quinta-feira, julho 19, 2012

Carta aos vizinhos lá de cima

  
Caros amigos,

Venho pedir-lhes desculpa pelo barulho que estamos fazendo cá em baixao, eu sei que trabalham que se fartam. Que não têm horários e precisam de descansar. Mas cá em baixo não conseguirmos conter as gargalhadas e desde há semanas que isto parece o sempre em festa, até fazemos lembrar as autarquias do PSD ou a Região Autónoma da Madeira.
  
A verdade é que o que nos falta em comida, dinheiro e trabalho sobra-nos em vontade de rir, bem dizia Passos Coelho que os portugueses deviam aproveitar as agruras da crise para perceberem que não é o dinheiro que traz a felicidade. Bem melhor do que termos dinheiro é estarmos cheios de saúde, elegantes e com um humor que há muito não se via. Passos Coelho tem razão em ser mais troikista do que a troika.
  
Nós até já desconfiamos que o Miguel Relvas é mesmo doutor e tudo o que se diz das Lusófona foi uma anedota criada por ele e pelo Passos Coelho para distraírem e mostrarem-nos a saída da crise, tesos, cheios de fome, mas felizes como nunca fomos no tempo em que gastávamos à fartazana à custa da Merkel e dos finlandeses.
  
A licenciatura do Relvas não passa de uma invenção, foi a forma de esquecermos os pastéis de nata do Sôr Álvaro, de não ficarmos em pele de galinha ao vermos o Portas  e de dormirmos descansados sem sonhos eróticos com a Assunção Cristas, Relvas não existe, é uma mentira, é uma ficção criada por Passos Coelho para provar aos portugueses que a crise financeira é um mundo de oportunidades, passa-se fome a bem da saúde e da elegância, vai-se para o desemprego para desamparar a loja e partir, rimo-nos do Relvas para ficarmos com a boca doce mesmo sem comer os pastéis de nata do Álvaro.
  
Portanto fiquem descansados aí na estação espacial, não é verdade que o Relvas tenha pedido um certificado na Câmara Municipal de Lisboa certificando que fez horas suficientes no Space Shuttle da Feira Popular para poder pedir a equivalência a astronauta da NASA. Se quiserem mandamos o Portas, o Gaspar ou mesmo a Assunção Cristas, mas o Relva não, o pobre não sabe nadar quanto mais voar e ser astronauta.
  
Mais uma vez pedimos desculpa, a vida aí em cima era mais sossegada quando apenas a Muralha da China vos recordava a existência de humanos aqui em baixo, agora há também um ruído humano que vos chega aqui de baixo e que não vos deixa dormir, a algazarra que os portugueses fazem a contar anedotas do Relvas e a rir à gargalhada.