quinta-feira, julho 26, 2012

A política económica enquanto instrumento de injustiça social


Se alguém tem dúvidas sobre a fraude económica que está a ser cometida contra os trabalhadores portugueses basta ler o último relatório da execução orçamental, lá estão de forma clara os resultados de uma política económica que a coberto da crise financeira visa promover a maior transferência força da riqueza entre classes sociais, é como se a direita quisesse recuperar durante o programa de estabilização tudo o que perdeu com e depois do 25 de Abril.
  
Comparem-se os direitos dos funcionários públicos antes do 25 de Abril com os que restam neste momento, ou a actual legislação com as reformas propostas por Marcelo Caetano e percebe-se o retrocesso civilizacional a que Portugal e os portugueses estão sendo forçados. Não é a situação financeira do Estado que esta gente está resolvendo, é recuperar a competitividade de alguns sectores empresariais que habituados a viver de facilidades estatais, subsídios, evasão fiscal, corrupção e exploração nunca modernizaram as suas empresas.
  
Seria injusto acusar todos os empresários portugueses de serem responsáveis por este governo, a base social de apoio desta gente nada tem a ver com valores como a competência, competitividade ou a honestidade. Esta gente é o lúmpen empresariado português, os que antes do 25 de Abril sobreviviam denunciando os trabalhadores à PIDE, que no 25 de Abril começaram por ser do Partido da Democracia Cristã ou do CDS mas que depressa se esconderam no PSD onde mais tarde se auto designaram como social-democratas.
  
Esta política económica não via o bem-estar de todos os portugueses, a justiça ou o progresso, tem como único objectivo depauperar os pobres, os pensionistas toda a classe média para que os bancos voltem a ter lucros sem pagarem impostos, para que os patos-bravos voltem a ter sucesso, para que as clientelas das nacionalizações oportunistas voltem a enriquecer à custa do país.
  
É uma política económica conduzida por gente que ignora ostensivamente os mais elementares princípios, desde os que estão na constituição aos que desde há mais de um século fazem parte da civilização ocidental, que não tem a mais pequena preocupação com as situações de miséria a que forçam muitas das suas vítimas, que não hesitam em criar injustiças para favorecer os seus, que não têm a mais pequena vergonha na cara na hora de abrir excepções para que os amigos fiquem isentos das suas medidas.
  
É uma política criminosa fraudolenta e criminosa que vai deixar atrás de si um rasto de miséria, de gente doente que morreu, de pessoas pessoas honestas que ficaram sem as suas casas, de gente desesperada que se suicidou ou se dedicou ao crime. É uma política que devia conduzir os seus responsáveis à barra dos tribunais onde os juízes condenam portugueses por muito menos, onde os pobres são condenados por terem roubado um shampoo.