O argumento usado por Paulo Portas para justificar a
aplicação de cortes apenas aos funcionários públicos é um argumento canalha
sobre todos os aspectos.
Em primeiro lugar porque Paulo Portas não está preocupado
com nenhum trabalhador do sector privado, limita-se a seguir a exigência feita
por Pires de Lima, o administrador da UNICER que era a favor de medidas como o
aumento do horário de trabalho no sector privado. Na verdade Pires de Lima
deseja tudo o que dê lucro à UNICER e aumente o seus prémios e é contra todas
as medidas que reduzam o rendimento disponível para consumo de álcool ou que
lhe reduza o rendimento.
Paulo Portas sabe que o corte dos subsídios resulta de um
desvio colossal passado inventado por Passos Coelho e justificado de forma
ridícula por Vítor Gaspar, a medida não consta do memorando com a troika e
insere-se na estratégia de Gaspar de eliminar a classe média baixa em Portugal.
Sabe também que é mentira que os funcionários públicos ganhem mais, como também
é mentira que não sejam despedidos como se vai ver muito em breve no ensino,
onde serão despedidos mais de 20 mil professores.
Paulo Portas sabe muito bem que o corte dos subsídios serve
para tapar buracos como os dos submarinos que ele próprio comprou, do BPN e das
contas da Madeira. Acusar os funcionários públicos da realização destes
negócios fraudulentos para argumentar que devem ser os funcionários públicos a
suportar as consequências do descontrolo financeiro é próprio de um político
para quem a canalhice não tem limites.
Paulo Portas sabe muito bem que numa situação de crise
extrema, com uma política económica que começa a dar sinais de ter sido um grande
embuste e com o país em risco de ficar sem soberania por muitos anos, acusar um
grupo de portugueses de ser responsável pela crise financeira do Estado é
promover um ambiente que só pode levar a conflitos entre portugueses, em limite
é promover um ambiente de guerra civil.
Paulo Portas não é nem nunca foi um político exemplar, no
seu currículo constam a passagem pela Amostra da Universidade Moderna e o
famoso Jaguar Verde, consta a compra dos submarinos, negócio que o Ministério
Público alemão considerou corrupto e que por cá ainda está a ser investigado,
negociou ainda os carros de combate que estão apodrecendo num armazém.
Paulo Portas não é um político corajoso, como se sabe nem
sequer tem sido um ministro solidário deste governo. Lutou desesperado por
estar em posição de fazer parte de um governo, usou a sua força para ficar com
as pastas menos corrosivos e onde pudesse dar largas ao populismo oportunista
do CDS, aproveitou-se um primeiro-ministro fraco para roubar pastas ao ministro
da Economia para agora andar a passear dizendo que faz diplomacia económica,
desde que é ministro que anda desaparecido nunca dando a cara pelo governo a
que pertence.
Paulo Portas é uma aberração política que não hesita em
virar portugueses contra portugueses para defender os seus próprios interesses,
não se importando de usar argumentos canalhas para defender os lucros da UNICER
e do seu amigo Pires de Lima.