quinta-feira, outubro 22, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Paulo Rangel

O desespero da direita está a levar muito boa gente ao disparate, até aqueles que costumam reservar para si o papel de gente séria vem agora amar-se em anedota. Paulo Rangel é uma dessas figuras que ora são sérias, ora optam por ser anedotas, uma espécie de bobos da corte.

Esperemos que daqui a uns quantos dias o mesmo Rangel que noutros tempos se candidatou à liderança do PSD contra Passos Coelho não seja o primeiro a pedir a cabeça do líder do PSD.

«Para Rangel "é normal e ninguém está à espera que PCP e Bloco viabilizem um governo da coligação, mas o PS tem essa responsabilidade e vai ter que decidir se é ou não o partido do bota-abaixo". O eurodeputado defende que o PS "tem de ter sentido de Estado", o que considera que o secretário-geral socialista, António Costa, não teve até agora.

O eurodeputado acusa mesmo Costa de ter feito "bluff com a coligação" sem nunca ter estado realmente interessado em negociar. Rangel considera o líder socialista irresponsaáel, dizendo que "António Costa quer ser primeiro-ministro à força, mesmo que isso signifique aliar-se com um partido que defende a saída do euro". O social-democrata diz, no entanto, que "felizmente há muitos dirigentes socialistas que estão contra esta opção de sedução junto da esquerda radical. Há vários socialistas com bom senso".» [DN]

 No jornal do Balsemão vale tudo

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Quem lê o artigo do colega de Ricardo Costa é levado

O proletariado do Pinto Balsemão devia ter direito a um suplemento salarial para poderem comprar Alka-Seltzer com fartura pois andam com uma grave crise de azia.

Quem

 Os mercados estão em pânico

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 Não foi para isto que votei no PS!
   
«Eu votei no PS e, digo já, não foi para isto que votei.

Como há dúvidas, vou dizer porque votei. Votei no PS, eu, para que todas as casas com construção embargada que me estragam a paisagem sejam deitadas abaixo, já. Esse meu querer lembro-me de ter sussurrado ao voto quando o deitei (só não escrevi para o não inutilizar) - vai para três semanas, e o PS sobre o assunto, nada. Votei no PS por causa do sorriso irónico do líder, são os únicos sorrisos de que gosto nos políticos, mas desde o dia 4 não me parece ser esse o critério de aliança de Costa (a Catarina é simpática, o Jerónimo é veemente, mas nada disso vale um sorriso irónico, acho). Votei no PS para que ele fosse buscar o Luis Fernando Verissimo ao Brasil para dar aulas, nos três canais, duas horas por dia, prime time, sobre como se escrevem diálogos - acho o diálogo fundamental e ninguém pôs isso no programa eleitoral (o PS também não, mas eu não me ia abster, soprei no voto e foi também por isso que votei). Votei no PS porque gosto das ruas alegradas, o Costa pintou a Rua Nova do Carvalho de cor-de-rosa e eu gostava de ver a Estrada de Benfica a cheirar a pitanga. Basicamente foi isto. Os outros 5 408 804 eleitores que digam porque votaram. Eu foi por isto. E não admito que os comentadores digam que votei ou não votei por outras razões senão as expostas. Quanto a formar governo, fui ver à Constituição, não sou eu. Se fosse, vocês iam ter surpresas do caraças.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

 O desespero é mau conselheiro
   
«Primeiro, foi a alegria de ser a candidatura mais votada.

Depois, a preocupação ao constatar que afinal a maioria era de esquerda.

A seguir o terror por o PS, BE e PCP estarem a caminho de um entendimento parlamentar. Finalmente o desespero por o acordo de esquerda estar a chegar a bom porto.

Só que o desespero é mau conselheiro e vieram as acusações de “fraude”, “usurpação”, “golpe de estado” e os outros disparates como “o partido que tem mais votos deve governar”.

Uma das formas que este desespero está a tomar (e uma das razões por que a coligação PSD-CDS insiste na indigitação de Pedro Passos Coelho por Cavaco Silva) é a tentativa de pressionar os deputados do PS simpatizantes de uma solução “Bloco Central” a viabilizar o governo minoritário.

Aqui sim, seria uma verdadeira vitória na secretaria e uma entorse clara àquilo que podemos intuir sobre o sentido do voto no PS - que sempre disse que seria uma alternativa a direita e que não teria sentido viabilizar um governo da direita.

Este apelo à pressão sobre os deputados do PS (que será interessante ver até que extremos irá) é visível, por exemplo, no artigo “4 razões, mais uma, para Cavaco não nomear Costa", publicado no jornal i, da autoria de Graça Canto Moniz, coordenadora do Gabinete de Estudos do CDS mas que por razões que não conheço o i identifica apenas como “blogger”.

Outro texto na mesma linha foi publicado no DN pela mão de Diogo Feio.

Já deu para perceber que, neste momento de desespero, o PSD e o CDS estão dispostos a tudo (a tresler a constituição, a mentir sobre as regras democráticas de formação dos governos, a inventar uma “tradição de governo” que beneficia a direita, a acirrar os mais básicos terrores da população contra os supostos malefícios de um governo de esquerda, a difamar os seus adversários políticos, a procurar aliados no estrangeiro que se disponham a colaborar no ataque a um governo nacional constitucional).

É quase cómico ouvir representantes da coligação de direita falarem hoje no "radicalismo" do BE ou do PCP. Há muitos anos que não se via um governo tão radical em Portugal. Só é pena que o radicalismo não lhes dê para defender a pátria no contexto internacional, para preservar o património nacional e para reforçar a dignidade das instituições, algumas das bandeiras que a direita digna soube levantar no passado.» [Público]
   
Autor:

José Vítor Malheiro.
      
 Justiça incompetente
   
«Foi há um ano que o surto de Legionella atingiu a região de Vila Franca de Xira. Entre 12 de outubro e 4 de dezembro morreram 12 pessoas e outras 375 ficaram doentes. No entanto, até hoje não há novidades e as vítimas aguardam que haja ou não julgamento mas sem qualquer apoio.

Os trabalhos estão numa “fase avançada”, esta é a última indicação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o inquérito ao surto ao jornal i.

O incidente chegou a estar ligado a uma contaminação nas torres de refrigeração da empresa ADP Fertilizantes. Em causa poderia estar o crime de poluição atmosférica, que pode ser punida com oito anos de prisão e uma multa até 2,5 milhões de euros.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Isto não é um mero atraso, é incompetência.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à senhora Procuradora-Geral se gasta todos os recursos de que dispõe para perseguir arguidos políticos.»
  
 A Maria Luís anda a brincar 
   
«"Não está excluída a possibilidade de atuarmos", disse Dombrovskis, num encontro com jornalistas em Bruxelas, sem especificar que medidas o executivo comunitário poderá adotar caso as autoridades nacionais continuem sem apresentar à Comissão as linhas gerais do orçamento para o próximo ano, depois de já ter expirado a data limite de 15 de outubro.

Questionado pela Lusa sobre o atraso na apresentação do plano orçamental de Portugal, que o Governo justificou a Bruxelas com a realização de eleições legislativas (a 04 de outubro), o vice-presidente com a pasta do Euro admitiu que se trata de "um problema".

"É suposto todos os Estados-membros apresentarem os seus planos orçamentais até 15 de outubro, e Portugal não foi o primeiro país a ter eleições" nesta altura do ano, mas foi o primeiro a falhar o prazo previsto no "semestre europeu" de coordenação de políticas económicas, recordou.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Para mandarem o PEC assumindo compromissos para um ano não precisaram de esperar por eleições.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Substitua-se urgentemente este governo de irresponsáveis.»

 Agora estão a esgravatar na PT
   
«Em 2009, Belmiro de Azevedo disse numa entrevista que o Governo de José Sócrates "deu instruções" para que a Caixa Geral de Depósitos votasse contra a OPA da Sonae sobre a PT, agora, foi chamado a depor sobre o caso.

Segundo o Diário de Notícias, o Ministério Público estará a investigar, no âmbito da Operação Marquês, o falhanço desta OPA da Sonae à PT em fevereiro de 2006.

Paulo Azevedo, presidente da SONAE SGPS, e o pai Belmiro de Azevedo foram chamados como testemunhas, tendo o último alegado motivos pessoais para não comparecer.

A suspeita sobre a OPA lançada pela Sonae à PT terá surgido em setembro, depois da detenção de Armando Vara, antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Parece que o Vale de Lobos já deu o que tinha a dar e o Rosário anda a esgravatar noutros negócios.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 Só para fins estatísticos dizem eles
   
«O défice público baixou para 2,6% zona euro e para 3,0% na União Europeia (UE) em 2014, face ao ano anterior, e Portugal foi o segundo Estado-membro com maior défice orçamental (7,2%), segundo o Eurostat.

De acordo com o gabinete oficial de estatísticas da UE, o agravamento do défice português em 2,4 pontos percentuais, face aos 4,8% de 2013, "deve-se principalmente à reclassificação de injeções de capital no Novo Banco, de transação financeira a operação não financeira".

A capitalização do Novo Banco ascendeu aos 4,9 mil milhões de euros, sendo que "o défice público de Portugal para 2014 aumentou no mesmo montante, pois a venda do Novo banco não teve lugar no ano seguinte à capitalização".» [DN]
   
Parecer:

O problema vai ser saber como financiar o buraco no Novo Banco que nada tem de estatítico.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

 Há notícias que valem por mil discursos
   
«PSD e CDS já têm uma equipa a preparar um programa de Governo, que terá de ser apresentado na Assembleia 10 dias depois da posse, confirmou o Observador. Vem aí um documento mais limpo, mais aberto, claramente menos ideológico para discutir na Assembleia, naqueles dias que podem ser fatídicos para a coligação (com um chumbo possível da esquerda).

O guião que, por exemplo, Paulo Portas parece estar a usar para mostrar um Governo que aprendeu as lições das legislativas (passando de maioria absoluta para uma maioria relativa) parece estar num discurso de Paulo Portas, citado pelo próprio na entrevista à TVI de segunda-feira – e que tinha feito na AR em novembro de 2009, precisamente quando José Sócrates passou a ter apenas uma maioria relativa dos deputados. Nessa altura, Portas criticava o socialista por levar à AR um programa igual:

“O seu programa eleitoral foi pensado para a maioria absoluta que o PS queria – queria! – mas não teve. E se não teve, algo mudou. Em vez de assumir isso e definir para onde quer ir e com quem, adaptar-se aos factos e pensar na melhor forma de servir o País, o Programa aqui apresentado é como as estátuas de sal: prossegue a ilusão de um poder absoluto que simplesmente já não existe. Convença-se disso, Sr. PrimeiroMinistro.” 

A ideia de não replicar o programa eleitoral tem, assim, duas justificações: na perspetiva de a esquerda querer deitar abaixo a coligação, Passos e Portas querem “deixar o menor número de pretextos possível” – para que o ónus do derrube do Governo fique mais do lado esquerdo; Mas também para a eventualidade de as coisas falharem à última hora à esquerda – perante o facto incontornável de cada orçamento só passar com uma abstenção dos socialistas na AR.» [Observador]
   
Parecer:

Depois de tudo o que se disse sobre os programas em que os portugueses votaram, a desgraça que seria um gocverno para pouco tempo, a importância da estabilidade, eis que a direita dá o dito pelo não dito e vai apresentar um novo programa apostando tudo numa crise a curto prazo. É o desespero, Portas e Passos Coelho lutam agora pela sobrevivência política.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 A primeira derrota da direita
   
«De um lado está Ferro Rodrigues, o nome forte do PS que está a ser apontado como o próximo Presidente da Assembleia da República e que até “já disse que sim há muito tempo”. Do outro, está a coligação PSD/CDS que não abdica de um nome da sua área política para ocupar aquele que é o lugar da segunda figura do Estado, imediatamente abaixo do Presidente da República. O braço de ferro mantém-se mas não poderá estender-se para lá de sexta-feira, dia em que arrancam os trabalhos no Parlamento marcando o início oficial da legislatura.

Com as negociações totalmente rompidas entre coligação e PS, depois de António Costa ter dito em Belém que há condições para haver um governo suportado pela maioria de esquerda, do lado do PSD/CDS não há agora qualquer abertura para ceder o lugar de Presidente da República ao Partido Socialista. E para isso, os sociais-democratas apoiam-se no princípio, que vale para a formação do Governo como vale para aos lugares na Assembleia da República, de que foi a coligação que venceu as eleições, e não o PS. » [Observador]
   
Parecer:

É o princípio do fim do poder absoluto e da confusão entre partidos da direita e Estado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Eleja-se um presidente com o apoio da maioria parlamentar.»
 Hitler, estás perdoado!
   
«As críticas, a indignação e as devidas correcções históricas chegaram de vários lados depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter declarado que foi o então mufti de Jerusalém, um alto dirigente muçulmano da Palestina durante o mandato britânico, quem deu a ideia a Hitler de exterminar os judeus da Europa.

Num discurso pronunciado no 37.º congresso sionista, em Jerusalém, Netanyahu fez referência a um encontro em Novembro de 1941 na Alemanha entre Adolf Hitler e o grande mufti de Jerusalém Haj Amin al-Husseini. “Naquela altura, Hitler não queria exterminar os judeus, mas sim expulsá-los. Mas Haj Amin al-Husseini foi encontrar-se com ele e disse-lhe: ‘Se os expulsar, eles vão todos para a Palestina’”, contou Netanyahu. “‘E o que é que devo fazer?’, perguntou Hitler. Ele [o mufti] disse: ‘Queime-os’”, disse o primeiro-ministro israelita.

Netanyahu evocou esta personagem para refutar as acusações, segundo ele historicamente erradas, de que os judeus ou Israel querem destruir ou ocupar o Pátio das Mesquitas e a Mesquita de Al-Aqsa, lugares santos do islão, que se encontram em Jerusalém.


As reacções não se fizeram esperar. Um porta-voz da chanceler alemã teve de vir a público dizer que a responsabilidade do Holocausto é dos alemães e da Alemanha. “Todos os alemães sabem a história do genocídio nazi que levou à ruptura com a civilização que foi o Holocausto”, disse Steffen Seibert. “Isto é ensinado nas escolas alemãs por uma boa razão, para que nunca seja esquecido. E não vejo qualquer razão para mudarmos a nossa visão da História. Sabemos que a responsabilidade por este crime contra a humanidade é nossa, da Alemanha e dos alemães.”» [Público]
   
Parecer:

O culpado tinha de ser um palestiniano.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
 Eu sabia que ele é muita coisa, mas monárquico?
   
«Nesta terça-feira, em entrevista à TVI 24, o deputado socialista Pedro Nuno Santos foi questionado sobre se a posição política do Partido Comunista contra a União Europeia poderia causar fricção e instabilidade no relacionamento PS/CDU, se chegassem a acordo para formar governo. Pedro Nuno Santos retorquiu que, da mesma forma que “Paulo Portas é um monárquico convicto e não consta que tenha tentado implantar a monarquia”, também o Partido Comunista, apesar das suas convicções, apoiará um governo alternativo sem exigir a saída do euro.» [Público]
   
Parecer:

O homem não para nos surpreender, este Portas é mesmo um bocado esquisito, não é?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  

   
   
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