O jornal Expresso meteu os pés pelas mãos e logo os responsáveis da Universidade Lusófona e o ilustre dr. Relvas interromperam o merecido fim-de-semana para comunicarem às redacções que o ministro doutor autorizava a consulta do seu brilhante currículo académico e que iriam processar o Expresso por difamação dos pobres coitados.
É como se duas virgens ofendidas gritassem alto e bom som que iriam processar os ofensores porque podiam assegurar que tinham intactas as membranas dos ouvidos. Como se o que estava em causa era saber se nas tais quatro cadeiras em que as notas mais frequentes eram o 10 e o 11 houve ou não exame. Pela forma como as virgens académicas ofendidas reagiram poderiam levar algum distraído a pensar que o ilustre doutor Relvas é doutorado por Harvard e o Expresso lembrou-se de dizer que não.
Os negociantes de cursos da Lusófona e o ilustre dr. Relvas ainda não perceberam que o que está em causa não é o dez ou o 11 em quatro cadeiras da treta, é o país ter percebido que há doutores que tiveram de estudar menos do que um estudante que fez a matemática do 11.º ano. Estes senhores ainda não perceberam que o país está-se borrifando se este ou aquele palermóide com ar de doente de Alzheimer precoce é doutor ou é general, o que está em causa é o país ficou a saber o que já se sabia deste os tempos da Universidade Moderna (a tal que dava o Jaguar com que andava o Paulo Portas) que se sabe que há cursos universitários cujos diplomas nem deveriam ser aceites nos ecopontos, são tão tóxicos como os papéis do BPN.
O grave de tudo isto não é saber se devemos dizer dr. Relvas com ar sério ou com ar de gozo, com ou sem doutor o pobre homem ter uma cara que dá sempre vontade de rir. O grave é que num país com um governo que tanto fala em competitividade temos um ministro que é o exemplo da promoção da mediocridade, um governo que tanto fala em promover exames desde os berçários tem um ministro que só fez exames ao colesterol, num governo onde se foram buscar doutores ao estrangeiros temos um artista nacional que faz lembrar o velho spot televisivo da Pasta Medicinal Couto.
E como se tudo isto não bastasse o ministro da Educação continua caladinho que nem um rato, como se o seu ministério nada tivesse que ver com a qualidade dos canudos universitários que o seu ministério valida confirmando a qualidade e o rigor das instituições que os emitem. É grave que os alunos da Universidade Lusófona se reúnam para questionar a administração e que o ministério da Educação permaneça em silêncio, quando já devia ter ordenado uma auditoria à Universidade Lusófona. Ou será que o ministro Couto, o homem que tanto defende os exames, é agora a favor de canudos universitários oferecidos na Farinha Amparo?
Este país está a ser destruído por gente oportunista, enriquecem descaradamente à frente de todos, ignoram ostensivamente a Constituição e os tribunais e agora até já exibem canudos de doutor sem terem estudado. Ao mesmo tempo que se sacrifica um povo em nome da competitividade e acusando-o de ter comido em demasia vemos o espectáculo revoltante de gente que não vale nada a viver a nadar em dinheiro, a exibirem currículos dignos de doutores de Harvard enquanto exibem falsos canudos de universidades obscuras.