Se há membro do
anterior governo que detestei foi Teixeira dos Santos, nunca o tive por
grande democrata, as suas previsões eram um desastre, a sua gestão da máquina
fiscal era um desastre. Mas quando pensava que pior seria impossível, eis que
sou surpreendido, é possível ser pior.
Ainda que ao contrário do que sucedeu com Teixeira dos
Santos não tenha a mais pequena razão para acusar o Gaspar de qualquer
perseguição, a verdade é que se o seu antecessor permitiu coisas vergonhosas
como perseguições judiciais a um blogger ou que os emails dos funcionários do
fisco tivessem sido vasculhados, Vítor Gaspar não tem hesitado em recorrer à
mentira para fundamentar as suas decisões mais importantes e a mentira é uma
característica própria de quem não gosta de democracia, porque democracia é
verdade e transparência.
As previsões de Teixeira dos Santos eram ridículas,
convencido de que conseguia vender o seu optimismo o ex-ministro passou o tempo
a errar. Mas com Vítor Gaspar os erros de previsão assumiram uma nova dimensão,
não só atingem dimensões inaceitáveis como a política orçamental assenta na
mentira desses erros que começam a parecer premeditados.
Teixeira dos Santos nada fez pela gestão do fisco a não ser
inventar um lugar de subdirector-geral para um conhecido e ainda deixou a Vítor
Gaspar a prenda da fusão da máquina fiscal. O actual ministro poderia ter
rejeitado a prenda da fusão e concentrar os esforços da máquina fiscal no
combate à evasão fiscal mas fez da fusão do fisco a sua obra emblemática. Os
resultados foram um desastre e Portugal não tardará muito a ter o estatuto de
país franco.
Teixeira dos Santos recuperou do défice herdado de Santana
Lopes e Durão Barroso e lançou uma reforma do Estado. Gaspar limitou-se a lixar
os funcionários públicos, o Estado não encolheu em nada, o regime que permite
às fundações privadas serem instrumentos da evasão fiscal está na mesma. Gaspar
nada percebe de Administração Pública, não passa de um bicho de bibliotecas,
desligado do mundo e da realidade para quem os seus concidadãos não passam de
algarismos.
Em tempos escreveu-se aqui que Teixeira dos Santos era o
prior ministro das Finanças desde o tempo da D. Maria II. Vítor Gaspar está a
conseguir ultrapassar todas as expectativas e já superou Teixeira dos Santos
nesse estatuto indesejável.