terça-feira, julho 17, 2012

Argumento canalha


O argumento usado por Paulo Portas para justificar a aplicação de cortes apenas aos funcionários públicos é um argumento canalha sobre todos os aspectos.
  
Em primeiro lugar porque Paulo Portas não está preocupado com nenhum trabalhador do sector privado, limita-se a seguir a exigência feita por Pires de Lima, o administrador da UNICER que era a favor de medidas como o aumento do horário de trabalho no sector privado. Na verdade Pires de Lima deseja tudo o que dê lucro à UNICER e aumente o seus prémios e é contra todas as medidas que reduzam o rendimento disponível para consumo de álcool ou que lhe reduza o rendimento.
  
Paulo Portas sabe que o corte dos subsídios resulta de um desvio colossal passado inventado por Passos Coelho e justificado de forma ridícula por Vítor Gaspar, a medida não consta do memorando com a troika e insere-se na estratégia de Gaspar de eliminar a classe média baixa em Portugal. Sabe também que é mentira que os funcionários públicos ganhem mais, como também é mentira que não sejam despedidos como se vai ver muito em breve no ensino, onde serão despedidos mais de 20 mil professores.
  
Paulo Portas sabe muito bem que o corte dos subsídios serve para tapar buracos como os dos submarinos que ele próprio comprou, do BPN e das contas da Madeira. Acusar os funcionários públicos da realização destes negócios fraudulentos para argumentar que devem ser os funcionários públicos a suportar as consequências do descontrolo financeiro é próprio de um político para quem a canalhice não tem limites.
  
Paulo Portas sabe muito bem que numa situação de crise extrema, com uma política económica que começa a dar sinais de ter sido um grande embuste e com o país em risco de ficar sem soberania por muitos anos, acusar um grupo de portugueses de ser responsável pela crise financeira do Estado é promover um ambiente que só pode levar a conflitos entre portugueses, em limite é promover um ambiente de guerra civil.
  
Paulo Portas não é nem nunca foi um político exemplar, no seu currículo constam a passagem pela Amostra da Universidade Moderna e o famoso Jaguar Verde, consta a compra dos submarinos, negócio que o Ministério Público alemão considerou corrupto e que por cá ainda está a ser investigado, negociou ainda os carros de combate que estão apodrecendo num armazém.
  
Paulo Portas não é um político corajoso, como se sabe nem sequer tem sido um ministro solidário deste governo. Lutou desesperado por estar em posição de fazer parte de um governo, usou a sua força para ficar com as pastas menos corrosivos e onde pudesse dar largas ao populismo oportunista do CDS, aproveitou-se um primeiro-ministro fraco para roubar pastas ao ministro da Economia para agora andar a passear dizendo que faz diplomacia económica, desde que é ministro que anda desaparecido nunca dando a cara pelo governo a que pertence.
  
Paulo Portas é uma aberração política que não hesita em virar portugueses contra portugueses para defender os seus próprios interesses, não se importando de usar argumentos canalhas para defender os lucros da UNICER e do seu amigo Pires de Lima.