A forma como alguns governantes actuam não reflecte apenas
as suas opções políticas ou está condicionada por um programa político ou
eleitoral, parece resultar de ódio, parecem odiar o seu povo ou pelo menos
alguns sectores do seu povo, odeiam tudo o que cheire ao anterior governo e a
Sócrates, odeiam a democracia e as suas regras, odeiam a Função Pública, odeiam
as energias renováveis, odeiam as Novas Oportunidades, odeiam a Função Pública.
Sentiu-se ódio na forma como se difamara e destruíram as Novas
Oportunidades, no desprezo pela situação profissional dos que lá trabalhavam.
Tentou disfarçar-se o ódio com estudos de doutores do Técnico mas todos os
portugueses sabiam que depois da humilhação infligida por uma aluna da formação
profissional a Passos Coelho em plena campanha eleitoral as Novas Oportunidades
estavam condenadas.
Passos Coelho e Miguel Relvas nunca superaram alguma inveja
de Sócrates e tudo o que possa ser exibido como sucesso governamental do
anterior primeiro-ministro tem de ser destruído. Portugal estava a dar nas
vistas nas renováveis? Enxota-se a Nissan. As Novas Oportunidades eram
elogiadas pela OCDE? Destroem-se as Novas Oportunidades. Os indicadores da
educação eram elogiados internacionalmente? Investe-se no privado, aumentam-se
as turmas do público, desinveste-se na pedagogia e aposta-se nos exames. Obama
elogiou o combate à toxicodependência em Portugal? Asfixiam-se financeiramente
as instituições do sector. Portugal era exibido como exemplo de qualidade na
saúde pré-natal e nos partos? Encerra-se a Alfredo da Costa. Portugal terá que
ser um país novo, terminada a legislatura ninguém poderá encontrar pedra sobre
pedra, apenas obra de Passos Coelho que se comporta como os leões, quando
conseguem conquistar o estatuto de leões dominantes do bando a primeira coisa
que fazem é matarem as crias do antecessor.
Este ódio à democracia, esta forma desprezível de se
referirem às suas instituições como o Tribunal Constitucional faz lembrar o discurso
político dominante no Rossio dos anos setenta, a praça onde se reuniam os que
vieram de África e nunca aceitaram a descolonização e a democracia. Alguns
inscreveram-se em partidos ditos democráticos mas em privado sempre promoveram
o ódio e desprezo pela democracia.
Este ódio à Função Pública ou a tudo o que cheire a Estado é
muito mais do que uma opção liberal, os liberais não odeiam o Estado, podem
discordar do seu peso mas daí não resulta ódio às instituições ou aos que nelas
servem. Este ódio ao Estado é próprio de quem não estudou ou conseguiu títulos
universitários da treta e não conseguem conviver com os complexos de inferioridade,
não conseguem suportar não terem tido a possibilidade de concorrer a funções
públicas, até podem ser eleitos para o governo, mas num concurso para uma vaga
do Estado seriam humilhados, as suas habilitações são miseráveis e o seu nível
intelectual é deprimente. Até os que têm algumas habilitações cheira a frustração,
não se doutoraram onde queriam, desde que nasceram que mantêm um conflito com
os espelho, cheiram que tresandam a frustração.
Portugal não está a ser governado por um programa político e
se não fosse o memorando da troika nem se sabe muito bem como estaríamos,
estamos a ser governados por motivações pessoais que têm mais a ver com perfis
psicológicos do que com as necessidade do país.