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A mentira do dia d'O Jumento
A tribo Massai juntou-se aos que apelam a Miguel Relvas que estude. Os Massai não entendem porque Miguel Relvas insistem em não ir estudar se até as suas crianças já vão à escola e todos os doutores dos Massai cumpriram com os seus deveres d estudo. Os Massai acham que não basta andar a pastorear vacas, é preciso estudar.
Jumento do dia
A tribo Massai juntou-se aos que apelam a Miguel Relvas que estude. Os Massai não entendem porque Miguel Relvas insistem em não ir estudar se até as suas crianças já vão à escola e todos os doutores dos Massai cumpriram com os seus deveres d estudo. Os Massai acham que não basta andar a pastorear vacas, é preciso estudar.
Jumento do dia
Paulo Portas
Pires de Lima, dirigente do CDS e um dos grandes negociantes nacionais de bebedeiras, tem andado muito activo, principalmente desde que o Tribunal Constitucional decidiu mandar repartir os custos da crise. Começou por dar recados ao governo em matéria fiscal e já critica a presença de Relvas no Governo.
Paulo Portas já veio defender o que Pires de Lima mandou fazer em matéria de impostos, resta agora ter um pouco de coragem e em vez de atirar os portugueses contra os funcionários públicos atirar-se ao Miguel Relvas dizendo aos portugueses que ainda tem alguma coisa no sítio e que quem manda no CDS é ele e não o dinheiro das imperiais.
«O presidente do Conselho Nacional do CDS-PP disse, em entrevista à SIC Notícias, esperar que o caso Relvas seja "passageiros", mas que está a afetar a "reputação do Governo". Pires de Lima referiu ainda que falta coordenação política ao Executivo de Passos Coelho e sugere um aumento do número de ministérios.» [DN]
Embustes
«1Infelizmente, e para mal da democracia, o cidadão não acha particularmente grave que um político minta perante os seus representantes, como o Ministro dos Assuntos Parlamentares mentiu. Também para mal da comunidade, parece que o eleitor acha que jornalistas e políticos são todos areia do mesmo saco e não liga grande coisa a histórias de pressões e chantagens, como a célebre história entre o Ministro para a Comunicação Social e os jornalistas do Público.
Por maioria de razão seria normal que a questão da turbo-licenciatura de Miguel Relvas não incomodasse por aí além os portugueses. O facto da licenciatura de Miguel Relvas ter sido obtida da maneira que já todos conhecemos, e que nem vale a pena adjectivar, faz dele pior Ministro? Claro que não. Mas acontece que esta questão incomoda, e muito os portugueses. Se nao fosse assim, por que diabo assistiríamos a um autêntico levantamento popular contra Relvas como o que está a acontecer?
O argumento de que este Governo baseia grande parte do seu discurso no rigor e na exigência, que o Primeiro-Ministro trouxe a história do "piegas" a propósito da necessidade de esforço dos estudantes, que numa altura em que os pais fazem sacrifícios terríveis para pagar as propinas aos filhos alguém faz quatro exames e sai dr, pode explicar muita coisa, mas não parece que estas sejam as razões fundamentais para o profundo mal estar.
O ponto de viragem deu-se quando a opinião pública reconheceu em Relvas tudo o que a faz desconfiar, na esmagadora maioria das vezes injustamente, dos políticos. A sensação de que têm privilégios que não são justificáveis, que não estão expostos aos sacrifícios como os demais cidadãos, que têm uns amigos que resolvem o que quer que seja, que até um título de dr conseguem obter sem se aborrecerem. No fundo, que os políticos não vivem no mesmo mundo do cidadão comum.
O pior, no caso da turbo licenciatura, não é o reconhecimento de que há escolas que precisam de agradar a políticos que depois farão uns agrados a essas mesmas escolas pondo em causa o esforço de todos os seus estudantes. Não é termos um Ministro provinciano que acha que o dr lhe confere gravitas. Nem é desconfiarmos que Relvas e Passos Coelho são afinal um só e que não tarda alguém chamará Miguel Passos ou Pedro Relvas aos dois senhores. Não é sequer vermos um partido com a importância do PSD agachado perante o pior da máquina partidária. É sim a terrível contribuição que este caso traz para a ainda maior descredibilização da classe política. Nesta fase da nossa história poucas coisas podiam ser piores.
2É do conhecimento geral que as avaliações da Troi-ka à execução do memorando de entendimento têm sido boas. Durante a passada semana o FMI voltou a dizer que tudo corre ás mil maravilhas.
Se bem percebemos, por todos os dados disponíveis, as receitas fiscais diminuíram quando deviam ter crescido, o desemprego subiu para níveis inimagináveis, o financiamento à economia praticamente não existe, as rendas das parcerias público-privadas continuam na mesma e de reformas estruturais, fora a lei das rendas, rigorosamente nada. O défice, esse farol de toda a actividade governamental, esse compromisso que, segundo o Governo, obrigou a medidas que arrasaram por completo a economia, esse desígnio nacional a que tudo tinha de ser sacrificado e que foi anunciado como factor fundamental de avaliação do comportamento do Governo vai ser largamente excedido. O que diz a Troika? Está tudo óptimo! Uma implementação notável, disse o homem do FMI.
Temos, também, um discurso, digamos, curioso: o que diz que como fizemos tudo bem agora "merecemos" ser ajudados. Mas, onde estão as coisas bem feitas que ninguém as vê? Se estivesse a correr mal devíamos ser castigados? É assim, não é? Fizemos tudo bem e os números são os que conhecemos. O que seria correr mal?
A verdade é que estamos perante um gigantesco embuste. A Troika sabe que também errou em toda a linha. Sabe, e não é de agora, que o plano que negociou com os representantes do Governo de então, com o PSD e CDS não está a correr bem e não resultará, muito pelo contrário. A razão para a Troika dizer que está tudo bem, quando todos sabemos que está a correr tudo mal, é simplicíssima: a Troika entrou em modo auto-justificativo. No fundo, a Troika sabe que o falhanço governativo é também o seu próprio falhanço. Sabe que o falhanço do seu aluno dilecto, do bom aluno, é o falhanço de toda uma estratégia, é resultado dum equívoco sobre as origens da crise e da maneira de a resolver.
Não, quase nada está a correr bem, a Troika sabe-o melhor que ninguém.» [DN]
Pedro Marques Lopes.