Há um ano muito boa gente era defensora dos valores constitucionais, agora são contra o mais elementar princípio constitucional, o da igualdade, interpretam-no de forma quase idiota e ficam irritados porque os juízes do Tribunal Constitucional acharam que era a eles e não a um qualquer dr. Relvas que cabe velar pela interpretação da Constituição.
Quando o governo era de esquerda andam asfixiados agora querem um país sem Constituição, recebiam os líderes sindicais agora acham que as manifestações não valem por serem organizadas, andavam incomodados com as desigualdades e agora promovem-nas, defendiam o SNS contra as taxas moderadoras nas cirurgias, manifestavam-se contra o encerramento de uma maternidade arcaica em Elvas e agora aprovam o encerramento da Alfredo da Costa.
Neste país de gente sem princípios ou escrúpulos é tempo de questionar se a melhor solução não será o regresso à escravatura, como a particularidade de agora os escravos serem os portugueses cuja sobrevivência depende da existência de um Estado organizado, os mais pobres, os pensionistas e os funcionários públicos.
A verdade é que não há solução para seremos competitivos em relação aos chineses e pela forma como o governo desinveste na educação e na formação profissional começo a achar que o triunvirato que nos governa (Passos, Cavaco e troika) está pensando num Portugal competitivo face ao Botswana. Aliás, muitos dos nossos empresários são tão maus que nem com escravos sobreviveriam, depressa estariam a pedir ao governo subsídios para manter os escravos.
Mesmo assim a escolha da escravatura coloca dois problemas, a livre circulação de trabalhadores pode levar a que os escravos fujam e manter um escravo pode não ser tão barato quanto isto. Ter escravos a cargo tem custos, alimentá-los, vesti-los e mantê-los minimamente saudáveis não é barato, no caso de enfermeiros pode ser bem mais caro do que ir à loja dos trezentos euros como fez o Paulo Macedo. Com o Skip a custar os olhos da cara só lavar as batas custa quase tanto do que os trezentos que o Estado paga aos enfermeiros alforriados.
Bem vistas as coisas o ideal poderá não ser a escravatura, há muito que em Portugal há quadros superiores a ficarem mais barato do que um escravo, veja-se o exemplo dos psicólogos que trabalham à borla a título de voluntários na Santa Casa, dos arquitectos que são pagos à hora ou dos jovens advogados que não ganham para comprar os fatos na Zara.
Há algo de errado num país que nem com escravos é competitivo, um dia destes os trabalhadores vão promover manifestações para exigirem o estatuto de escravos e o patronato recusa tal encargo preferindo contratá-los em leilão, como faz o Paulo Macedo. Algo está muito mal num país onde o estatuto de escravo é suficientemente bom para nos levar a outro 25 de Abril. Um dia destes teremos de fazer uma revolução e os nossos Pires de Lima fogem esfalfados para o Brasil por se recusarem a ter escravos a seu cargo.
Não é difícil de imaginar os nossos liberais a oporem-se à escravatura porque esta implica direitos adquiridos, ter escravos implica alimentá-los, vesti-los, calcá-los, levá-los ao médico, etc.. E se o Tribunal Constituccional ousasse obrigar o Estado a manter os seus escravos com um mínimo de dignidade apareceria o Paulo Portas a dizer que decisões desastradas como a compra dos submarinos deveriam ser suportadas pelos escravos do Estado pois são eles que se divertem a passear e o Pires de Lima viria defender que o Estado deve lixar os escravos do Estado pois para sacar aos escravos do sector privado estão os empresários privados.
Conclusão: os portugueses ficaram com os filhos da mãe mais incompetentes da Europa, nem como escravos se safam.
PS: Já vamos em dia 23 e o governo ainda não cozinhou o relatório da execução orçamental, até parece que faltou a energia nas Finanças e o pessoal do Gaspar ficou sem computadores.
PS: Já vamos em dia 23 e o governo ainda não cozinhou o relatório da execução orçamental, até parece que faltou a energia nas Finanças e o pessoal do Gaspar ficou sem computadores.