Não vale a pena perder tempo a discutir a perda de peso de
Passos Coelho ou a causa de o seu discurso ser mais ou menos inteligível, mesmo
em forma o primeiro-ministro nunca foi conhecido pelo seu brilhantismo
intelectual, mesmo descansado ou diz o que lhe metem na boca ou não vale a pena
perder tempo a ouvi-lo. Na minha terra havia uma figura das anedotas, o Zé
Aleixo, ora em certa ocasião o Zé vendeu um canário a um conhecido, mas dias
depois o amigo veio reclamar porque o canário era coxo; perante tal protesto o
Zé Aleixo perguntou ao amigo “mas tu compraste o canário para dançar ou para
cantar”. Não votei contra Passos Coelho por o considerar um pouco acima do
débil mental pelo que não é por ele estar mais magro ou por ter um discurso um
pouco mais pobre que vou gostar mais ou menos dele.
Mas ouvir Pedro Passos Coelho dizer “que se lixem as
eleições”, como se o rapaz não tivesse qualquer apego ao poder só pode dar
vontade de rir. É uma pena que tão seu amigo e companheiro de tantas aventuras
o Miguel Relvas não revele igual desapego ao poder ou aos títulos, o país ficar-lhe-ia
grato se deixasse o cargo de ministro a alguém mais competente e de melhor caracter
e talvez lhe perdoasse se pedisse à tasca da coxa a que chamam Universidade
Lusófona para anular a sua falsa licenciatura.
Ouvir Passos Coelho dizer que está no governo porque o dever
de salvar o país o chamou, não tendo qualquer ambição de poder é de ir ao
vómito. Todas as decisões que Passos Coelho tem adoptado ou obedecem aos
acordos que o ajudaram a chegar ao poder ou resultam de um cálculo cínico do
seu impacto eleitoral. No caso do corte dos subsídios foi notícia no Expresso
as declarações em privado de um ministro de que a opção por tal medida resultou
única e exclusivamente de critérios eleitorais.
Aliás, esta frase diz exactamente o contrário, que Passos
Coelho está finalmente preocupado com o poder, percebeu que o seu programa
falhou, que nomeou um governo mal desenhado e onde dominam os incompetentes,
que a coligação é uma falsidade e que arrisca-se a conduzir o país para o
conflito interno com a sua estratégia permanente de jogar uns portugueses contra
os outros.
Se Passos Coelho diz que se lixe as eleições então que
reconheça que sendo um incompetente ao insistir em governar o que está mesmo a
dizer é “que se lixe Portugal e os portugueses”.