavam convencidos de que o Costa não queria governar e deixava o lugar ara o Passos Coelho.
  

sexta-feira, outubro 30, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Cavaco Silva

Cavaco Silva insiste em ignorar a Constituição ao dizer que este governo tem toda a legitimidade para governar", Cavaco ainda não reparou que quem dá a legitimidade a um governo é a aprovação parlamentar e não a indigitação do primeiro-ministro ou a cerimónia de posse.

«O Presidente da República iniciou o seu discurso na tomada de posse do XX governo constitucional repetindo uma frase que disse quando deu posse ao segundo Governo, minoritário, de José Sócrates em 2009: "O Governo que hoje toma posse tem plena legitimidade constitucional para governar." E terminou da mesma forma, afirmando que “a ausência de um apoio maioritário no Parlamento não é, por si só, um elemento perturbador da governabilidade” e que o horizonte temporal de acção de qualquer Governo “deve ser sempre a legislatura”.

Cavaco Silva justificou esta legitimidade com dois argumentos fundamentais: "É a força que ganhou as eleições que deve formar governo.” E porque "até ao momento da indigitação do primeiro-ministro [a 22 de Outubro] não me foi apresentada, pelas outras forças políticas, uma solução alternativa de Governo estável, coerente e credível".» [Público]

 Uma rapariga muito inspirada

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 O governo dos trinta dinheiros

Este governo poderia ser conhecido por muitos nomes a começar por governo zombie, um governo que nasceu morto e que durante duas semanas andará por aí a fazer de alma penada. Mas a melhor designação para este governo é o governo dos trinta dinheiros.

O argumento de que a posse de Passos Coelho fazia parte do roteiro constitucional é pura mentira, ainda ontem o pequeno Rangel manifestava a esperança de ver o governo passar no parlamento e depois da entrevista de Jerónimo de Sousa quase toda a direita parece ter ganho nova alma. É uma direita sem grande dignidade esta que exclui o líder do PCP da democracia e depois deposita nele todas as esperanças de transformar a sua meia vitória em vitória.

O que viabilizou este governo não foi a Constituição, foi a esperança de que a traição de deputados do PS permitisse à direita governar. É a primeira vez na Europa que uma direita sem maioria parlamentar aposta em deputados traidores para conquistar o poder. Este é o governo dos trinta dinheiros, um governo que depositou a sua esperança em deputados disponíveis para trair os seus eleitores. Que belo exemplo de democracia que nos deu este Passos Coelho mais a sua trupe.
  
 Uma pergunta ao Senhor Costa

Segundo o comunicado do BdP a escolha de Sérgio Monteiro explica-se porque “foi identificada a necessidade de encontrar um responsável de reconhecido mérito e elevada experiência em operações desta natureza que pudesse assegurar a coordenação e gestão de toda a operação, incluindo o acompanhamento do programa de transformação a implementar pelo Novo Banco, que é condição essencial para a sua venda.”

O senhor governador do BdP importa-se de explicar quantos bancos é que o licenciado Sérgio Monteiro já vendeu ou em que grandes investimentos esteve envolvido.

 Coisas estranhas
 
Poucas horas depois de o processo da Operação marquês estar aberto à devassa de jornais estes encontraram logo petiscos noticiosos. Como os terão encontrado em tão piouco tempo nio meio de 80 mil páginas?

      
 Não é por ser inócuo que nos devemos calar
   
«A 4 de outubro, houve uma revolução, cuja dimensão fica entre Revolução Industrial e a minha revolução pessoal, esta semana, em deixar de comer fiambre. Mas 4 de outubro trouxe, mesmo, uma rutura. Antes, havia dois partidos que se autoexcluíam de governar. Depois, os deputados tresmalhados do BE e do PC passaram a querer ser tão normais quanto os restantes. Vale o que vale, não vale o motor a vapor de James Watt mas vale mais do que o meu temor de carnes processadas. O que vivemos por estes dias foi um avanço da nossa democracia. Ganhámos todos. Bloquistas e comunistas por, enfim, poderem dar o seu contributo sem meio mas. Socialistas, apesar do risco que passam a correr com alianças instáveis. E a direita, apesar de perderem a cumplicidade implícita que a autoexclusão do BE e do PC lhes trazia nas contas parlamentares... Hoje, a nossa democracia está mais adulta. Uma revolução, disse eu, apesar do abrupto estender-se sempre um bocadinho no tempo. A Revolução Russa, de 1917, foi também uma em fevereiro, com a democracia parlamentar, e outra em outubro, quando os sovietes assaltaram o Parlamento. É, as revoluções às vezes andam para trás. A nossa revoluçãozinha, passo em frente, está feita. Aquilo do sindicalista Arménio Carlos querer ir para a porta da AR no dia do voto de rejeição não é, claro!, querer repetir 1917. É só tolice. Que ele não a entenda é a prova de que as boas revoluções são as reformas permanentes.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 A aritmética de um imbecil
   
«Horas depois de ter tomado posse como ministro da Defesa no segundo Executivo liderado por Passos Coelho, José Pedro Aguiar-Branco manifestou-se contra “a conspiração de secretaria” que diz ter tido lugar “nas últimas semanas”. Através de uma publicação na sua página do Facebook, Aguiar-Branco sublinha que “o povo não vota pela negativa”, mas antes “em quem quer que governe o país”.

Numa publicação marcada por duras críticas aos partidos de esquerda, o ministro da Defesa frisa que, a concretizar-se, uma solução governativa liderada pelo PS será formulada por “três partidos derrotados nas eleições que se juntam e cujo único acordo conhecido é votar contra um programa que nem sequer conhecem”. Aguiar-Branco aproveita ainda para lançar farpas: “A ética republicana, sempre tão apregoada por alguns, obrigaria, agora, ao respeito da vontade popular”, disse, concluindo que “por muitas contas que se façam três derrotados somados não dão um vencedor”.» [Expresso]
   
Parecer:

Pois, nada consegue transformar uma minoria vitoriosa numa maioria parlamentar.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Aguiar-Branco que se deixe de aritméticas e que vá brincar aos drones.»

   
   
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O enterro do cavaquismo um dia antes da noite do Dia das Bruxas


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Imagine-se que há três anos atrás alguém me perguntava qual o fim de mandato menos digno que eu poderia desejar a Cavaco Silva, o fim mais triste e degradante para essa personagem que um dia Portugal teve o azar de ver cruzar-se com a sua triste história. Cavaco nunca me mereceu a mais pequena consideração, nunca o tive por exemplo de honestidade, sempre o achei mesquinho e sempre o vi como um Oliveira de terceira categoria, um ruralista sem consistência ideológica e de competência questionável.
  
Se me fosse pedido isso teria desejado o pior a essa triste figura mas tenho de confessar que com Cavaco Silva a realidade tem sido bem mais criativa do que a minha imaginação. Se eu tivesse desejado que Cavaco fosse obrigado a dar posse a um governo mais á esquerda do que o de José Sócrates, com os famosos socráticos empenhados nessa solução e que quinze dias antes Cavaco tinha tomado a sua iniciativa de na véspera do Dia das Bruxas dar posse a um governo zombie, formado de cadáveres políticos saídos de uma festa eleitoral onde se comemorou a grande vitória do primeiro-ministro nado-morto da história de Portugal, teriam dito que eu só podia estar a delirar.
  
Mas foi dessa forma que a história de Portugal se vingou desse senhor de Boliqueime, obrigou-o a manter-se no exercício do seu cargo fazendo o seu funeral três meses antes de ser autorizado a retirar-se. Hoje morreu o cavaquismo e para festejar a Presidência da República organizou a cerimónia mais ridícula da história da República. Cavaco Silva vaio dar posse ao seu governo, o governo que desejou e que imaginou que mereceria o apoio de uns quantos deputados traidores. É um governo de zombies que por carreirismo fizeram o seu último frete a Passos Coelho, muitos deles nem ouviram muito bem qual a pasta que vão ter. 
  
Só alguém que não está na posse das suas capacidades, um verdadeiro morto-vivo da República, se lembraria que uns quantos deputados do PS iriam trair o seu partido e os seus eleitores para aprovarem um governo sem apoio, com uma política detestada pela maioria dos portugueses e dirigido opor um primeiro-ministro que quer manter-se no poder mesmo contra a vontade da maioria do parlamento. Convencidos de que o golpe resultava moveram dezenas de comentadores e constitucionalistas para que se chegasse a este ponto, agora o país vai assistir à cerimónia mais ridícula de que há memória. Nem os Gatos Fedorentos se lembrariam de uma coisa destas.
  
Só é lamentável que a posse não ocorra amanhã pois terminada a cerimónia hilariante Cavaco, a esposa, o pequenote, os seus ministros e respectivos ajudantes podiam ir jantar e depois aproveitarem o facto de já estarem vestidos de governantes mortos-vivos e podiam ir brincar ao Halloween. Aliás, o disfarce da moda para este ano vai ser o fatio e grava pois quem se apresentar vestido dessa forma corre o risco de lhe perguntarem quando foi o funeral.
  
O fim do cavaquismo teve a celebração que merecia, um presidente a quem já ninguém liga e só anda por aí porque no plano político se esqueceram de um enterrar que usa os palácios para dar posse a um governo fantoche, de gente que vai fazer de conta que são governantes. Pagava para assistir a esta cerimónia e pagava ainda mais para assistir à próxima, quando Cavaco tiver de dar posse ao seu maior pesadelo. Nesse dia muitos como eu farão um sorriso só de imaginar o Cavaco a ter um fanico ao ver um Sócrates a cumprimentar o se sucessor António Costa.
  
Enfim, cá se fazem, cá se pagam e o homem que um dia disse eu ia ajudar Mário Soares a terminar o mandato com dignidade acaba agora o seu de forma ridícula e degradante, da forma que ele merece, a forma apropriada para o presidente mais incompetente da República.



Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Sérgio Monteiro, leiloeiro

Há situações que só merecem um comentário, é preciso lata. Lata por parte do governante e lata por parte do governador do BdP que não deve ter reparado que se realizaram eleições. Enfim,, agora só resta ao Monteiro convidar a Maria Luís para sua assessora e fica tudo em família.

«Sérgio Monteiro vendeu quase tudo o que havia para vender no Estado enquanto passou pelo Governo. Agora que saiu vai continuar a fazer aquilo que o notabilizou, ao ser contratado para vender o Novo Banco.

O ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações vai tornar-se a peça fundamental em todo o processo de alienação do Novo Banco. Uma espécie de PMO (project management officer) que será responsável máximo pela venda.

A sua contratação resulta da necessidade detetada pelo Banco de Portugal e pelo Novo Banco de ter alguém exclusivamente ligado ao projeto, já que as pessoas que atualmente tinham essa responsabilidade acumulavam com outras funções dentro do regulador do sector financeiro.

O facto de Sérgio Monteiro ter acumulado uma experiência significativa nos últimos anos nos vários processos de privatização que liderou e de ter passado pela banca de investimento tornaram a sua escolha bastante fácil. O ex-secretário de Estado será contratado pelo Fundo de Resolução através de um contrato de prestação de serviços, que terá a duração necessária até à venda do banco.

Durante o processo de escolha, os vários bancos do sistema que contribuem para o Fundo de Resolução foram contactados através da Associação Portuguesa de Bancos de modo a validarem o nome de Sérgio Monteiro. A nova cara da venda vai manter o vínculo à Caixa Banco de Investimento. Nem Sérgio Monteiro nem o Banco de Portugal estiveram disponíveis para comentar.» [Expresso]

 Diga-me cá uma coisa ti Costa
  
A venda do Novo Banco está a dar para muita gente se encher, a começar pelo próprio governador do Banco de Portugal que foi reconduzido no cargo com o argumento de que estava a acompanhar a venda do Novo Banco. Depois foi o que se viu, a venda falhou mas o senhor Costa, um dos mais firmes apoiantes da experiência da desvalorização fiscal concebida por Gaspar e implementada pelo iletrado Passos Coelho, ficou no lugar.
  
Agora ainda o rapazola dos transportes ainda não arrumou o gabinete e já se sabe que tem lugar garantido pelo senhor Costa, vai acompanhar a venda do Novo Banco. Dizem que o homem percebe muito da coisa. O problema é que o senhor Costa já gastou fortunas a contratar gente que sabia muito de venda de bancos e que ganharam milhões para fazerem o que agora dizem que o Monteiro vai fazer.
  
O senhor Costa contratou a Paribas por adjudicação directa para fazer o que agora dizem que o Monteiro vai fazer. Leia-se o que se escrevia no DN no passado mês de Maio:
  
«O BNP Paribas foi contratado com uma remuneração mensal fixa de 250 mil euros, durante dois anos, e um prémio, em caso de sucesso, de 10 milhões. O contrato foi celebrado a 7 de abril de 2015, mas não foi o único. Na mesma data, o BdP formalizou o vínculo com a TC Capital, uma "boutique financeira" com sede em Londres. Um contrato em ajuste direto, por dez meses de prestação de serviços, ainda que o trabalho, conta hoje a TSF, tenha começado já em outubro de 2014. Aos 15 milhões de euros que o BdP terá de pagar ao BNP Paribas, somam-se assim 800 mil euros, já que o contrato com a TC Capital prevê uma remuneração mensal fixa de 30 mil euros e um prémio de sucesso de 500 mil.

A TC Capital é propriedade de Phillipe Sacerdot, antigo diretor-adjunto para a área da banca de investimento no UBS, onde se cruzou com António Varela, antigo representante do banco suíço em Portugal. Varela é vice-governador do BdP desde setembro do ano passado. Em outubro, diz a TSF, a empresa de Phillipe Sacerdot começou a assessorar a venda do Novo Banco, apesar de o contrato só ter sido formalizado em abril deste ano, e o documento foi assinado pelos vice-governadores António Varela e José Ramalho.


A TSF questionou o BdP sobre o novo assessor financeiro no processo de venda do Novo Banco, tendo obtido confirmação do gabinete do governador Carlos Costa: "além do BNP Paribas, o Banco de Portugal, enquanto Autoridade de Resolução, contratou a TC Capital como assessora financeira do processo de venda do Novo Banco".» [DN]

Ora. se o BdP está a pagar fortunas ao Paribas e à TC Capital com que argumento contratam agora o Sérgio Monteiro? Parece que para arranjar empregos aos amigos da ministra das Finanças não falta dinheiro.
  
Começa a ser tempo de o senhor carlos Costa resignar de um cargo que nunca devia ter aceite e para o qual nunca devia ter sido nomeado.



 O lóbi da vaca em acção

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 Ó Jerónimo, cala lá esses gajos

Durante quatro anos ninguém deu pela presença do Mário Nogueira, se não tivesse ocorrido uma conversa cordial com Passos Coelho no meio da rua e uma cerimónia ao lado do Alberto João niguém teria percebido que o destemido sindicalistas ainda estava no activo. Agora já se comporta como se o sindicalista dos professores fosse uma espécie de ministro da Educação por inerência. E enquanto o Mário Nogueira está à beira de uma paixão assolapada pela Lurdinhas o Arménio Parece querer prestar homenagem ao pessoal da cintura industrial de Lisboa, a muralha d'aço de Vasco Gonçalves que hoje se deleita no consumismo do Belmiro de Azevedo, vai cercar o parlamento mostrando que o líder da CGTP vai passar as ser um ministro sombra do trabalho.

Não seria melhor o Jerónimo dizer a essa rapaziada que o Lenine não ressuscitou e que o Putin ainda manda em Moscovo?




 O Governo do Solnado
   
«Portugal ensandeceu de vez. Pelo menos a julgar pelo que se lê, ouve e vê nos media. O assunto do momento, que consome a atenção de jornalistas e comentadores, é a formação de um Governo que na realidade não é bem um Governo, mas uma "coisa" cuja única função é ser deitado abaixo.

Foi criado simplesmente para cumprir a formalidade de uma rejeição parlamentar. Democracia? Criar governos para serem derrubados? Se é isto a tal estabilidade tão apregoada, indispensável para sossegar os mercados, vou ali e já venho. Citando um famoso gaulês: estes portugueses devem estar loucos.

No entanto, muita gente fala como se a criatura tivesse destino ou serventia. Cúmulo do delírio: Passos Coelho declara que este é um Governo para quatro anos. Delirante, mas entende-se. De alguém habituado a afirmar coisas que não correspondem minimamente à realidade. Mas o que dizer dos múltiplos comentários sobre a composição, os ministros, as suas carreiras e as qualificações, os novos ministérios? Quando se trata de algo que não existe, de uma farsa, animada por gente que se alistou para uma curtíssima visita ao deserto. Uns quantos que se dispuseram a uma figuração irrelevante, a serem o pano de fundo de uma cerimónia ridícula, a tomada de posse, e de seguida, humilhante, a queda no Parlamento. Tropa que vai para onde a mandam, mesmo conhecendo o desfecho mortal. Fica uma linha no curriculum, mas que será sempre uma mancha, um borrão inestético, um percalço que servirá o riso, a galhofa, não a compostura e ainda menos a dignidade.

No meio desta loucura, do pequeno coletivo que disserta sobre o país, são particularmente notáveis os comentários sobre os novos ministérios. A novidade, o seu alcance, a sua importância. Ora a criação de um novo ministério implica um conjunto de reajustamentos orgânicos que este Governo não vai poder fazer. Nem vão ter tempo de imprimir cartões de visita, quanto mais.

Estamos a viver uma piada nacional. Uma anedota. Faz lembrar a guerra do Solnado. Está lá, é do Governo? E desata tudo a rir.

Como é então possível que tanta gente alinhe numa paródia desta dimensão? Duas palavras explicam: radicalismo e podridão. Portugal que nunca foi radical derivou nestes últimos anos para o radicalismo político. A direita, munida de simplismos e legitimada pelos tais muito vagos e abstratos mercados, tornou-se radical na sua visão da sociedade e agiu em conformidade. Aceitou ser capataz contra o seu próprio povo, que desdenhou, criticou e condenou à miséria, atacou cegamente a própria ideia de serviço público, vendeu o país ao desbarato. No processo foi arrogante, perdeu qualquer capacidade de diálogo, abandonou o centro para se acantonar em posições extremistas comuns a muita da extrema-direita que vai crescendo por essa Europa fora. 

Esse radicalismo, como num pêndulo, teve o efeito perverso de gerar uma posição singular, inesperada, na esquerda, que, sem outra saída, se radicalizou também. Daí que Portugal esteja hoje tão claramente dividido entre esquerda e direita, sem qualquer possibilidade de entendimento entre os dois campos. Não sei se a longo prazo isto é positivo, mas já no final dos anos 1980 alguns intelectuais americanos propunham, virando-se para a esquerda: sejamos radicais, porque é que só a direita se pode divertir? Não correu mal. Acabaram por eleger Obama.

A derrota eleitoral da coligação de direita, pois venceu no número mas perdeu na espécie, devia ter servido sobretudo no PSD para uma reflexão, uma chamada de alerta, um regresso ao centro, à social-democracia. Tal como tem exigido Pacheco Pereira e outros, poucos. Mas não. Preferiu-se a fuga para a frente, a radicalização do radicalismo, expressa na formação deste Governo vergonhoso, mas sem vergonha. O resultado é a degradação, a ruína do partido e das ideias que o dominam. O Governo faz de conta, o Governo do Solnado, não é só um momento particular da paródia nacional. É o sinal da podridão do PSD. Vai ser penoso recuperar.» [Jornal de Negócios]
   
Autor:

Leonel Moura.
   


 Arménio, a esperança de Passos
   
«E ainda dizem que vivemos num ambiente crispado... Ontem, o homem da CGTP, Arménio Carlos, convocou uma concentração, frente ao Parlamento, para o dia do voto de rejeição. Os meus amigos de direita ouviram-no entre sussurros de admiração: "Isto é que é falar!", disse um. Não eram só aplausos de plateia passiva, percebi que os meus amigos estavam sinceramente enlevados: "Quem dera que os telejornais abram com as palavras do nosso Arménio..." Já era deles, o sindicalista. Mas a convocação foi feita numa conferência de imprensa e os jornalistas não quiseram saber dos pormenores que deleitavam os meus amigos. Estes gostariam que o líder da CGTP, além da brilhante ideia, a desenvolvesse. Arménio, quando os deputados subirem a escadaria de São Bento, vocês vão apertar com eles? Já têm a lista dos indecisos socialistas, para lhes prometer uma espera caso se bandeiem para o outro lado? E, se a rejeição falhar, cercam o Parlamento ou entram por ali dentro a expulsar a escumalha?... Alguns dos meus amigos de direita são da minha geração e foram, como eu, da extrema-esquerda. Um que ainda tem lá em casa uma bandeirola com o cerco da Constituinte há 40 anos já estava disposto a oferecê-la à CGTP, "mas só se o Arménio a mostrar na próxima conferência de imprensa". O mais cínico dos meus amigos de direita explicou-me aquela ânsia por ouvir mais e mais do líder sindical: "Quando um adversário se enterra, rezamos para que não se cale."» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 Pobre desgraçado
   
«O novo ministro da Justiça, Fernando Negrão, diz que “não há disponibilidade para um Governo de gestão”. Falando em entrevista à Antena 1, esta quinta-feira, Negrão reafirma que o novo Executivo pode conseguir aprovar o seu programa, mesmo estando os partidos de esquerda a negociar uma moção de rejeição única relativa ao documento.

O deputado social-democrata, que perdeu a eleição para a presidência da Assembleia da República, afirma que o Presidente da República “fez um discurso efetivamente veemente” em que explicou as “consequências de um Governo formado pela coligação de esquerda”, quando, na semana passada, anunciou a indigitação de Pedro Passos Coelho ao país. No entanto, se Fernando Negrão admite a possibilidade de António Costa vir a ser indigitado primeiro-ministro se o programa de Passos for chumbado, também afasta a hipótese de o Executivo continuar em funções de gestão: “Tudo aponta para que o Governo não esteja disponível”, sustenta.

Na mesma entrevista, ficou patente a esperança de Negrão na “votação em consciência”, isto é, na possibilidade de que 14 deputados socialistas, aparentemente indisciplinados, “possam viabilizar” o Governo de direita. Cauteloso, o futuro ministro considera que “se o acordo à esquerda tiver uma amplitude de tal modo perigosa para o país¨, esses deputados podem repensar a decisão de fazer cair o Executivo de Passos.» [Expresso]
   
Parecer:

Este homem é um azarento, queria ser presidente da AR mas a tradição deixou de ser o que era, foi para ministro e vai acabar a festejar o Halloween com o fato com que foi à posse. Depois da abada na eleição do presidente da AR é preciso ser um pouco a dar para o imbecil esperar que haja deputados do PS a trair os eleitores para que ele seja ministro.,
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Hora de ajeitar o currículo
   
«Miguel Pinto Luz, presidente da Distrital de Lisboa do PSD, será o novo secretário de Estado da Economia e Virgílio Macedo, presidente da Distrital do Porto do PSD, o secretário de Estado da Administração Interna. Estes são alguns dos novos secretários de Estado que vão ser divulgados ainda esta tarde, segundo apurou o DN. Miguel Pinto Luz é atualmente vice-presidente da Câmara de Cascais.

Outros nomes novos no elenco de secretários de Estado, são Mónica Ferro, do PSD, e Teresa Anjinho, do CDS, excluídas das listas de deputados, que são assim "compensadas" com a promoção. A primeira na Defesa, a segunda na Justiça.

Outro nome do "aparelho" social-democrata que vai tomar posse é Pedro do Ó Ramos, ex-presidente da distrital do PSD de Setúbal e atual vice-presidente do grupo parlamentar. Este deputado foi quem dirigiu a campanha de Passos Coelho na sua última recandidatura a líder e é tido como muito próximo do primeiro-ministro. Será secretário de Estado do Mar.» [DN]
   
Parecer:

Parece que o pessoal das distritais passou a ter no currículo o cargo de secretário de Estado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

   
   
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quinta-feira, outubro 29, 2015

Os superiores interesses nacionais

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Da mistura entre o que nos diz o oráculo da Quinta da Coelha com os segredos das rezas com a Nossa Senhora de Fátima resuoltam os seguintes superiores interesses nacionais, lidos e interpretados por quem o dom exclusivo de os interpretar para que os lopras que insistem em residir na parte ocidental da península os ouçam e obedeçam cegamente ao seu guru de Boliqueime:

Temas como a NATO, a EU ou os acordos e tratados adoptados no âmbito da União passam a estar permanentemente em questão só porque um governo toma posse apoiado num acordo de viabilização. 

A economia deixou de ter qualquer previsibilidade, os agentes económicos deixam de ter certezas, os investidores devem adiar sine die as sua decisões, o país agora é governado por um grande timoneiro que estudou todos os cenários e que decidira em cada momento os enigmas que o país deverá enfrentar no mês seguinte.

Os mercados podem ficar tranquilos, as agências de notação podem manter Portugal na classificação de lixo reciclável porque em circunstância alguma um governo iluminado, mesmo que de gestão, será substituído por um perigoso governo de vermelhos.

O país só tem a ganhar com discursos confusos, decisões menos claras, estigmas contra os portugueses que defendam ideias ou soluções diferente das da direita mais conservadora.
Quando necessário os superiores interesses nacionais justificam o apelo às manifestações de rua, o lançamento de acusações golpistas ou a conspiração contra governos escolhidos pelos portugueses.
É do superior interesse da nação que tudo se faça para dividir ou destruir partidos que não partilhem das nossas opiniões ou que não obedeçam aos nossos desejos.

É do superior interesse da nação chamar a atenção dos mercados para a preciosa ajuda que seria a instabilidade e o aumento das taxas de juros em nome da defesa do governo desejado por quem tem o dom de interpretar esse mesmo interesse.

O superior interesse nacional foi determinado com imparcialidade, com superior inteligência, com infalibilidade e com a ajuda da Nossa Senhora de Fátima, graças às preces da dona Maria. Além disso, não estão envolvidos quaisquer interesses pessoais, a Quinta da Coelha já está paga, com a recuperação das pensões em boa hora decidida pelo TC as contas estão sob controlo e há muito que não se fazem acções porque nos últimos tempos o Oliveira e Costa anda um bocado afastado dos negócios, por causa de um pequeno problema de saúde.  
  
Na boa linha do Oliveira, ainda que esse nunca tenha tidos vivendas de luxo e muito menos acções no BPN,  os superiores interesses nacionais são definidos acima de quaisquer ideologias, de interesses pessoais ou partidários, sendo uma verdade absoluta que só é visível para quem foi escolhido para o fazer e de obediência cega e sem respinganços por parte de todos os outros idiotas da nação. Até porque para que um ser seja superior e se possa concentrar na leitura dos superiores interesses da nação não pode ter interesses ou paixões terrenas, tem de ser superiormente inteligente e honesto como nenhum.
 
Portugal tem sido um país feliz e por isso é hoje o país desenvolvido que se sabe, ao longo do último século quase sete décadas foram marcadas por seres destes, seres que chama a si o exclusivo de ler quais são os superiores interesses nacionais.


Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Calvão e Silva, ministro de faz de conta que é ministro

Esta coisa de num dia sermos advogados pagos para escrevermos pareceres a assegurar que Ricardo Salgado é um banqueiro e contribuinte exemplar tem os seus inconvenientes, torna ridícula qualquer nomeação para um cargo governamental e ainda mais ara a Administração Interna. Será que o futuro ministro vai ter o mesmo critério na avaliação de todos os que em Portugal violam as regras?

«Depois dos dados fiscais de Salgado terem sido tornados públicos pela comunicação social, o BdP abriu investigações por suspeita de quebra de idoneidade por parte do ex-presidente do BES. Para sustentar a sua defesa, Salgado solicitou pareceres jurídicos a três juristas, João Calvão da Silva,  Vieira de Andrade e Pedro Maia. Em Novembro de 2013, os três sustentaram a tese da idoneidade do banqueiro, com Calvão da Silva, especialista em direito bancário, a pronunciar-se: a verba (14 milhões de euros) foi paga a Salgado (por transferência para uma conta offshore) a troco de “um conselho dado a título pessoal, fora do exercício das funções e por causa das funções de administrador bancário”. No seu parecer, jurista lembra o “bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade – comum unidade –, com espírito de entreajuda e solidariedade”. » [Público]

 O governo do orgasmo precoce

A festa da direita na noite eleitoral é o que em política podemos considerar ser um orgasm recoce e de uma noite de amor só tinha de nascer um governo torto e enfezado, condenado a morrer ainda antes de nascer, um aborto. Agora a família reúne-se  e ainda antes do batizo já dizem que o aroto vai sobreviver quatro anos, ainda não chegou a hora do lance e já parece estarem bêbados.

 Palavra de escuteiro!

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 Com a crise, dizem eles

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Afinal houve uma crise em 2008, mas graças a Passos Coelho o pais safou-se! Parabéns ó Voz do Povo!
  
 Ainda que mal pergunte

Se este governo for demitido pelo parlamento como se espera, Cavaco vai mantê-lo em gestão tal como está ou ainda vai nomear secretários de Estado? Nesse caso estamos perante um governo de gestão ou de iniciativa presidencial?

      
 Coisas simples que Cavaco não percebe
   
«O princípio que afirma “quem ganha as eleições deve governar” tem sido repetidamente enunciado, glosado, gritado e guinchado pela direita nos últimos dias. E, dito assim, e ouvido com o sentido crítico em ponto morto, parece fazer sentido. Mas, neste particular como em tudo, convém distinguir a opinião dos factos e acontece que a norma constitucional ou o princípio jurídico ou a tradição política que afirma “quem ganha as eleições deve governar” não existe. E, quando alguém afirma que ele existe, mente.

Se alguém quiser dizer “eu acho que quem ganha as eleições deve governar” tem todo o direito de o fazer, mas trata-se aqui de uma expressão de vontade pessoal, que não tem (e, verdade seja dita, não exige) nenhuma ancoragem na realidade da lei ou da política. Da mesma maneira, é aceitável que se diga “em princípio, quem ganha as eleições deve governar” mas, como todas as frases que começam com esta fórmula de caução, isso quer dizer que, em muitas circunstâncias, não acontece como “em princípio”.

De facto, se “quem ganhasse as eleições devesse governar” e se esse tivesse sido o entendimento dos constituintes, teria sido fácil incluir o preceito na Constituição. Mas o que lá está escrito é que “o Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais” (artigo 187º) e que o novo governo, para governar, não pode ver o seu programa rejeitado pelo Parlamento (artigo 195º). Ou seja, para nomear um primeiro-ministro é preciso que o Presidente da República o queira fazer, que ouça previamente os partidos políticos e que a sua nomeação “tenha em conta os resultados eleitorais”, o que é, convenha-se, uma norma algo vaga, que apela fundamentalmente ao bom senso. E, para que um novo governo entre efectivamente em funções basta que o seu programa não seja rejeitado pelo Parlamento.

Por que é que quem ganha as eleições (entenda-se por esta expressão “o partido ou coligação que tenha obtido mais votos”) não adquire, por esse simples facto, o direito a governar, sem mais considerações? Porque um partido pode ter mais votos que qualquer um dos outros e não ter, por esse facto, um apoio suficiente no Parlamento para garantir a governabilidade e estabilidade (como acontece com a coligação PSD-CDS neste momento). Assim, sabiamente, a Constituição impõe ao Presidente da República que use do bom-senso (uma imposição que Cavaco Silva considera intolerável) e faça o seu melhor para, sem violar o sentimento expresso nas urnas pela maioria dos portugueses, encontrar uma solução governativa não só funcional mas tão estável quanto possível.

No máximo, poderia defender-se que “quem ganha as eleições deve ser indigitado PM” e apresentar-se depois ao Parlamento ver se consegue um apoio maioritário ou não - mas a Constituição nem sequer isso exige.

Uma das razões por que o princípio “quem ganha as eleições deve governar” ou “o partido que tem mais votos deve governar” não faz sentido é porque, a existir, ele implicaria que, no caso de uma maioria relativa (como a que tem a coligação PSD-CDS neste momento) outros partidos fossem obrigados a deixar passar o programa de governo, de forma a viabilizar o governo minoritário, ainda que tivessem de ir contra a sua consciência e trair o seu eleitorado, os seus programas, princípios e promessas. Não faria sentido. Os fanáticos da direita que gritam que o PSD deve poder governar porque teve mais votos que o PS estão de facto a dizer, forçosamente, que o PS devia deixar passar o programa do PSD, por muito que aqueles o considerem anti-patriótico, anti-democrático, socialmente injusto, empobrecedor, irrealista e destruidor de riqueza. Não faz sentido e é evidente que se trata de uma argumentação desonesta, que os próprios nunca aplicariam se a situação fosse ao contrário.

Por que razão, então, houve no passado governos minoritários? Porque não foram rejeitados pela maioria do Parlamento.

A Constituição, note-se, obriga o Presidente da República a “ter em conta os resultados eleitorais”, globalmente, e não apenas os votos do partido mais votado. Se Cavaco insistir, de forma sectária, em apenas indigitar e empossar um Governo se ele for encabeçado pelo seu próprio partido, ainda que ele seja minoritário e tenha contra si a maioria do Parlamento, e se recusar a indigitar e empossar um Governo dirigido por António Costa, ainda que ele tenha a suportá-lo a maioria do Parlamento, estará a ignorar este imperativo constitucional. Será uma decisão de uma extrema gravidade, inaceitável num regime democrático e incompatível com um regime democrático.» [Público]
   
Autor:

José Vítor Malheiros.

 Um governo pró-forma
   
«É impossível saber se este era o governo que Passos Coelho queria ou o que foi possível. É evidente que a capacidade de trazer gente de peso para um governo que corre o risco muito sério de durar pouco mais de 15 dias seria sempre muito limitada. E pouco importa se o primeiro-ministro queria mostrar um governo para a legislatura ou formar um de combate político. Um executivo para ser levado a sério teria de ter sempre os dois componentes. Este nem tem gente em que possamos reconhecer grande capacidade de luta política, nem tem gente com peso técnico e político para que possamos dizer que foi pensado para efetivamente governar. É um governo que, fora a troika Passos, Portas, Maria Luís, tem nas principais pastas gente de segunda linha, ex-secretários de estado e gente do partido disposta a esta espécie de comissão de serviço - há um toque quase humorístico ou, quem sabe, de remoque a Portas: a criação do ministério da modernização administrativa.Talvez Passos Coelho quisesse mostrar outra gente, outra vontade, mas, seja como for, não o conseguiu ou, pura e simplesmente, não achou que valesse a pena. Assim sendo, estamos perante um mero governo pró-forma; muito provavelmente, o governo mais provisório da história da nossa democracia. Os pesos pesados do PSD ficaram no partido ou no Parlamento e é desde aí que se organizará o combate político. E o primeiro objetivo não é difícil de adivinhar: preparar o caminho para exigir eleições antecipadas logo que os prazos constitucionais permitam e, pelo caminho, pressionar nesse sentido o próximo presidente da República. Passos Coelho foi o primeiro a assumir que este governo é para meia dúzia de dias. Fica, também, a mensagem para o Presidente da República: Passos não quer ficar à frente dum governo de gestão.» [DN]
   
Autor:

Pedro Marques Lopes.

      
 Monetengro no seu melhor
   
«PSD/CDS acusa esquerda de “bloqueio”, PS acusa direita de tentativa de “inversão”. A reunião de líderes parlamentares que decorreu esta quarta-feira na Assembleia da República teve acusações de todos os lados: se a direita tentou agendar um debate sobre o cumprimento dos compromissos europeus, que obrigaria os partidos à esquerda a pôr a nu as suas divergências, e acusou PS, PCP e BE de, ao discordarem desse agendamento, tentarem “bloquear” os trabalhos parlamentares; PS, PCP e BE, por outro lado, acusaram a direita de tentar inverter as coisas, querendo pôr uma discussão que envolve o eventual próximo Governo à frente da discussão sobre o atual programa.

No final, com a maioria de esquerda a opor-se à discussão na Assembleia de outras matérias que não o programa de Governo, ficou inviabiliza marcação de qualquer trabalho plenário antes do dia 9 – altura em que se discutirá (e provavelmente rejeitará) o programa de Governo. O Presidente da AR, Ferro Rodrigues, invocou na reunião a falta de precedente para que houvesse uma discussão em plenário marcada para uma data anterior à discussão do programa de Governo. Segundo o deputado do PSD Duarte Pacheco, só na III legislatura houve uma discussão plenária prévia à do programa de Governo – ou seja, não é norma.» [Observador]
   
Parecer:

Este Montenegro de vez em quando é um monte de nojo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
 Quem vai ler o programa do governo PáF
   
«A apresentação do acordo entre PS, PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes" para a formação de um executivo alternativo estará associada à discussão do programa de Governo da coligação PSD/CDS-PP, dias 9 e 10 de novembro.

Este calendário foi referido aos jornalistas pelo presidente do Grupo Parlamentar do PS, Carlos César, no final da primeira reunião da bancada socialista por si presidida.

"Dias 9 e 10 [de novembro], o PS demonstrará que, não sendo a alternativa de Governo PSD/CDS aquela que se deseja para o país, há uma outra mais coerente, mais estável e mais duradoura. O acordo [entre as forças da esquerda parlamentar] ficará associado ao momento em que vamos apreciar o programa de Governo", declarou o presidente dos socialistas.» [Expresso]
   
Parecer:

Procuram-se voluntários.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Está por nascer um Cavaco pior do que este
   
«O Presidente da República afirmou esta quarta-feira não estar arrependido "nem de uma única linha" do que disse sobre a nomeação do Governo, assegurando não ter qualquer interesse pessoal e apenas se guiar pelo superior interesse nacional.

"Aquilo que havia a dizer sobre esse assunto já disse na intervenção que eu produzi que foi muito clara e não estou arrependido nem de uma única linha de tudo aquilo que eu disse", afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas em Roma, onde participa esta tarde no X Encontro COTEC Europa.» [Expresso]
   
Parecer:

É difícil.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns à personagem pelo seu dom da infalibilidade.»

 Passos criou mais de 110 mil empregos em 2014
   
«Cerca de 110 mil portugueses emigraram em 2014, tal como no ano anterior, revela o Relatório da Emigração elaborado pelo Governo, segundo o qual Portugal é "sobretudo, de novo, um país de emigração".

O documento, da autoria do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, indica que no ano passado, houve cerca de "110 mil saídas", o mesmo que em 2013, valores "da ordem dos observados nos anos 60/70 do século XX".

"Hoje Portugal é, sobretudo, de novo, um país de emigração", à semelhança do que se verificou entre 1974 e o início do século XXI, lê-se no relatório, hoje divulgado pelo executivo.» [Expresso]
   
Parecer:

E criou-os um pouco por todo o mundo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

 Ainda faltavam algumas provas?
   
«De acordo com as informações apuradas pelo “Jornal de Notícias”, os telemóveis e o telefone fixo da ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava - em casa de quem está instalado desde o início de setembro - foram alvos de escutas durante as últimas semanas. Em causa estarão conversas mantidas entre os dias 16 e 27 de setembro supostamente relevantes para a investigação, tendo em vista a suspeita de que um monte localizado em Montemor-o-Novo, Alentejo, adquirido por Sofia Fava em 2012, esteja na verdade a ser pago com dinheiro do ex-governante.

O esquema que o Ministério Público está a investigar seria intrincado: para iniciar o pagamento da habitação, o atual companheiro de Fava, Manuel Reis, terá pago 111 mil euros, em 2011. No entanto, antes disso Carlos Santos Silva terá transferido outros 100 mil euros para uma conta associada à ex-mulher de Sócrates, que de seguida os terá passado para a conta de Reis. A investigação argumenta que Sofia Fava não teria capacidade financeira para devolver o empréstimo pedido, na altura, ao Novo Banco.» [Expresso]
   
Parecer:

As provas são tantas que ainda o andam a escutar.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte.-se ao MP se é para o processo ou para mandar para os jornais.»

 O PSD no assalto ao Benfica
   
«O "Record” noticia na edição desta quarta-feira que as críticas que o vice-presidente do clube Rui Gomes da Silva dirigiu à estrutura do Benfica caíram mal no seio do clube. De acordo com o jornal desportivo, fontes internas do clube acusam Gomes da Silva de ter “agenda própria” e “falta de solidariedade” para com a instituição.

O vice-presidente encarnado, comentador residente no programa de comentário desportivo da SIC Notícias “O Dia Seguinte”, teceu esta segunda-feira críticas fortes à estrutura do clube da Luz. No espaço de comentário, no rescaldo da derrota do Benfica diante o Sporting, na Luz (0-3), Gomes da Silva falou da “guerra aberta” entre a estrutura benfiquista e o antigo técnico Jorge Jesus, quando apontou um “aburguesamento da estrutura” como sendo o principal problema do Benfica.» [Expresso]
   
Parecer:

Este senhor não era o homem do governo de Santana Lopes?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»