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Cavaco Silva
Cavaco Silva insiste em ignorar a Constituição ao dizer que este governo tem toda a legitimidade para governar", Cavaco ainda não reparou que quem dá a legitimidade a um governo é a aprovação parlamentar e não a indigitação do primeiro-ministro ou a cerimónia de posse.
«O Presidente da República iniciou o seu discurso na tomada de posse do XX governo constitucional repetindo uma frase que disse quando deu posse ao segundo Governo, minoritário, de José Sócrates em 2009: "O Governo que hoje toma posse tem plena legitimidade constitucional para governar." E terminou da mesma forma, afirmando que “a ausência de um apoio maioritário no Parlamento não é, por si só, um elemento perturbador da governabilidade” e que o horizonte temporal de acção de qualquer Governo “deve ser sempre a legislatura”.
Cavaco Silva justificou esta legitimidade com dois argumentos fundamentais: "É a força que ganhou as eleições que deve formar governo.” E porque "até ao momento da indigitação do primeiro-ministro [a 22 de Outubro] não me foi apresentada, pelas outras forças políticas, uma solução alternativa de Governo estável, coerente e credível".» [Público]
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Este governo poderia ser conhecido por muitos nomes a começar por governo zombie, um governo que nasceu morto e que durante duas semanas andará por aí a fazer de alma penada. Mas a melhor designação para este governo é o governo dos trinta dinheiros.
O argumento de que a posse de Passos Coelho fazia parte do roteiro constitucional é pura mentira, ainda ontem o pequeno Rangel manifestava a esperança de ver o governo passar no parlamento e depois da entrevista de Jerónimo de Sousa quase toda a direita parece ter ganho nova alma. É uma direita sem grande dignidade esta que exclui o líder do PCP da democracia e depois deposita nele todas as esperanças de transformar a sua meia vitória em vitória.
O que viabilizou este governo não foi a Constituição, foi a esperança de que a traição de deputados do PS permitisse à direita governar. É a primeira vez na Europa que uma direita sem maioria parlamentar aposta em deputados traidores para conquistar o poder. Este é o governo dos trinta dinheiros, um governo que depositou a sua esperança em deputados disponíveis para trair os seus eleitores. Que belo exemplo de democracia que nos deu este Passos Coelho mais a sua trupe.
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Segundo o comunicado do BdP a escolha de Sérgio Monteiro explica-se porque “foi identificada a necessidade de encontrar um responsável de reconhecido mérito e elevada experiência em operações desta natureza que pudesse assegurar a coordenação e gestão de toda a operação, incluindo o acompanhamento do programa de transformação a implementar pelo Novo Banco, que é condição essencial para a sua venda.”
O senhor governador do BdP importa-se de explicar quantos bancos é que o licenciado Sérgio Monteiro já vendeu ou em que grandes investimentos esteve envolvido.
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Poucas horas depois de o processo da Operação marquês estar aberto à devassa de jornais estes encontraram logo petiscos noticiosos. Como os terão encontrado em tão piouco tempo nio meio de 80 mil páginas?
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«A 4 de outubro, houve uma revolução, cuja dimensão fica entre Revolução Industrial e a minha revolução pessoal, esta semana, em deixar de comer fiambre. Mas 4 de outubro trouxe, mesmo, uma rutura. Antes, havia dois partidos que se autoexcluíam de governar. Depois, os deputados tresmalhados do BE e do PC passaram a querer ser tão normais quanto os restantes. Vale o que vale, não vale o motor a vapor de James Watt mas vale mais do que o meu temor de carnes processadas. O que vivemos por estes dias foi um avanço da nossa democracia. Ganhámos todos. Bloquistas e comunistas por, enfim, poderem dar o seu contributo sem meio mas. Socialistas, apesar do risco que passam a correr com alianças instáveis. E a direita, apesar de perderem a cumplicidade implícita que a autoexclusão do BE e do PC lhes trazia nas contas parlamentares... Hoje, a nossa democracia está mais adulta. Uma revolução, disse eu, apesar do abrupto estender-se sempre um bocadinho no tempo. A Revolução Russa, de 1917, foi também uma em fevereiro, com a democracia parlamentar, e outra em outubro, quando os sovietes assaltaram o Parlamento. É, as revoluções às vezes andam para trás. A nossa revoluçãozinha, passo em frente, está feita. Aquilo do sindicalista Arménio Carlos querer ir para a porta da AR no dia do voto de rejeição não é, claro!, querer repetir 1917. É só tolice. Que ele não a entenda é a prova de que as boas revoluções são as reformas permanentes.» [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
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«Horas depois de ter tomado posse como ministro da Defesa no segundo Executivo liderado por Passos Coelho, José Pedro Aguiar-Branco manifestou-se contra “a conspiração de secretaria” que diz ter tido lugar “nas últimas semanas”. Através de uma publicação na sua página do Facebook, Aguiar-Branco sublinha que “o povo não vota pela negativa”, mas antes “em quem quer que governe o país”.
Numa publicação marcada por duras críticas aos partidos de esquerda, o ministro da Defesa frisa que, a concretizar-se, uma solução governativa liderada pelo PS será formulada por “três partidos derrotados nas eleições que se juntam e cujo único acordo conhecido é votar contra um programa que nem sequer conhecem”. Aguiar-Branco aproveita ainda para lançar farpas: “A ética republicana, sempre tão apregoada por alguns, obrigaria, agora, ao respeito da vontade popular”, disse, concluindo que “por muitas contas que se façam três derrotados somados não dão um vencedor”.» [Expresso]
Parecer:
Pois, nada consegue transformar uma minoria vitoriosa numa maioria parlamentar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Aguiar-Branco que se deixe de aritméticas e que vá brincar aos drones.»
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