terça-feira, julho 24, 2012

Que se lixem os que não votam em mim


  

Não vale a pena perder tempo a discutir a perda de peso de Passos Coelho ou a causa de o seu discurso ser mais ou menos inteligível, mesmo em forma o primeiro-ministro nunca foi conhecido pelo seu brilhantismo intelectual, mesmo descansado ou diz o que lhe metem na boca ou não vale a pena perder tempo a ouvi-lo. Na minha terra havia uma figura das anedotas, o Zé Aleixo, ora em certa ocasião o Zé vendeu um canário a um conhecido, mas dias depois o amigo veio reclamar porque o canário era coxo; perante tal protesto o Zé Aleixo perguntou ao amigo “mas tu compraste o canário para dançar ou para cantar”. Não votei contra Passos Coelho por o considerar um pouco acima do débil mental pelo que não é por ele estar mais magro ou por ter um discurso um pouco mais pobre que vou gostar mais ou menos dele.
Mas ouvir Pedro Passos Coelho dizer “que se lixem as eleições”, como se o rapaz não tivesse qualquer apego ao poder só pode dar vontade de rir. É uma pena que tão seu amigo e companheiro de tantas aventuras o Miguel Relvas não revele igual desapego ao poder ou aos títulos, o país ficar-lhe-ia grato se deixasse o cargo de ministro a alguém mais competente e de melhor caracter e talvez lhe perdoasse se pedisse à tasca da coxa a que chamam Universidade Lusófona para anular a sua falsa licenciatura.
  
Ouvir Passos Coelho dizer que está no governo porque o dever de salvar o país o chamou, não tendo qualquer ambição de poder é de ir ao vómito. Todas as decisões que Passos Coelho tem adoptado ou obedecem aos acordos que o ajudaram a chegar ao poder ou resultam de um cálculo cínico do seu impacto eleitoral. No caso do corte dos subsídios foi notícia no Expresso as declarações em privado de um ministro de que a opção por tal medida resultou única e exclusivamente de critérios eleitorais.
  
Aliás, esta frase diz exactamente o contrário, que Passos Coelho está finalmente preocupado com o poder, percebeu que o seu programa falhou, que nomeou um governo mal desenhado e onde dominam os incompetentes, que a coligação é uma falsidade e que arrisca-se a conduzir o país para o conflito interno com a sua estratégia permanente de jogar uns portugueses contra os outros.
  
Se Passos Coelho diz que se lixe as eleições então que reconheça que sendo um incompetente ao insistir em governar o que está mesmo a dizer é “que se lixe Portugal e os portugueses”.