segunda-feira, agosto 20, 2012

Conceito Olex de excesso de consumo



Consumir demais não é andar de Jaguar, Audi ou BMW comprado pela firma a título de custos dedutíveis da coleta e pagar as reparações e a gasolina com cartão da empresa. Consumir demais é comprar um FIAT Uno a prestações e andar seis anos a pagá-lo com dinheiro do ordenado.
  
Consumir demais não é levar a família do banqueiro em classe executiva passar as férias da neve nas melhores estâncias suíças. Consumir demais é a cabeleireira viajar com as varizes apertadas num voo charter para passar uma semana num resort da República Dominicana.
  
Consumir demais não é o grande empresário poupar o seu dinheiro e investir com subsídios do QREN para depois declarar a insolvência da empresa e continuar a viver dos seus rendimentos. Consumir demais é cair na miséria e viver com duzentos ou trezentos euros de rendimento mínimo.
  
Consumir demais não é reservar com antecedência o almoço num dos muitos restaurantes de luxo proliferaram na capital e pagar a conta com o cartão Visa da empresa para que o repasto seja deduzido dos impostos. Consumir demais é levantar 20 euros no Multibanco e levar o filho ao cinema comer pipocas e depois passar por um McDonald’s e dar-lhe um Happy Meal.
  
Consumir demais não é comprar numa das muitas lojas que abriram na Av. da Liberdade, desde a Louis Vuitton à Prada. Consumir demais é comprar um par de sapatos numa loja da Batta, que, aliás, fecharam com a crise
  
Consumir demais não é ser administrador de dezenas de empresas beneficiando de poderes ocultos no momento de influenciar o poder e assim ganhar dezenas de milhares de euros. Consumir demais é reformar-se aos setenta anos, receber uma pensão miserável e ainda ficar sem os subsídios.
    
A política de empobrecimento forçado imaginada pelo Gaspar e a que o Passos Coelho aderiu deslumbrado é a versão em política económica da teoria do Restaurador Olex, é uma política económica Olex que visa restaurar a sociedade tal como estava, os pobres devem ser pobres, comportar-se como pobres, ganhar consumir como pobres e nem ousar ambicionar deixar de serem pobres. Com esta política económica o governo pretende restaurar o modelo social primitivo, tal como o preto não pode andar de cabeleira loira também não faz sentido ver o pobre numa praia dominicana ou receber sem trabalhar, atributos que, como se sabem, são e devem continuar a ser atributos dos ricos.
  
Foi o Gaspar que um dia disse que a sua política económica tinha pressupostos ideológicos, hoje são evidentes não vale a pena andar no meio dos canhamaços de política económica para encontrar os fundamentos desta política. Ela não passa da transposição para a economia dos mais elementares valores da extrema-direita, isto não é uma política económica, é forçar a economia e a sociedade a ajustarem-se a preconceitos ideológicos de extrema direita explicados de uma forma muito simples no anúncio do Restaurador Olex.
 
O que é isso de os pobres terem desatado a ganhar mais uns trocos e a consumir coisas que até há pouco eram impensáveis? As consequências estão à vista e a recuperar a competitividade é endireitar o país, repor a normalidade, meter cada um no seu devido lugar.