segunda-feira, julho 16, 2012

A vingança do sôr Álvaro


Este governo não é incompetente, é ridículo.
  
É ridículo porque tem um ministro dos Negócios Estrangeiros que comprou submarinos e agora anda por aí a dizer que devem ser os funcionários públicos a suportar a crise financeira do Estado. 
  
É ridículo porque tem um ministro da Saúde que descobriu que a melhor forma de poupar na saúde era imitar os latifundiários no tempo em que contratavam os trabalhadores na Praça do Geraldo. O resultado foi tão competente que conseguiu contratar enfermeiros ao preço da uva mijona e com isso conseguiu unir os utentes do SNS aos médicos e estes fizeram a maior greve de que há memória em Portugal. EM dois dias o ministro cedeu  em tudo o que recusara ao longo de seis meses.
  
É ridículo porque tem um ministro dos Assuntos Parlamentares que um dia sonhou ser doutro e a melhor forma que arranjou para o ser foi convencer o pessoal da Lusófona que se aprende mais de ciência político como dirigente de um rancho folclórico do que como conselheiro político do presidente Obama. Apanhado com a boca na botija não se cansa de promover manobras de diversão, com sucessivas personalidades a darem entrevistas, ao mesmo tempo que apenas ao coração dos portugueses afirmando-se como um homem prático. Enfim, todos os estudantes portugueses são uns teóricos, o único prático da academia portuguesa era o Miguel Relvas.
  
É ridículo porque tem um ministro das Finanças que confundiu um país com um brinquedo da Lego e mesmo assim parece que recebeu um brinquedo que não para a sua idade, desde que chegou ao governo que não acerta numa única previsão e com isso o país está à beira de um segundo resgate, de ter níveis de desemprego muitos superiores aos suportáveis pela segurança social e afastado dos mercados por muitos e bons anos.
  
É ridículo porque assentou a estratégia do mais troikista do que a troika numa medidas que até uim licenciado em direito na Lusófona à custa de equivalências duvidosas saberia que o corte dos subsídios a funcionários públicos e pensionistas é inconstitucional. Até o Cavaco os avisou mas como começa a ser hábito neste país ninguém lhe deu ouvidos, o que  se compreende, quando o Cavaco abre a boca já estamos à espera das suas teorias sobre as vacas da Graciosa.
  
É ridículo porque quando está em dificuldades recorre a personalidades que em condições normais deveriam estar escondidas dos portugueses. Chamar o pirralho da JSD para embirrar com o Mariano Gago porque adoptou a lei à base da qual o o Relvas é doutor é gozar com a inteligência dos portugueses. Encomendar uma entrevista a António Borges para este elogiar o primeiro-ministro como se estivesse a dar autorização a Passos Coelho para tirar a carta de condução é dizer que Portugal tem um primeiro-ministro que precisa de um ex-banqueiro promotor de negócios de produtos tóxicos para o promover.
  
É ridículo porque ao fim de um ano de autismo, de abuso, de excesso de austeridade, de desprezo pelo líder da oposição e sem reconhecer o falhanço da sua política vem apelar ao PS para o ajudar no próximo orçamento. Aquele que tanto desejou uma crise financeira para chegar ao poder está a experimentar o veneno que serviu ao seu antecessor e acha que em vez de o beber até à última colherada o serve à oposição em nome de um interesse nacional que durante um ano desprezou em favor dos fretes que combinou com os mais ricos.
  
Este governo é tão ridículo que começamos a achar que o único ministro que podemos designar como normal é nem mais, nem menos do que o sôr Álvaro. É a vingança do sôr Álvaro.